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Quarta revolução e os jovens

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Escrito por Eu Sem Fronteiras

Para o IBGE, são consideradas jovens as pessoas entre 15 e 24 anos. Entretanto, o Estatuto da Juventude amplia esta faixa etária até os 29 anos. Desde os anos 70, o número de jovens vem caindo. Segundo dados da instituição, eram 8,2 milhões. Ainda assim, o Brasil é uma pátria jovem. Em 1999, a população jovem representava 42% da população. Atualmente, o número de jovens supera os 50 milhões, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Ainda segundo o IPEA, o número ficará estável até 2022, depois começará a cair. Estima-se que em 2050, sejam 15 milhões de jovens a menos. No mundo, são mais de um bilhão e grande parte vive em países em desenvolvimento como Brasil, Índia, China e África do Sul.

Como o mundo vê os jovens

Cada vez mais, o mundo vê e escuta os jovens com atenção. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), por exemplo, sempre demonstrou interesse por eles. Fundada em 1946, a instituição possui vários programas voltados aos jovens. Esses projetos começaram ainda no final da Segunda Guerra Mundial. De 2010 a 2011, a UNESCO promoveu o “Ano Internacional da Juventude”. O evento teve por objetivo discutir iniciativas de respeito aos direitos humanos e sobre cultura e religiões. No periódico Correio da UNESCO, de julho-setembro de 2011, a organização reafirma seus compromissos com a juventude. Para ela, os jovens são “parceiros essenciais na criação de um mundo mais justo. O apelo da juventude é sempre um apelo à inovação, à invenção”.

Como os jovens mudaram o mundo?

O ano de 1968 foi importante para o mundo. Para os historiadores, foi o “ano que não acabou”. Política, cultura e comportamento entraram em ebulição. A juventude assumiu postura de protagonista nas mudanças que ela almejou. Nos Estados Unidos, os protestos eram contra a segregação racial, a morte do pastor Martin Luther King e a participação do país na Guerra do Vietnã. Os jovens repudiaram o ataque com bombas de napalm, na Indochina. O discurso do movimento hippie, nascido em 68, sobre a guerra, era esse: “Se a sociedade americana era capaz de cometer um crime daquele vulto, atacando uma pobre sociedade camponesa no sudeste asiático, ela deveria ser rejeitada”.

Os jovens europeus também estavam insatisfeitos. A juventude francesa gritou “É proibido proibir”, “Sejam realistas, peçam o impossível” e “Abaixo a sociedade de consumo”. Estudantes parisienses protestaram contra o conservadorismo acadêmico. Eles ocuparam a Universidade de Nanterre e foram brutalmente contidos pela polícia. Os alunos da Universidade de Sorbone e a população como um todo repudiaram a violência policial e apoiaram os estudantes de Nanterre. A insatisfação contra o governo do presidente Charles de Gaulle entrou na pauta das manifestações. Os franceses decretaram uma greve geral e 10 milhões aderiram a ela. Por 24 horas, foi suspensa a circulação de metrô e trens, e os operários cruzaram os braços.

No Brasil, o Ato Institucional nº 5 (AI-5) mobilizou a juventude. A morte do estudante Edson Luís, no restaurante Calabouço, frequentado por universitários, foi o estopim dos protestos. Em junho, movimentos estudantis, artistas, intelectuais, padres e mães se encontraram na Candelária (centro do Rio de Janeiro) devido à morte do estudante. Esse protesto ficou conhecido como a Passeata dos Cem Mil. O general recebeu os manifestantes e o diálogo deixou neles a sensação de que a repressão estava com os dias contados. Entretanto, o AI-5 ganhou força e novas manifestações aconteceram. O 30º Congresso da União dos Estudantes em Ibiúna (interior de SP) terminou com 800 estudantes presos. O AI-5 durou até 78 e terminou com vários exilados e mortos cujos corpos nunca foram encontrados. O movimento estudantil em 68 foi fundamental para a democracia que vivemos hoje.

Como os jovens continuam mudando o mundo?

O “Ano Internacional da Juventude” aconteceu em plena Primavera Árabe. A Primavera Árabe deu origem a protestos contra governos do mundo árabe, em 2011. O estopim foi quando as frutas do vendedor tunisiano Mohammed Bouazizi foram apreendidas por um agende municipal. Bouazizi reagiu, apanhou e depois colocou fogo em seu corpo. A população protestou contra isso e também contra a instabilidade econômica, desemprego, alto preço dos alimentos e a falta de democracia. Egito, Tunísia, Síria, Líbia, Barein e Iêmen foram os cenários desses protestos que levaram milhões de pessoas para as ruas.

Os jovens tiveram importante participação. A internet foi o que mobilizou as pessoas. A estudante tunisiana Emna Fitouri ficou sabendo de uma manifestação pelo Facebook. Ela e os amigos combinaram encontro na frente do Ministério do Interior, em 14 de janeiro. Foram três dias de protestos na avenida Habib Bourguiba e na praça da Kasbah, no coração de Túnis. As manifestações ficaram conhecidas como “manifestações Facebook”, porém, Emna considera que isso deprecia o movimento. Ela ressalta que a rede social foi apenas uma ferramenta para chamar a população pela briga por melhores condições de vida.

No Brasil, o jovem também saiu às ruas. Os protestos em 2013 contra a corrupção e que reivindicavam melhorias nos serviços públicos tiveram participação maciça dessa turma. A juventude brasileira também prova que a rebeldia tem várias causas. Cansada de assistir passivamente, garotas e garotos colocaram seus blocos nas ruas e gritaram. E gritaram muito. Eles sentem que não são levados a sério, mesmo o Brasil sendo um país jovem. Segundo pesquisa da Secretaria Nacional de Juventude (SNJ), realizada com 3,3 milhões de pessoas, entre 15 e 29 anos, em 187 municípios, 45% afirmaram que as manifestações “podem melhorar as coisas no Brasil” e 44% querem políticas efetivas de apoio à juventude, para impedir o envolvimento com drogas e crimes. A juventude também participou das manifestações de 2015. A corrupção mais uma vez foi o tema. Nesses protestos, a palavra de ordem era impeachment. A população exigia a queda da presidente.

O papa Francisco deu sua opinião sobre a participação dos jovens. O pontífice declarou que a juventude precisa continuar sendo a protagonista das revoluções. Ele pediu para que a apatia seja superada, pois “no coração jovem de vocês, existe o desejo de construir um mundo melhor”. É cada vez mais claro que os jovens estão antenados aos acontecimentos. Eles leem jornais, assistem telejornais, contudo, a internet é a principal fonte de informação e instrumento para conclamar outros para saírem às ruas. Eles adquiriram um grau de consciência sem volta.

Revolução Industrial

Mas, o que ela tem a ver? Tudo. Muitos jovens lutaram contra os abusos dos patrões. Essa revolução começou no século XVIII com a mecanização do sistema de produção industrial. A Inglaterra foi o país de maior destaque. Reservas de carvão mineral eram a fonte de energia para fazer as máquinas e os trens a vapor. O país ainda era rico em minério de ferro. As fábricas eram mal iluminadas, abafadas e sujas. A carga horária chegava a 18 horas por dia, sem direito a descanso semanal. As igrejas protestavam contra o trabalho aos domingos. Os patrões dizimavam os dias santos. Onde os aprendizes folgavam às segundas-feiras, os donos das fábricas não poupavam esforços para acabar com a “regalia”. O salário era muito baixo e ainda havia castigos físicos. O desrespeito dos industriais ingleses chegava ao cúmulo de empregar mulheres e crianças.

Quarta revolução industrial

A quarta revolução industrial também é conhecida como “Indústria 4.0”. Ela consiste em conectar qualquer objeto à internet. Os robôs e a impressão 3D também são elementos dessa revolução industrial, assim como a nanotecnologia . Ela consiste na produção de estruturas e materiais por intermédio dos átomos. A nanotecnologia trabalha com estruturas cujas médias variam de 1 a 100 nanômetros em pelo menos uma dimensão.

Esta nova revolução, que é considerada um novo sistema de produção, surgiu na Alemanha. Ela foi apresentada em 2013, por um relatório do Grupo de Pesquisa da Indústria 4.0, composto por especialistas em inteligência artificial, donos de indústrias, economistas e acadêmicos. O sistema deixou a indústria alemã ainda mais competitiva. O grupo pesquisou 278 empresas e descobriu que 131 já aplicam o conceito de “Indústria 4.0”.

Na indústria 4.0, sistemas ciber-físicos, os CPS (Cyber Physical-Systems) integram máquinas com a mão de obra humana. Os CPS produzem mais em menos tempo e com poucos erros. Os métodos de produção ainda podem ser alterados a qualquer momento, mediante estatísticas. Outra vantagem é a economia de energia aos fins-de-semana e feriados. Como os sistemas ciber-físicos permitem a programação da linha de produção, é possível determinar quando a fábrica estará ativa. É como a programação que os atuais modelos de televisões possuem para desligarem sozinhas. O conceito de “fábrica inteligente” chegou aos Estados Unidos. O país criou em 2014 o Consórcio de Internet Industrial. IBM, Intel, AT&T e a General Electric integram este comitê.

Como está o Brasil?

Muito atrasado. Robert Wayne Jones, vice-presidente da Siemens PLM Software para a região da Américas, declara que o Brasil precisa encarar a digitalização como algo importante para a competitividade industrial. Jones afirma que o país precisa criar e disponibilizar políticas para absorção de tecnologias por todos os setores de produção.

E os empregos?

A quarta revolução industrial revoluciona as indústrias. Teoricamente, a tecnologia “salvará” os funcionários de tarefas repetitivas. Os trabalhadores poderão executar suas funções em casa, pela internet. Automatizar a produção coloca os empregos em risco. Relatório divulgado no Fórum Econômico Mundial de 2016 afirma que 5 milhões de pessoas ficarão sem emprego em cinco anos.  O documento relata que, desses 5 milhões, 52% são homens e 48% mulheres.

A automatização industrial é irreversível. Mas o que fazer para não ficar sem emprego? Já ouviu falar do ditado: “Se você não pode com o inimigo, junte-se a ele”? Lutar contra a tecnologia é perda de tempo. Alimentar pensamentos negativos também. Então, use-a ao seu favor, faça dela o seu diferencial, aprendendo a lidar com essa linguagem.

Os jovens não têm medo da quarta revolução industrial. Os protagonistas de tantas revoluções encaram esse desafio como uma oportunidade. Pesquisa feita pela Infosys, empresa indiana de tecnologia da informação, aponta que a juventude está preparada. Foram entrevistadas pessoas da Índia, Brasil, África do Sul, Grã-Bretanha, França, Austrália, Alemanha e China. Responderam a pesquisa mil jovens de cada nação, com idades de 19 a 25 anos. Quer saber as ferramentas para encarar a ultra modernização industrial? Confira:

Otimismo

A juventude está otimista com a vida profissional. Os brasileiros provam isso: 34% declararam ser otimistas e 40% disseram ser muito otimistas. Índia e África do Sul são países que também possuem boas expectativas com a carreira.  

Adquirir habilidades

Aprender a administrar o tempo é a campeã. Em seguida, vem a comunicação verbal, trabalho em equipe, pensamento crítico e conhecimentos técnicos da área de atuação. Para as mulheres, isso está muito mais claro. África do Sul, Austrália, Brasil e Alemanha lideram o quesito.

Dominar a tecnologia

Será complicado encontrar emprego sem ter conhecimentos tecnológicos. Brasileiros, australianos, americanos, chineses e ingleses assinam embaixo.

Aprender a ciência de dados (Big data)

Quem vive em países em desenvolvimento são os maiores interessados. Os indianos mostraram bastante interesse. Ironicamente, os alemães não estão muito entusiasmados. Na Alemanha, o Big data ficará por conta de empresas no Vale do Silício, segundo o Ministro de Economia da Alemanha, Sigmar Gabriel. O Brasil está em 4º lugar, com 28% de interesse.

Aprender a desenvolver aplicativos

Mais uma vez, os indianos lideram. Sul-africanos e brasileiros também querem aprender. Se depender desse entusiasmo, surgirá um mar de aplicativos incríveis.

Dominar linguagem de programação

Índia, África do Sul e Brasil concentram os mais interessados. Austrália e Alemanha ocupam o último lugar.

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Boa parte do que apresentamos já está bem perto. Ter conhecimentos tecnológicos é exigido até para quem não trabalha no ramo. Dominar a linguagem de programação é realidade, pasmem, para crianças e adolescentes. Aplicativos são desenvolvidos por quem ainda nem saiu das fraldas. A tendência é que as informações e as inovações voem. Daí a importância de estar sempre atualizado. Não espere que as revistas ou sites tragam o que será novidade. Vá atrás do que acontece no mundo e aprenda. Ser um profissional com iniciativa será um diferencial. Por mais que as máquinas trabalhem mais e mais rápido, elas precisam de um humano para funcionar com toda a velocidade. Que tal essa pessoa ser você? Está em suas mãos ser o profissional que a quarta revolução industrial precisa.


Texto escrito por Sumaia Santana da Equipe Eu Sem Fronteiras.

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