Quando eu era mais nova, sempre achava que deveria haver uma cartilha que ensinasse às pessoas a maneira de se relacionarem. Como era difícil dentro da adversidade e diversidade das pessoas conseguirem entrar em uma sintonia para se relacionarem!
Eu percebia que o que as faziam estarem juntas ou darem certo eram as semelhanças e as sintonias, mas o que fazia com que pessoas tão diferentes, mesmo em sofrimento, permanecessem juntas?
Algo estava realmente errado ou, pelo menos, parecia estar errado.
Essas observações me fizeram criar uma habilidade ímpar de entender o universo de cada um. Vivemos aqui interagindo em multiversos de conceitos, escolhas, sentimentos, comportamentos e personalidades, juntamente com uma força magnética que atrai ou repele algumas pessoas.
Qual a dinâmica por trás desse comportamento?
Para mim, tudo parecia muito fascinante. Cada ser humano tem seu próprio mundo e cada um não consegue ainda interagir em sua individualidade, e muito menos com o outro, então, a melhor solução encontrada foi impor o próprio universo ao outro e, assim, nasceram os conflitos nos relacionamentos ao invés do amor e transcendência como objetivo primordial de uma relação.
Um dos maiores problemas que provoca a destruição do amor entre duas pessoas é um ficar impondo o seu universo no universo do outro.
Para o sexo feminino, esse é o maior dos desafios. Mulheres são educadoras por natureza e, de forma inconsciente, sempre estão tentando educar as pessoas a sua volta. E no campo do relacionamento, isso não é diferente por dois fatores:
Ou querem que o parceiro demonstre amor e afeto do seu jeito, porque se não for assim, “não será amor de verdade” (No fundo as mulheres vivem ansiando por uma prova cinematográfica de amor – culpa dos filmes).
Ou querem que ele se enquadre nos modelos pré-formatados no inconsciente desde a infância, e se isso fosse possível, teríamos duas situações diferentes: 1 – ou eles repetiriam exatamente a história e comportamento dos nossos pais; 2 – ou eles se comportariam nas relações como as mulheres e isso faria com que as relações esfriassem rapidamente até apagarem, pois o homem perderia sua própria identidade como homem da relação.
Conheço inúmeras mulheres que terminam relações promissoras porque seus parceiros não a tratam do jeito que elas acham que deveriam ser tratadas. Porque no mundo da imaginação delas, eles deveriam fazer algumas coisas que são a única forma (pré-formulada em seu inconsciente) deles expressarem amor, e se não for desse jeito específico em conformidade com o seu modelo, é sinal de que eles não amam.
Por exemplo: homens que não são românticos, não mandam flores e não entregam bombons poderiam ser interpretados por essas mulheres como homens que não amam. Essas atitudes não provam o amor verdadeiro, mas para a crença delas, sim, e essa seria a condição sine qua non para a certeza do amor dele por ela.
E tem outro lado aqui. Existem homens que dão todos os sinais e até declaram que não amam aquela mulher, mas ela se agarra novamente a uma fantasia, a de que ele pode em algum momento vir a amá-la, então ela se submete a todo tipo de situação vergonhosa para permanecer naquela relação onde só ela acredita que está realmente se relacionando.
Esses são os dilemas responsáveis por destruírem histórias de amor. Talvez você esteja pensando: “Ah! Mas se foi destruído era porque não era amor de verdade”.
Olha, o amor entre duas pessoas pode permanecer, mas elas podem não conseguir conviver por um longo período. A expressão “felizes para sempre” é muito tempo para lidar com pessoas presas nesta condição humana. Pois, amor eterno só poderíamos experimentar se não tivéssemos corpo, se tivéssemos vivendo uma condição espiritual. Aqui, nesta condição terráquea, temos lampejos de amor e vivemos por ansiar esse amor pela eternidade porque, na verdade, é um desejo profundo da nossa alma imortal.
Mas, o que fazer então?
Se você se desenvolver emocional e espiritualmente só um pouquinho, perceberá que a forma de experimentarmos amor aqui só é possível por um momento.
E esse momento é o Agora.
Como seria a sua vida se você encontrasse uma pessoa muito especial e tivesse que expressar o seu amor por ela e só tivesse um único instante?
Consegue perceber a intensidade desta possibilidade aqui?
Você, certamente, amaria sem tantas crenças, sem tantas fantasias, sem tantos medos, aproveitaria a plenitude total daquele único momento.
Essa simples hipótese põe por terra toda a sua necessidade de receber amor de um único jeito, porque você se abre a simplesmente amar. E a troca dinâmica e justa acontece naturalmente naquele momento mágico do Agora.
O amor é um movimento livre de conexões energéticas entre duas pessoas, mas quando ficamos determinando o movimento, enquadrando comportamentos pré-determinados para a outra pessoa, como forma única de expressão e confirmação de que aquela determinada atitude é ou não amor, colocamos tudo a perder, tudo vai por água abaixo e aquela troca dinâmica é completamente rompida.
Não é possível dizer que não se amou. Se amou por aquele instante. Se amou na eternidade de um instante. Temos que abrir a nossa mente e o nosso coração para essa transcendência do conceito de amar e ser amada.
Um bom começo é a aceitação do jeito de amar do outro.
Por isso, sempre digo em minhas aulas que o primeiro e verdadeiro ato de amar outra pessoa só pode acontecer quando a apreciamos e é dessa apreciação que nasce o estado de graça (gratidão) por estar ali, compartilhando aquele exato momento de encontro com o ser amado naquele instante mágico do Agora.
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Seria maravilhoso se pudéssemos aprender isso na escola. Imagine no que isso impactaria na vida de cada ser humano, entender que o amor profundo só pode ser vivido a cada instante e que ninguém tem o direito de dizer ao outro como quer ser amado, pois o amor é um ato transcendente e espontâneo e, portanto, livre.