Autoconhecimento Psicapometria

Satya: A verdade

Escrito por Paulo Tavarez

Satya é o segundo Yama no método proposto por Patânjali. Representa a verdade.

Não há palavra que possua um significado tão elástico quanto essa. Para cada ser humano no planeta existe uma verdade pela qual se orienta, isso acontece porque ninguém a conhece realmente.

Talvez o verdadeiro sentido de verdade nesse método esteja relacionado a não mentir, evitar um comportamento hipócrita, assumir a própria natureza, não criar máscaras para ajustar-se às exigências externas, assim por diante. Acreditar que algo tão poderoso e desconhecido quanto a Verdade faça parte da conduta de um praticante de raja yoga é utopia. A Verdade é o fim e não o meio.

Pilatos perguntou o que é a Verdade para Jesus e ele não respondeu, nem poderia. Jesus não encontraria recursos com a nossa linguagem pobre para explicar algo que não pode ser explicado com palavras. Não é possível para um cego conhecer o amarelo, nem é possível para aquele que enxerga explicar o que é o amarelo.

A verdade está em outra instância, não pode ser alcançada pela mente humana, precisa ser experienciada. Aqueles que falam sobre a Verdade não a conhecem e aqueles que conhecem não falam. Conhecer a Verdade é, realmente, libertar-se, quebrar os grilhões de ignorância que nos prendem na realidade corpo-mente para  alcançá-la dentro de si mesmo.

Há muitos mercadores da verdade que garantem a realização através dos mapas que possuem, mas é preciso muito cuidado. Sempre estaremos expostos aos encantos de flautas mágicas, nos conduzindo como ratos, para fora do vilarejo interior onde encontra-se o nosso objetivo. O vilão no conto dos Irmãos Grimm é o Flautista, não os ratos.

Mas, para aquele que procura seguir na senda da autorrealização, observar Satya, meditar em torno de um comportamento coerente com a própria natureza, já é de grande ajuda.

A baixa autoestima induz o ser humano a criar um falso eu, pois instintos primitivos de grupo o compelem a isso. Existe uma necessidade de ser aprovado, de ser aceito e, muitas vezes, de ser reverenciado, desta forma, o uso de um verniz é quase natural.

Satya preconiza uma mudança, é preciso rever, através de autoinquirições, nossas verdadeiras necessidades. Até que ponto preciso da aprovação do outro? Até que ponto devo me importar com as avaliações que fazem da minha pessoa?

Enquanto vivermos de pires na mão em busca de aceitação, afeto, carinho, respeito, estaremos distantes desse preceito.

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O homem precisa descobrir que não é um vasilhame à espera de preenchimento de pessoas ou coisas, tudo aquilo que precisa ter já tem, tudo aquilo que precisa ser já é, simples assim. O grande desafio é livrar-se de todos os condicionamentos e falsas verdades que estruturaram esse programa emocional anacrônico e destrutivo.

“Conhecerás a Verdade e ela vos libertará” dizia o mestre. Enquanto não nos libertamos, a senda proposta por Patânjali, com todas essas prescrições éticas, inclusive a adoção de Satya, segue como um roteiro seguro e real. Aliás, Raja Yoga significa União com a própria essência através da realidade.

Sobre o autor

Paulo Tavarez

Instrutor de yoga, pedagogo, escritor, palestrante, terapeuta holístico e compositor. Toda a minha vida tem sido dedicada à construção de um mundo melhor.

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