Capítulo 6 – SE NÃO TEM TU, VAI TU MESMO!
“O nosso negócio é recomeçar todos os dias, com força total e mesmo sem ela.” – Lisbeth Resende Paulinelli Seba, Consultora Formadora na Educação Corporativa
Abertura de seminário, 08:30 hs do dia 22 de outubro de 2014, em Goiânia, GO.
Ouvi essa frase logo nos primeiros minutos de um seminário em Goiânia, GO, e anotei porque intuí, naquele momento, que seria útil mais uma vez, além do seu efeito na abertura do evento, em que eu dividia a regência com a citada profissional. Hoje, eu a utilizo para ser uma espécie de madrinha desse trecho. E ela, cabe, portanto na sustentação de uma realidade nesse enorme desafio de recomeçar…para valer! Ocorre que recomeçar não é tiro que se dispara uma só vez: se acertar, ótimo, mas se não, aí mesmo é que a porca torce o rabo! Será preciso efetuar uma série de disparos, para ir calibrando rumos e trajetória, até que se encontre o caminho certo, e aí é só acelerar e dar início ao júbilo do recomeço!
Pode ser que o recomeço “trave”: a arrancada pode não ter sido com a potência necessária ou o peso do que se abandona ainda seja grande demais ou o que é muito pior, pode ocorrer que as forças reativas, no sentido contrário da decisão e da ação de recomeço, venham a ser poderosas demais.
Recomece. Re-recomece. Re-re-recomece, mas não pare. Com força total ou sem força alguma, todos os dias tudo recomeça: nosso Planeta em torno do próprio eixo a cada ciclo de 24 horas é um modelo inspirador. Nisso, a natureza tem algo a nos dizer. E nós a aprender.
Recomece, mas não volte ao que era, não ceda diante deste ou daquele impulso por abandonar o sonho de refazer trajetórias. Isso ficou muito claro para mim quando, assistindo um jornal televisivo em São Paulo, cobrindo um incêndio na favela do Piolho, vi as imagens e a locução de uma moradora no local, que olhava desolada para seu cantinho reduzido a cinzas. Perguntada sobre o que faria, diante da perda de tudo, aquela valente senhora disse para o repórter: “Recomeçar meu filho, como fiz nas outras três vezes em que perdi tudo aqui mesmo. Recomeçar até não precisar mais, né? Difícil demais, mas o que se há de fazer?” Nunca soube o nome da referida senhora, mas guardei comigo uma pungente lição de vida e prometi a mim mesmo que a utilizaria na primeira oportunidade que tivesse para provocar em quem precise o recordar-se que “fibra” e “coragem” não são exclusivos dos aclamados pela mídia, sempre faminta por a quem louvar: a citada senhora, todas as honras lhes sejam feitas, provou, na dor e na perda, que recomeçar é o que vem após…se assim for decidido.
Todos os dias, com força total ou sem ela, mas recomeçar, não largar o osso, permito-me acrescentar! Se estiver com força total é mergulhar fundo nas ações que levarão ao efetivo recomeço, e à falta dela, não se engane porque ainda assim será possível um recomeço, nesse caso com muito esforço, mas SEMPRE o recomeço.
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Naquele dia de outubro, dez a seguir do meu aniversário, a consultora que dirigia os trabalhos no evento ”mexeu” muito com os participantes do curso, comigo também, sendo que, de alguns deles no intervalo do café, onsegui colher uma impressão que neles ficou, mais ou menos assim: “O que a professora disse é que a gente queira ou não tem mesmo é que tocar a bola pra frente, é ou não é?”
Guardei a manifestação daquele jovem profissional de vendas, e algum tempo depois, não sei precisar quanto, aconteceu outro aprendizado sobre ter que recomeçar, com energia total ou sem nenhuma: uma extensa reportagem sobre os refugiados dos países massacrados por guerras internas e os relatos de milhares de pessoas sem lar, sem dinheiro, sem alimento e água, com frio, sem nada mais que a roupa que pudessem vestir e carregar e sem mais força alguma, diante de ter que recomeçar, porque não havia alternativa. Alguns dos entrevistados disseram que todos os dias buscavam forças onde não tinham e assim eram suas pobres e maltratadas vidas.
Então veio-me o momento de praticar o que havia aprendido: por volta das duas da tarde perdi o arquivo em que trabalhava desde cinco da manhã, por causa de uma corrupção no HD do meu vetusto notebook e tendo uma data de aprontamento apalavrada, o que é mais que sagrado para mim. Muito cansado, muito mesmo, sem energia alguma, decidi recomeçar a produção do texto, não sem antes me permitir saborear um potão de sorvete de chocolate com menta e dizer para mim mesmo: “Agora essa história de recomeçar sem ter energia é comigo, aliás uma boa oportunidade para saber um pouco mais sobre minha fibra!” Quando o relógio à direita da tela do note book mostrou ser 23:00 horas o texto estava pronto e nem me dei conta se estava ou não com energia porque não deu tempo: alguns passos e já estava dormindo antes de tocar os travesseiros com minha laboriosa cabeça. Foi bom para mim: não tinha ninguém para me instigar e nem aplaudir, a não ser a frase da consultora, a imagem da face da senhora da favela do Piolho e o brilho nos olhos dos refugiados da guerra civil na Síria.