Autoconhecimento Comportamento

São Patrício — Conheça a história do famoso santo irlandês

Imagem de fundo verde com um caléndário marcando a data de São Patrício, que é dia 17 de março. Ao lado deste calendário feito de maderia um trevo de três folhas na cor verde, uma ferradura dourada e algumas moedas.
5second / 123RF
Escrito por Eu Sem Fronteiras

Muitos são os santos da Igreja Católica que antes eram homens e mulheres com histórias maravilhosas de devoção, superação e dignidade. Foram grandes influenciadores em suas sociedades e às suas épocas.

Conhecer a trajetória de cada um e adquirir conhecimento sobre como a fé é importante para a humanidade e como ela transforma realidades é enriquecedor. São Patrício é um dos mais icônicos do Catolicismo. Siga na leitura e conheça a história revolucionária que ele construiu.

O início

São Patrício nasceu na Grã-Bretanha, domínio de Roma, entre os anos 373 e 390, no final do século IV, em local incerto – talvez na Escócia ou no País de Gales.

Filho de Calpurnius, um oficial do exército romano-britânico e diácono (quando ainda podiam se casar), São Patrício teve como nome de nascimento Maewyn Succat.

Quando São Patrício tinha 16 anos, foi sequestrado por piratas irlandeses e teve como destino a Irlanda, para viver como escravo. Ele trabalhou como pastor de ovelhas e cuidador de porcos, no Condado de Antrim, na Irlanda do Norte.

Na Grã-Bretanha, São Patrício não era muito religioso, porém, enquanto era escravo, em ambiente hostil, entre pessoas grosseiras e pagãs, foi nutrindo a sua fé, acreditando que o período de mudança de vida sinalizava o encontro com Deus. Ele teve uma visão quando orava, na qual encontrava um barco que partiria para a sua terra natal. Assim, após seis anos em cativeiro, ele partiu fugido, voltando para sua família.

Evoluindo na fé

Para se aperfeiçoar na fé católica, São Patrício foi para um mosteiro em Auxerre, na Gália (atual França), onde estudou durante 12 anos sob a orientação do bispo Germano e seguiu na vida religiosa, com disciplina e oração, tornando-se padre e missionário.

De volta à Grã-Bretanha, ele atuou numa grande missão apostólica. Contudo tinha o desejo de evangelizar a Irlanda, falando sobre a existência de Deus, segundo a fé católica.

No ano de 432, São Patrício foi convocado pelo Papa Celestino I para continuar a missão de evangelização da Irlanda, que estava sob a responsabilidade do então falecido bispo Paládio. Ele viajou para a Ilha já bispo. Numa parada da jornada, teria recebido de Jesus Cristo o cajado que ele próprio usava nos campos da Palestina. Desembarcou no Condado de Down.

São Patrício transforma a fé da Irlanda

Durante quase três décadas, São Patrício converteu praticamente toda a Irlanda ao Catolicismo, com paz e sem usar de violência contra aqueles que preferiam se manter no paganismo. Ele tinha como lema: “Respeitar para ser respeitado”.

São Patrício evangelizou, transformou o destino de um povo e eternizou na história da Irlanda a missão a que foi chamado, contribuindo para a ampliação da influência da Igreja Católica e tornando o país um dos mais cristãos do mundo, perdurando até hoje, com população de 84,2% de católicos romanos.

A atitude respeitosa de São Patrício contribuiu para que não houvesse represálias contra os cristãos na Irlanda, e o rei Leogário também se converteu ao cristianismo junto com toda a sua corte.

Imagem de uma bíblia e sobre ela um livro que traz a história de São Patrício. O livro tem capa dura na cor verde e ao lado um terço de contas e na ponta um trevo-de-quatro-folhas na cor verde.
Geraldine Dukes / Pixabay

São Patrício foi visionário e fundou vários mosteiros pela Irlanda, que difundiam a fé e a cultura e de onde um grande contingente de evangelizadores e monges missionários se tornaram importantes exemplos de ampliação do Catolicismo em territórios estrangeiros.

Na sociedade celta, os druidas eram responsáveis por aconselhar, ensinar e orientar jurídica e filosoficamente os demais. São Patrício se aproximou deles e, aos poucos, foi incluindo os elementos da fé cristã à cultura da região.

Embora não haja comprovação, um dos métodos adotados por São Patrício foi usar o trevo de três folhas, elemento que representava o corpo, a mente e a alma na religião celta, para explicar a Santíssima Trindade (Pai, Filho e o Espírito Santo). O trevo é um dos símbolos mais importantes da Irlanda, conhecido mundialmente.

Imagem da catedral de São Patrício decorada com folhagens verdes para celebrar a data do santo, comemorada em 17 de março.
Bruce Emmerling / Pixabay

Os muitos poderes de São Patrício

Muitas lendas envolvem o nome de São Patrício, conferindo a ele mistério e magia. As seguir, destacamos mais emblemáticas.

Expulsão das cobras da Irlanda

São Patrício teria banido as cobras da Irlanda, quando, do alto de um penhasco, em jejum de 40 dias, perseguiu-as até o mar. Contudo a National Geographic fez uma pesquisa em 2014 e identificou que não há fósseis do réptil no país, concluindo que, provavelmente durante milênios, ele não tenha existido lá. As cobras, na verdade, são uma metáfora da Igreja Católica para a eliminação dos ritos pagãos que existiam no país àquela época.

Metamorfose para veados

Foi atribuída a São Patrício a capacidade de se transformar, junto com seus companheiros, por meio de um poder conhecido por “féth fíada” (mestre das névoas, criadas para se tornar invisível aos inimigos), em veados, para escapar da perseguição e seguir para a Colina de Tara, antiga capital da Irlanda, que, para os druidas, era a morada sagrada dos deuses.

O rei Leogário desejava impedir São Patrício de disseminar a fé católica na capital e enviou soldados para pará-lo. Então São Patrício cantou o hino “O Grito do Gamo” ou “A Couraça de São Patrício”, de sua autoria e se misturou, com os demais, a veados e cervos, confundindo seus perseguidores.

Os melros de Croagh Patrick

Enquanto São Patrício passou a Quaresma na montanha da atualmente conhecida Croagh Patrick, no Condado de Mayo, ele foi perseguido por demônios disfarçados de pássaros pretos – os melros –, que juntos formaram uma nuvem densa que escureceu o céu. Ele rezou e tocou um sino para demonstrar sua fé, quando surgiu um anjo e lhe revelou que todo os seus pedidos a Deus em relação aos irlandeses seriam atendidos e estes permaneceriam na fé cristã até o Dia do Juízo.

Imagem da Cruz Celta, símbolo do dia de São Patrício.
Yorkshireman / Pixabay

A cruz celta

Originariamente a cruz celta, chamada de Cruz Solar, representava os elementos Sol e Lua, símbolos das religiões pagãs. Com o objetivo de introduzir a fé católica, São Patrício incluiu a cruz ao símbolo, mantendo a forma circular e interligando o crucifixo. Ele mostrou sua disposição em agregar as práticas e símbolos pagãos às crenças cristãs, facilitando a transição do paganismo para o cristianismo. Há duas versões da cruz – a pátea (1461) e a sautor (vermelho), sendo esta última o emblema da Ordem de São Patrício, fundada na Irlanda em 1783.

O fogo incessante

Para celebrar originariamente o solstício do verão e o triunfo da luz sobre os poderes das trevas, os celtas faziam uma grande festa, chamada Beltane. O rei da Irlanda acendia uma fogueira no topo da Colina de Tara, que acenderia todas as outras fogueiras comemorativas no país. Entretanto, antecipando-se ao rei Leogário, São Patrício a acendeu e atraiu a atenção dos druidas, que não conseguiram apagar o fogo, atribuindo a ele poderes mágicos. Também o rei não conseguiu apagar a fogueira e entendeu que o santo era mais poderoso do que ele, endossando as missões católicas pelo país.

Em 17 de março de 461 (há incertezas), no Condado de Down, São Patrício faleceu, deixando na Irlanda a Igreja Católica organizada. Atualmente o local é chamado de Downpatrick (Cidade de Patrício). Há vários séculos, nesta data, na Irlanda, é feriado nacional: o Dia de São Patrício, padroeiro do país, onde há mais de 200 santuários construídos em sua honra.

O Dia de São Patrício coincide com o solstício de primavera, período de renovação. Nas celebrações, que também ocorrem em outros locais do mundo onde há irlandeses e descendentes (Estados Unidos, Canadá e Austrália, principalmente), as pessoas se vestem de verde, vão à missa, decoram os locais com trevos, dançam em meio a muita música, bebem e fazem uma verdadeira festa. A Parada de São Patrício, por exemplo, teve início nos Estados Unidos. Atualmente, fora da Irlanda, ela representa a oportunidade para demonstrar o orgulho de ser irlandês.

No Brasil, os pubs costumam organizar uma programação comemorativa para todo o mês de março, em homenagem ao santo.

Por que a cor verde como símbolo?

Em 1798, houve uma rebelião de soldados irlandeses. Para propagar os seus ideais políticos, eles decidiram se vestir com uniformes verdes no dia 17 de março, de modo a chamar a atenção do público, fazendo alusão ao trevo, um dos símbolos da celebração do Dia de São Patrício. A partir desse evento, todos passaram a ser vestir com uma peça de roupa verde ou a usar um trevo.

Imagem de vários trevos de três folhas na cor verde simbolizando o dia de São Patrício.
Jill Wellington / Pixabay

São Patrício foi um grande influenciador no seu tempo. Ele escreveu um livro autobiográfico, conhecido por “Confessio”. Incentivou o sacramento da confissão de forma privada – como conhecemos atualmente –, que antes era público.

Você também pode gostar

Vindo de uma família de pessoas importantes da Igreja Católica, São Patrício deixou como legado uma história transformadora da fé e de superação de adversidades. Ele é um exemplo de devoção e principalmente de foco nos objetivos. Ele usou de inteligência, tolerância e visão gregária para conquistar um enorme feito religioso. Inspire-se no respeito que ele emana até os dias de hoje e lembre-se do dia 17 de março para homenageá-lo. Faça como ele e demonstre sempre o seu respeito e a sua compreensão pelas diferenças.

Sobre o autor

Eu Sem Fronteiras

O Eu Sem Fronteiras conta com uma equipe de jornalistas e profissionais de comunicação empenhados em trazer sempre informações atualizadas. Aqui você não encontrará textos copiados de outros sites. Nossa proposta é a de propagar o bem sempre, respeitando os direitos alheios.

"O que a gente não quer para nós, não desejamos aos outros"

Sejam Bem-vindos!

Torne-se também um colunista. Envie um e-mail para colunistas@eusemfronteiras.com.br