Beltane é a Festa da Primavera, comemorada no primeiro dia de maio (Hemisfério Norte). Os celtas também a chamavam de Beltain ou Bealtaine.
A partir de Beltane, o Sol prevalecerá, trazendo consigo a fertilidade em todo o seu vigor. Campos e florestas estão cheios de vida e é reverenciada a união dos opostos: o casamento sagrado da deusa e do deus célticos.
Essa união sagrada representava a própria criação do Universo. Nas aldeias costumava-se acender duas fogueiras, lado a lado, no topo de uma colina; por entre elas, passavam pessoas e animais, acreditando estar se purificando de energias negativas e se fortalecendo contra doenças. Depois, o fogo – que foi mantido aceso durante o inverno – poderia ser apagado, pois o Sol afastaria o frio.
Tudo era renovação. Os celtas também faziam oferendas, queimando-as. As festividades da primavera também incluíam danças e banquetes nas comunidades. Como era uma celebração da fertilidade, a licenciosidade estava presente nessas ocasiões.
A palavra Beltane se refere ao deus Bel, a face radiante do próprio Sol, em pleno vigor da juventude. A deusa é coroada como a “Rainha de Maio”. Coroas de flores eram trançadas e enfeitavam as portas e janelas das casas. Erguiam o “mastro de Maio” para dançar ao seu redor, enrolando fitas coloridas e fazendo pedidos. Geralmente as mulheres dançavam em volta do mastro em um sentido, enquanto os homens dançavam na direção oposta. Esse costume permanece em algumas localidades da Europa e dos Estados Unidos. Em Portugal, a Festa das Maias (“maias” são como são chamadas as coroas de flores) é ainda celebrada em algumas regiões, vestígio de antigas comemorações celtas.
No calendário celta das árvores, o mês de maio se inicia sob o signo de Saille (salgueiro), do dia 1º até o dia 12; a árvore que rege do dia 13 em diante passa a ser Huathe (espinheiro-branco, também chamado de pilriteiro).
Saille era considerada uma árvore de encantamento, de polaridade feminina, associada à criação, à Lua e à água, protegendo os poços sagrados. Porém, trazia também dentro de si uma conotação ligada à morte, no sentido de um fim lógico para a vida. Saille trazia a inspiração para os sonhos, poesia, música e encantamentos mágicos. Em inglês, seu nome é “willow” e alguns estudiosos acreditam que a palavra para “bruxa” (“witch”, em inglês) deriva dessa árvore. As varinhas de condão usadas pelos druidas feitas com sua madeira eram consideradas muito poderosas.
Saille ainda podia ser usada pelos sacerdotes em magias para cerimônias de cura.
Huathe também era considerada uma árvore sagrada pelos celtas, habitada pelas fadas e relacionada ao lado masculino e indomado da natureza. Se alguém cortasse um dos seus galhos ou colhesse suas flores e a levasse para casa, toda a comunidade iria sofrer graves consequências. Somente na véspera de Beltane seus galhos poderiam ser cortados. Um espinheiro-branco crescendo no alto de uma colina era sinal da existência de um portal para o mundo das fadas; várias histórias se referem a sequestros e reaparecimentos de pessoas, passados vários anos depois. Por ter diversos espinhos em seu tronco, Huathe era uma árvore associada à proteção. Assim, uma fogueira acesa com seus ramos afastaria qualquer energia maligna. Huathe tem uma conotação dual: por um lado, repelir; e por outro atrair a admiração pela beleza de suas flores.
Vemos assim que essa festividade era repleta de simbolismos e se compunha pela união entre os opostos: feminino e masculino, Lua e Sol, fogo e água. Assim, os celtas conseguiam expressar a sua compreensão pelo equilíbrio sagrado de toda a criação. Na prática do Reiki Celta, é interessante observar essas antigas tradições, descobrindo quais épocas do ano são mais propícias para alcançar resultados específicos.
Referências
Reiki Celta – Maria Tereza do A. G. O. Ramos – AGbook – https://www.agbook.com.br/book/232552–Reiki_Celta
https://pt.wikipedia.org/wiki/Beltane
https://pt.wikipedia.org/wiki/Roda_do_Ano#Beltane
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