Saúde Integral

Saúde mental no ambiente de trabalho

Mulher segurando um relatório na mão. Ela está com o rosto sério.
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Escrito por Nathalia Lanfredi

Neste mês temos a campanha Setembro Amarelo. É um momento em que todos os olhares se voltam para um assunto de extrema importância: a saúde mental. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 322 milhões de pessoas sofrem com a depressão, ou seja, o equivalente a 4,4% da população mundial. Somente no Brasil, cerca de 5,8% sofrem com o problema.

Em relação à ansiedade, nosso país também carrega uma taxa muito alta, tendo 9,3% da população brasileira vivendo essa condição.

Esses números são impressionantes e mesmo com campanhas como a que acontece em setembro ou até mesmo a “Janeiro Branco”, que também é voltada à saúde mental, os temas continuam sendo tabus para muitos e são poucos os que buscam auxílio profissional para lidar com essas doenças. Ainda, segundo dados da OMS, menos da metade das pessoas afetadas por essas condições no mundo recebe o tratamento adequado; em muitos países, menos de 10% dos habitantes.

Saúde mental e o ambiente de trabalho

Tendo em mente que grande parte da população sofre com depressão, ansiedade e estresse, não seria de espantar que o segundo maior caso de abstenção no trabalho acontece por causa dos problemas psicológicos. De acordo com dados da International Stress Management Association (Isma-BR), a mais antiga associação sem fins lucrativos voltada à pesquisa e ao desenvolvimento da prevenção e do tratamento de estresse no mundo, nove em cada dez brasileiros no mercado de trabalho apresentam sintomas de ansiedade, e 47% sofrem de depressão.

Ainda, segundo pesquisas da mesma organização, 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem com a síndrome de burnout, que segundo o site do Ministério da Saúde é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastantes, como o excesso de informações a todo instante, a competitividade, chefias abusivas, entre outros fatores.

Diante de tantos dados chocantes sobre a saúde mental dos trabalhadores, quais atitudes podem ser tomadas para amenizar esse impacto?

Para trazer estas respostas, tive o auxílio da psicanalista Mônica Damini, editora-chefe no EuSemFronteiras.

1º passo: Compreensão

Jopwell / Pexels

Primeiramente é importante ressaltar que muitas dessas pessoas não desenvolvem as doenças psicológicas dentro do ambiente de trabalho, elas já trazem essa condição de sua vida pessoal e isso é agravado por causa das situações do cotidiano dentro de uma empresa, mas se a causa da depressão for o ambiente de trabalho significa que está havendo um desequilíbrio entre vida profissional e pessoal, e a situação deve ser revista. Quando a depressão é decorrente de um fato agudo, ou seja, de alguma situação de que a pessoa tenha conhecimento da causa, o tratamento é mais rápido do que quando depende de conteúdos acumulados durante toda uma vida que em certo momento chegam para que possam ser vistos e trabalhados.

Segundo a psicanalista Mônica Damini, “Quando um profissional inicia atividades em uma empresa, ele já vem com seu histórico de vida, e caso esteja passando por momentos delicados num quadro depressivo alguns fatores podem, sim, ser gatilhos com agravantes, como funções estressantes que o privem de sono regular num desequilíbrio entre vida profissional e pessoal ou quando há sentimento de menos valia e ele se sente desvalorizado ou inseguro em relação ao trabalho”.

Tendo essa compreensão, é possível começar a olhar, para nós mesmos e para os outros, com mais cautela, estando atentos aos sinais de estresse, esgotamento, ansiedade e depressão, para que a busca por tratamento ocorra o mais rápido possível, antes de se tornar um empecilho na vida profissional.

“Para qualquer patologia, o indivíduo deve buscar a ajuda de profissionais na área da saúde. Hoje são muitas as possibilidades de tratamentos, desde os médicos convencionais até os tratamentos energéticos, vibracionais e espirituais. No CID 10, Código Internacional de Doenças, o Item F44-3 é Obsessão Espiritual, e muita gente ainda tem preconceito”, afirma Mônica, “a ciência já evoluiu e comprovou que tudo é energia, portanto há que se abrir a mente e expandir a consciência para novas formas de tratamento das patologias, sejam físicas ou mentais”, aponta a psicanalista, propondo que as pessoas busquem o cuidado com o corpo de forma integral, tratando não somente a parte física mas também a espiritual.

2º passo: Quebra de tabus, preconceitos e paradigmas

Duas mulheres conversando e olhando um computador.
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Como dito anteriormente, mesmo com dados que comprovem a alta porcentagem de pessoas com problemas psicológicos, o preconceito ainda é algo presente e vemos discursos como “frescura” sendo o fator principal para que muitos não busquem o devido auxílio por vergonha.

Porém, aos poucos é possível ver a transformação nos ambientes de trabalho, e as empresas estão se tornando mais abertas ao assunto a fim de auxiliarem a sua equipe a ser mais produtiva no trabalho.

“Infelizmente ainda existe esse tipo de preconceito, mas da mesma forma como outros paradigmas já foram quebrados, tratar de saúde mental abertamente também será algo natural, pois não é vergonha alguma estar adoecido da mente, assim como não é estar adoecido do corpo. Quanto mais naturalmente esse assunto for tratado, melhor”, completa Mônica Damini.

Para que isso ocorra, cada vez mais é importante a execução do próximo passo, que é o setor de comunicação unir esforços ao setor de RH das empresas para juntos elaborarem ações internas, levando informação aos funcionários.

3º passo: É hora da ação!

Mãos estendidas uma em cima da outra.
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Começando do topo da organização, a parte que comanda a empresa, ou seja, presidentes, gestores, chefias, entre outros cargos de comando, devem ser os primeiros a receber o impacto dessa campanha, para que eles possam estar preparados para olharem os colaboradores de forma mais compassiva e respeitosa. “É muito benéfico… ter espaço para um contato de gente para gente é muito importante, todos queremos ser olhados e reconhecidos, porque não somos robôs, somos pessoas, e são as emoções que nos adoecem e nos afastam do trabalho. Se for essa a tônica da empresa, que seja por esse ponto de vista que um novo olhar aconteça”, diz Mônica.

Afinal, todos somos seres humanos e passamos por momentos delicados, que afetam a vida profissional, porque não há como separar totalmente a vida pessoal da vida profissional, e uma sempre influencia a outra.

Com gestores preparados para receber seus funcionários com atenção e um diálogo aberto, pode se tornar mais simples para o colaborador buscar ajuda no início das doenças emocionais, e fazendo o tratamento adequado não somente a pessoa terá uma vida mais feliz mas ela também será mais produtiva no ambiente de trabalho, principalmente se ela receber esse auxílio da organização. Assim, todos saem ganhando!

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Por fim, que tal implementar práticas alternativas?

Mulher negra sorrindo com a cabeça apoiada na mão.
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O setor de comunicação pode dar o start em novas práticas, levando à organização o despertar da consciência para assuntos como estes, implementando campanhas de comunicação interna e endomarketing, assim como produção de materiais de divulgação com sites, vídeos, anúncios, artigos, entre outros conteúdos informativos que deem aos colaboradores a base necessária para lidar com esses problemas tanto internamente quanto no auxílio ao próximo.

Então, partimos para a execução! Hábitos como a prática da meditação ou sessões de yoga em grupo podem levar ao ambiente corporativo um clima mais descontraído, além de acalmar a mente dos colaboradores, criar integração, entre outros benefícios que podem levar mais produtividade e saúde para dentro da empresa.

Finalizamos este artigo com a opinião da psicanalista sobre esta sugestão: “Seria maravilhoso que as empresas dispusessem de um tempo para que seus funcionários pudessem acalmar a mente, dar um reset no tumulto do dia, mesmo que sejam alguns minutos. Além de ser um olhar amoroso para com seu colaborador, contribuir ensinando e proporcionando contato com técnicas de relaxamento, meditação e rodas de conversa abre uma válvula de escape para o estresse e auxilia para que todos aprendam a ter uma vida mais equilibrada, seja no ambiente profissional, seja na vida pessoal. Todo ser humano quer ser amado, e saber que a empresa onde trabalha tem um olhar para a pessoa que colabora é sensacional, e pode valer mais do que benefícios”.

A saúde mental deve ser tratada com a mesma importância da saúde física, pois a mente é mais um órgão do corpo humano como outro qualquer. Não há mais espaço para discriminação”, finaliza Mônica.

Referências

https://www.einstein.br/noticias/noticia/saude-mental-ambiente-trabalho
http://bvsms.saude.gov.br/ultimas-noticias/2523-saude-mental-no-trabalho-e-tema-do-dia-mundial-da-saude-mental-2017-comemorado-em-10-de-outubro
https://nacoesunidas.org/oms-empresas-devem-promover-saude-mental-de-funcionarios-no-ambiente-trabalho/
https://www.anamt.org.br/portal/2018/11/27/apenas-18-das-empresas-mantem-um-programa-para-cuidar-da-saude-mental/
http://www.ismabrasil.com.br

Sobre o autor

Nathalia Lanfredi

Relações Públicas, Libriana e Assistente de Comunicação aqui do EuSemFronteiras, sempre fui muito curiosa e tento entender como funcionam todas as coisas que envolvem o comportamento e os relacionamentos humanos. Por isso, a vida me guiou para estudar a comunicação e o autoconhecimento, e, por sorte, aqui eu consigo unir as duas coisas que amo e, assim, tentarei compartilhar com vocês um pouco das experiências que já vivi e espero que de alguma forma eu consiga contribuir positivamente com a vida de cada um que ler esses textos.