Chego na minha turma de segunda, aos poucos os alunos vão chegando também, estendendo seus tapetes, formamos uma roda, dou três toques no sino tibetano e começamos.
Hoje nós vamos falar sobre Svadhyaya, quarto Niyama, que pode ser traduzido do sânscrito como autoestudo, autoconhecimento.
Peço que alguém se proponha a responder à pergunta:
“Quem é você?”
A primeira voluntária me responde:
– Sou uma pessoa que não termina as coisas.
A segunda diz:
– Sou casada, tenho dois filhos, e coitado do meu marido, passo o dia dando bronca nele, sou muito brava.
Todos rimos…
Começo então com a metáfora da cebola. Imagine que somos uma cebola…
Nas primeiras camadas vão os rótulos: sou assim, sou assado. Algum dia na vida escutamos alguém dizer algo sobre nós, então nos apegamos a isso como uma verdade inquestionável e nos comportamos de acordo com isso, se alguém diz algo, justificamos, “eu sou assim”.
E os papéis?
Mãe, pai, avô, avó, filho, filha, irmão, irmã, chefe, empregado, aluno, professor, amigo, marido, esposa…
Imagine que cada papel que você exerce seja só mais uma camada dessa cebola.
Nós nos descrevemos através destes rótulos e papéis.
Mas vamos pensar um pouquinho, você sempre foi você, porém nem sempre foi mãe/pai, ou chefe/empregado, ou esposa/marido. Se de repente seus pais já não estão aqui, e você já não é mais filho(a), você não deixa de ser você, certo?
Tudo isso, na verdade, são papéis que você exerce na sua vida. Tanto que às vezes a sua personalidade até muda de um papel para o outro. O você mãe/pai é diferente do você amigo(a), por exemplo.
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No yoga, existe uma busca por trás de todos estes “eus”, como se a cada expiração fosse possível descascar um personagem.
Então, ali no coração da cebola, existe uma essência.
Ela é comum a todos nós, alguns só têm mais camadas para retirar.
Lá no fundo todo mundo só quer ser feliz. Todo mundo é bom e tem compaixão pelo próximo. Lá no fundo…
…Então, pratique-a!
Hari Om.