(ou… Como o hábito de fazer cerâmica pode ajudar a desenvolver a resiliência)
Muito já se falou sobre resiliência. É um conceito que nasceu na Física* e foi resgatado pela Psicologia**.
(*) Qualidade de um material que, após sofrer um baque ou pressão, volta ao seu estado original sem grandes danos; também entendido como um atributo de “ser elástico”.
(**) Capacidade dos indivíduos que se mostram flexíveis após terem passado por adversidades e conseguem superar frustrações e até eventuais traumas, transformando-os em aprendizados para a vida; percebem as derrotas como degraus para a evolução e procuram encarar os obstáculos com firmeza, força e otimismo.
Fica a questão: resiliência é algo que se aprende ou é uma característica própria de personalidade? As pessoas resilientes já nascem com essa força/capacidade?
Da minha experiência com a cerâmica, posso afirmar que a resiliência se aprende – uma vez que o agente se predisponha e mostre uma abertura ao aprendizado e à capacidade de absorver os “infortúnios” com doçura, aceitação e dicas para as próximas etapas.
Resiliência e a arte da cerâmica
No processo da cerâmica tudo pode acontecer. E, como na vida, a chance de dar certo – e de dar “errado” – é de 50%, ou seja, a probabilidade é a mesma. Conseguimos reverter essa chance para mais sucesso apenas se observarmos e aprendermos com as adversidades. Refazer a peça com outro olhar e mais cuidado, repetindo até alcançar o resultado desejado, faz parte da dinâmica e do crescimento na arte da cerâmica.
Não vou chamar os resultados indesejados de “erros”, em hipótese alguma, pois não acredito nisso – e porque muitas vezes, mas muitas mesmo, o inesperado é fruto de aspectos que não estão sob nosso controle. E aqui faço uma analogia com os quatro elementos básicos à nossa sobrevivência, de como eles atuam no processo de construir uma peça de cerâmica e, paralelamente, como atuam em nosso processo evolutivo.
Como os quatro elementos atuam no processo?
Exemplifico:
A qualidade e o tipo da Terra (= argila) que usamos interferem. E também como a manipulamos, amassamos, esticamos, moldamos.
O quanto de Água adicionamos para moldar o barro – não pode ser muita nem pouca; é a Água que dá a consistência necessária para cada etapa do processo
A eliminação do Ar, que aparece como bolhas na argila que podem causar estragos quando a peça for ao forno; o Ar quer movimento, quer liberação, e aparecerá durante a queima, pois é essencial nessa hora. Sem ele não teríamos o Fogo.
A transformação do Fogo finalmente vem, para culminar o processo e nos revelar o resultado; se com os demais elementos as tentativas de “controle” são um pouco mais possíveis, com esse, no entanto, conseguimos controlar quase nada… Ok, você controla a temperatura, o quanto de ar deixa entrar ou sair do forno pelas aberturas, mas o que acontece lá dentro faz parte de um mistério. E mistério a gente olha, aceita e nem sempre entende. Só nos resta o deslumbre e o encantamento.
Percepções e reações às situações que nem sempre estão sob nosso controle (ou quase nunca).
Nas primeiras experiências, observo que a potencial resiliência ou sua contraposição (a Suscetibilidade/Vulnerabilidade) se revela. Como as pessoas reagem às primeiras ocorrências fora do seu controle, durante os processos de secagem e queima das peças, dizem muito de seus potenciais internos ou fragilidades.
Se a peça racha, quebra, estoura, diminui de tamanho, entorta, o esmalte escorre, mancha, muda de cor, enfim, se algo que estava lá atrás, construído como uma expectativa, se frustra ou sai do controle, é neste momento que temos uma OPORTUNIDADE:
- Oportunidade de aprendizado.
- Oportunidade de crescimento, evolução.
- Oportunidade de transferir essas emoções e sentimentos para o modo como encaramos as dificuldades que enfrentamos cotidianamente. 😊
E aí está a oportunidade de aprender a ser mais RESILIENTE – você vai ver como isso te dá força e fôlego, uma sensação de superação dos obstáculos, sobretudo quando, pela enésima vez, a peça dá certo! E fica melhor do que você poderia imaginar!!!
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São Paulo, 13/04/2021