O filme retrata uma história de amor e busca espiritual pelo eu, ambientado nas incríveis paisagens de Ladakh, no Himalaia. A palavra “Samsara” deriva da doutrina hindu da reencarnação e vida após a morte, defendendo que o espírito precisa passar por uma série de vidas terrenas enquanto evolui para atingir suas metas e objetivos. A analogia com o enredo do filme é totalmente direta com a mensagem proposta: Tashi (Shawn Ku), é um jovem monge budista que retorna ao seu monastério depois de passar exatamente três anos, três meses, três dias e três horas numa isolada maratona de meditação nas montanhas.
Recuperando-se da dura provação, Tashi começa a se sentir perturbado por desejos carnais e eróticos e pela vida da sociedade, repleto de desejos, posses, bens, relacionamentos etc.
Apesar do filme retratar aspectos da religião budista como costumes, meditações e cerimônias, como a maioria dos filmes desse tipo apresentam, Samsara mostra um outro lado em que o espectador reflete sobre o papel do sexo em si e dos relacionamentos carnais, se podem ou não estar vinculados a doutrinas religiosas. A sociedade como um todo ainda vê o sexo como um tabu, um pecado, graças a religiões que “acusam” tais desejos de ruins, apesar de fazer parte da vida humana, defendendo a ideia do isolamento para orações a fim de atingir a iluminação ou a graça.
Um dos momentos mais interessantes do filme é justamente o conflito interno que o discípulo sofre: viver uma vida comum, feliz com sua família e tendo seus desejos carnais e materiais saciados ou tornar-se um ser humano com sua plenitude espiritual alcançada? Apesar da maioria de nós vivermos em sociedade, esse sentimento é comum em muitas pessoas: a angústia de viver no pensamento acerca da “dualidade” proposta no filme e a necessidade de tomar uma decisão.
Atenção ao spoiler: outro ponto apresentado no filme que merece a reflexão do espectador é o papel da mulher na religião e na sociedade no decorrer das eras. Sabemos que, desde os tempos primórdios, muitas religiões colocavam (e ainda colocam) a mulher numa posição inferior, até mesmo impedindo-a de fazer parte de determinadas seitas e filosofias. Nosso personagem principal se relaciona com uma mulher e tem um filho. O espectador passa a perceber a importância não somente da família como exemplo para as crianças, mas que a mulher é tão importante quanto o homem.
Vale muito assistir ao filme, que o fará pensar acerca da sua própria vida, seus desejos, sonhos e objetivos. Bem como a busca por esse “eu” que cada um de nós temos e para o qual muitas vezes não damos a devida atenção, optando por apenas vivermos nossa rotina, alheios ao que acontece ao nosso redor.
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Através de cenas emocionantes e mensagens que tocam o coração, o filme prende o espectador, deixando-o atento ao que acontece durante a história e quais serão as decisões tomadas por Tashi.
Direção: Pan Nalin
Elenco: Shawn Ku, Christy Chung, Lhakpa Tsering
Gêneros: drama e romance
Países: França, Suíça, Itália, Índia, Alemanha
Duração: 2h18m
Ano de lançamento: 2001
Texto escrito por Bruno da Silva Melo da Equipe Eu Sem Fronteiras.