Você já sentiu que alguma vontade ou desejo seu foi deixado de lado por te causar vergonha ou por medo da reação das pessoas? Já sentiu um sentimento intenso, como uma raiva ou uma agressividade incontroláveis, que sentiu que vinha lá do fundo mesmo? É sobre isso que trata o livro “Ao Encontro da Sombra”.
Esta obra, organizada por Connie Zwei e Jeremiah Abrams, reúne 65 artigos com insights sobre o conceito de sombra desenvolvido pelo psiquiatra e psicólogo suíço Carl Jung. Assim sendo, é uma obra que joga luz sobre o nosso inconsciente e sobre tudo aquilo que reprimimos ou não sabemos ou percebemos que somos.
Antes de mais nada, entenda o conceito de sombra. Em seguida, confira reflexões do livro “Ao Encontro da Sombra” para compreender a sua sombra!
Conheça essa obra e as poderosas reflexões que ela pode suscitar
O que é a sombra?
O conceito de sombra abordado neste artigo é aquele criado pelo psicólogo e psiquiatra Carl Gustav Jung, idealizador da psicologia analítica, também conhecida como psicologia junguiana.
De acordo com Jung, todos temos um “lado sombra”, que ele chama também apenas de sombra, que é o lado oposto ao nosso ego consciente. Ou seja, oposto àquilo que somos na superfície ou tentamos ser. Jung afirma que essa sombra tem algo de animalesco ou instintivo, primitivo;
A sombra, portanto, envolve todas as atividades, sentimentos, pensamentos e desejos que podemos (ou que a sociedade pode) considerar violentos, imorais, sujos, agressivos, vergonhosos, entre outros adjetivos.
Segundo Jung, é essa sombra que nos leva a agir de uma forma que, conscientemente, não nos permitiríamos. Por exemplo: quando “explodimos” e xingamos alguém, pedimos desculpa dizendo que sentimos algo “além do controle”. E esse algo além do controle é que é a sombra.
Outros lados da sombra
Mas nem só de negatividade é feita a sombra. Além disso, como escreveu Jung, é da sombra que vem nossa espontaneidade, nossos insights, nossa criatividade, a profundidade das nossas emoções e tudo aquilo que surge de súbito, de lugares “profundos”, que não conseguimos identificar.
Além de apresentar o conceito de sombra, Jung defende que precisamos fazer o máximo para conhecer a nossa sombra, porque ainda que não possamos evitar que ela existe, esse autoconhecimento permite entender quem somos profundamente, não só na superficialidade.
Por fim, Jung também diz que a nossa sombra, seja o aspecto positivo ou o negativo dela, costuma ser projetado em outra pessoa. Ou seja, costumamos sentir antipatia, inveja, entre outros sentimentos negativos por pessoas que são exatamente aquilo que somos profundamente ou que nos fazem pensar em nossa sombra com frequência.
Reflexões sobre a sombra
Dessa forma, o livro “Ao Encontro da Sombra” traz muitos insights a respeito do conceito de sombra apresentado por Jung. Separamos alguns trechos dessa obra para você entender na prática o que significa a sombra e como podemos nos relacionar com ela. Confira:
“Todo homem tem uma sombra e, quanto menos ela se incorporar à sua vida consciente, mais escura e densa ela será. De todo modo, ela forma uma trava inconsciente que frustra nossas melhores intenções.”
De acordo com o autor, conforme descobrimos nossa sombra e o que a compõe, menos riscos corremos de sermos afetados por ela e de ela frustrar quem somos e o que fazemos. Portanto conheçamos nossa sombra, em vez de permitirmos que ela permaneça desconhecida e, portanto, perigosa.
“Por mais que queiramos negar, somos imperfeitos. E talvez seja naquilo que não aceitamos em nós mesmos — a nossa agressividade e vergonha, a nossa culpa e a nossa dor — que descobrimos a nossa humanidade.”
Sempre que cometemos um erro, justificamos com “não sou perfeito”. Mas precisamos entender a fundo esse conceito: é nas nossas falhas, nos nossos medos, nas nossas culpas e nas nossas vergonhas que se encontram nossa imperfeição e, consequentemente, nossa humanidade.
“Revelar o lado escuro da natureza humana tem sido, então, um dos propósitos básicos da arte e da literatura. Como disse Nietzsche: ‘Temos arte para que a realidade não nos mate.’”
Quem nunca se pegou recorrendo a um filme, a um livro ou outra obra de arte diferente para exprimir algo que não conseguia colocar em palavras ou para “fugir” da realidade um pouquinho? A arte, no fim das contas, não nos salva, mas definitivamente torna nossa vida mais “vivível”.
“No templo de Apolo, em Delfos, os sacerdotes gravaram na pedra duas famosas inscrições. O primeiro deles, “Conhece-te a ti mesmo”, tem ampla aplicação neste livro. Conheça tudo sobre você mesmo, aconselhavam os sacerdotes do deus da luz. Poderíamos dizer: Conheça especialmente o lado escuro de você mesmo.”
Autoconhecimento não é só saber aquilo que te faz bem, aquilo que faz você sorrir e ser feliz. Autoconhecer-se envolve também explorar e analisar os seus medos, as suas limitações, as suas falhas e as suas vergonhas. Somente conhecendo sua sombra é que você pode iluminá-la (ou se acostumar a estar no escuro).
“O objetivo de encontrar a sombra é desenvolver um relacionamento progressivo com ela e expandir o nosso senso do eu alcançando o equilíbrio entre a unilateralidade das nossas atitudes conscientes e as nossas profundezas inconscientes.”
Muitas vezes, quando damos de cara com nossos erros, falhas e imperfeições, o impulso inicial é correr e tentar “resolver”, tentar corrigir em busca de uma perfeição inalcançável. E se, em vez disso, fizéssemos as pazes com essa sombra e encontrássemos uma maneira de conviver com ela?
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Enfim, estas foram algumas reflexões extraídas do livro “Ao Encontro da Sombra”, que aborda a maneira como nosso inconsciente e nosso consciente lidam com nossos medos, vergonhas, fracassos etc. O conselho que fica é: quanto mais você conhecer o que te assusta ou envergonha, menos poder isso terá. Conheça sua sombra!