Mas de fato, só pude vivenciar estes aspectos quando me reconectei ao sangue menstrual, quando iniciei o ritual de Plantar a Lua, quando passei a devolver o sangue para a terra e compreender que, de uma maneira intuitiva, restabelecia o diálogo esquecido com a sabedoria da natureza feminina. Eu não imaginava a grandiosidade da transformação que viveria na jornada que é habitar um corpo feminino, carregar um ventre e compreender o meu papel na sociedade enquanto mulher.
As experiências de dor são dotadas de um potencial ilimitado para transformações profundas. Foi através de um relacionamento psicologicamente abusivo que despertei para a questão do sangue e do plantio da lua. A partir daquele momento, visitei três esferas da consciência durante quatro anos, onde intuitivamente, através de canções canalizadas no chuveiro, aprendia lições sobre a relação com o corpo e a autoestima, a sexualidade e crenças inconscientes, a imagem de mãe e reconciliação com a ancestralidade.
No fim de 2016, iniciei um curso de pós-graduação voltado aos Estudos de Paz e a Transformação de Conflitos com ênfase em Equilíbrio Emocional, em Florianópolis, com apoio da Cátedra de Paz de UNESCO, da Universidade de Innsbruck, Áustria. Foi uma grata surpresa, não imaginava aprender com Wolfgang Dietrich, diretor da Cátedra, sobre as Cinco Famílias de Pazes e compreender a história da humanidade com alguém que vivenciou e mediou grandes conflitos.
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Entre as muitas ‘PAZES’, a Paz Energética me chamou atenção. Estava diante dos meus olhos o conhecimento de tempos em que a humanidade era regida pelo princípio da harmonia, pelo feminino e colaboratividade, pela Grande Mãe.
Primórdios repletos de rituais, estátuas, imagens, onde a Paz e a Prosperidade nascia da sensação de ser alimentado pela Mãe Terra, a mesma sensação que experimentamos de receber a vida e sermos alimentandos pela mãe e seio feminino.
Contudo, tive clareza que transformar os próprios conflitos, plantando a lua, apaziguaria de fato a guerra interna da não aceitação, da baixa autoestima, iluminando os valores da Gratidão, o Amor-Próprio e a Autoconfiança. Senti que as canções canalizadas vinham de uma consciência maior, do coração da Grande Mãe que todas as mulheres habitam.
A este processo de visitar os três portais (relação com o corpo e autoestima, sexualidade e crenças inconscientes e a reconciliação com a ancestralidade), dei o nome de “A arte de sangrar e NÃO fazer guerra”, sendo a inspiração e o título do trabalho de conclusão de curso que discorro com mais profundidade.
Enquanto Agente de Paz, minha visão é que Plantar a Lua é o meio, a ação prática que transforma conflitos de maneira simplificada, profunda, acessível, realmente empoderadora por ser incorporada, e carrega o potencial de uma mudança revolucionária na sociedade, uma vez que as mulheres não estariam mais separadas de seus corpos, mentes e almas.
Em um futuro não muito distante, sonho em ver este conhecimento se tornando Política Pública. Prossigo levando o propósito de disseminar esta consciência e as canções para que mais corações femininos despertem.