Capítulo 2 – QUANDO PROTAGONISTA E DIRETOR DE CENA SÃO A MESMA PESSOA
Precisava de uma espécie de arrancador para a lavra desse livro, cujo título e essência há muito estavam guardados num canto quieto da minha mente. Numa dessas navegadas despretensiosas pelo Facebook e sua miríade de imagens e mensagens que apenas passam diante dos olhos e logo são postas de lado, topei com a mensagem que encabeça essa página. Gostei muito dela e a guardei. E decidi usá-la mais para fechar o texto que por chamar a atenção na abertura. Aí mudei de ideia e, bem, ela está encabeçando o texto e confesso que ainda estou em dúvida sobre o melhor lugar para sua inserção. Chegaremos lá…
O livro foi avançando e resolveu sair da minha cabeça para as linhas desse texto e colocar-se a serviço dos (as) leitores (as) que possam, eventualmente, estar hesitando entre começar, recomeçar ou seguir recomeçando. Bem…creio ser melhor registrar o que vim evitando desde a letra “p” que começa a primeira palavra desse capítulo: muita gente não sai da primeira e última tentativa de recomeço apenas porque:
- Acredita que recomeçar é arma de um só tiro: disparado, errou…e sem chance de outro! Grande bobagem, coisa de filosofia de botecos ordinários…
- Começa mal a história que vai escrever: nem sabe qual será o seu final. Bobagem maior ainda,porque ninguém chega onde não queira…
- Atua num dado recomeço de forma burocrática, à semelhança de tudo que se faz… Por fazer. Bobagem das mais sem sentido, porque fazer por fazer é a mesma coisa que entregar a vida e suas possibilidades à repetição de erros e lhe retirar qualquer nuance de sabor.
- Carrega sentimentos de culpa desnecessários, sequelas do recomeço infrutífero. E essa é grande e definitiva bobagem!
Para um recomeço PARA VALER, sugere-se que a pessoa deixe de se punir e impedir o ser feliz, como fica evidente nas frases terríveis e dispensáveis:
“É…é complicado!”
“Não era para ser, então…”
“Que fazer né?…”
A primeira é a desculpa própria de quem não entende até porque a pipoca pula no óleo quente, além de ser clichê dos que usam o cérebro apenas para decorar inutilidades. Cada vez que ouço uma pessoa dizer “É…é complicado!” dá-me vontade de dizer que complicado mesmo é o desperdício de material genético…
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A segunda é a justificativa que acalma qualquer sentimento ruim que tenha sobrado de uma ou outra tentativa sem força, sem viço e que, é claro, não resultaram em nada mais que nada ou em mais desesperanças combinadas com nutridos sentimentos de fracasso …
A terceira frase é de lascar! Não existe rendição mais besta e sem graça do que o seu real significado. Meu amigo Batatinha, também conhecido como Luis Carlos de Almeida Chaves, o saudoso Batatinha, dizia para o sujeito que soltava essa lástima: “Já experimentou pular do vão livre da Ponte Rio/Niterói?” Sempre jocoso, em face do seu insuperável senso de humor combinado com inteligência cortante, o meu amigo deixava o interlocutor com cara de bocó e seguia adiante, murmurando: “Que cara desagradável!”
Para um recomeço PARA VALER, cabem melhor às frases:
“Agora vai, nem que a vaca tussa ou espirre a coruja!”
“Até agora foi treino, daqui pra frente é para valer!”
E a melhor delas: “Chega de ‘era uma vez’ e vamos para ‘é dessa vez!'”