Nos acontecimentos fortuitos da vida não há espaço para vítimas ou vitimizações, somos todos personagens de uma história que está em constante construção.
Quando alguma energia ou característica do outro nos irrita é porque de alguma forma temos que lidar com aquilo, seja para reconhecer algum traço semelhante em nós, seja para entender que por aquilo não queremos mais passar e transmutar a relação e as situações.
Se algumas situações se repetem incansavelmente é porque ainda não aprendemos o que estava ali, ainda não entendemos o que era preciso para seguir, deixamos de enxergar algo importante e valioso para o nosso aprendizado. Então, talvez seja hora de analisarmos melhor o assunto de uma forma diferente, sob um novo ângulo. Talvez seja hora de acendermos o candeeiro interno e entender que a escuridão que vemos no outro está em nossa forma de olhar, ou seja, em nós.
Precisamos sair da reação para a ação! Para isso, temos que deixar de ver dois lados, temos que deixar de defender pontos de vista para poder desembaçar a visão. Enxergar-nos perseguido e vítima não dos dá a chance para entendermos o que está por trás da situação. Assim, se a atitude de um amigo feriu-lhe, se um superior hierárquico no trabalho ou um colega não reconheceu o seu esforço não os coloque logo na posição de algozes, não queira ver o certo e o errado da situação, pois são apenas conceitos subjetivos que nos cegam e podem nos fazer tropeçar no ego. Dê luz à questão, veja o que incomodou-lhe e, sob uma nova ótica, crie cenários de resolução em si. Tente ver como você poderia ter melhorado a situação. Crie novos prismas e talvez você enxergue e entenda o outro e faça o outro enxergar-lhe e entender-lhe.
Nem todo mundo pensa igual, nem todos nós agimos da mesma maneira, não somos produzidos em formas ideais. Até porque a idealização é sempre feita em nosso ego, fora do outro. Portanto que responsabilidade ele tem de seguir? Cada um de nós está em uma esfera evolutiva e se pararmos de julgar, entenderemos que uma situação que consideramos negativa pode nos trazer muito aprendizado, basta abrirmos a nossa mente intuitiva e o nosso coração racional para entender a questão e tirar lições ao invés de guerrearmos para ter a tal da razão.
Ser luz não é acender o interruptor na cabeça de alguém, não é mostrar ao outro o caminho, não é ser mestre de ninguém. É acender um clarão em nós mesmos, é iluminar as nossas próprias ideias, é dar luz às nossas sombras disfarçadas em “defeitos alheios” e, assim, ascender à nossa alma imortal.
E entender que na grande página em branco que é a vida, se colocamos heróis e vilões, sempre tenderemos a nos transformar nos primeiros e, independentemente da situação, buscaremos apenas aliados na vida, aqueles que concordam conosco e, ao sinal de uma singela discordância, colocaremos todos os outros seres do lado da vilania. O resultado é que não aprenderemos nada com isso. Não conheceremos os outros e o que é pior, não conheceremos de verdade nós mesmos, nem nos reconheceremos no outro e vice-versa.
Por isso, quando encontrar o interruptor, acenda a luz que há em você e se alguém se sentir iluminado com isso: que ótimo! Para você, pois tocou uma alma. Entretanto toque primeiro a sua, pois do contrário você vira um excelente apontador, uma espécie de guia que acredita saber o caminho para os demais, mas que deixou de caminhar e guiar a si próprio porque tropeça – e pragueja – nas pedras que há no caminho. E o caminho ficará mais fácil e iluminado porque você não estará sozinho, à frente ou atrás de ninguém, mas junto a todos os pequenos pontos de luz que cruzaram a sua vida.
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Seja mestre de si mesmo, ouça verdadeiramente a voz do seu coração e o mundo naturalmente se iluminará para e com você. Seja luz e a luz iluminará você!
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