Há determinadas horas em que somos seres altruístas, cheios de gratidão, empatia e amor. Em questão de segundos, dias ou meses, nos tornamos egoístas e invejosos. Parece que, do nada, uma onda malévola invade e transforma-nos justamente no que combatemos. Assim, descobrimos que o maniqueísmo existe apenas em filmes e novelas, e que bem e mal são dois lados de uma mesma pessoa.
Somos seres duais. É fato. Somos feitos e cheios de amor, mas somos capazes de termos medo e odiar. Podemos ter ações bondosas para com os outros, mas é possível fazermos o mal em determinada situação. Podemos até mesmo só fazermos o bem, segundo nossas perspectivas, mas queremos reconhecimento. Falamos em abrir nosso coração, mas nos fechamos quando alguém nos ousa amar. Queremos nos conectar à nossa alma, mas atendemos rapidamente o chamado do ego. Pensamos no melhor para todos, mas podemos não fazer o nosso melhor em algum momento.
Quem reconheceu-se e assustou-se, saiba que não estamos sozinhos neste mundo. Aliás, se formos sinceros, nós saberemos muitos. O que nos difere é a forma como agirmos ao nos reconhecermos. Não precisamos nos revoltar e nos sentirmos inúteis, nem deixarmos tudo como está, “afinal de contas, somos assim mesmo”. O importante é percebermos que, mesmo que haja uma sombra dentro de nós, somos seres de luz.
Assim, aprendemos, iluminamos nosso caminho e superamos. O importante na vida não é sermos melhores do que alguém, mas, sim, melhores que nós mesmos, a cada dia, hora e ato. Para isso, reconhecer nossas falhas e dificuldades é um primeiro grande passo. Ah, mas como “dói se reconhecer invejoso, medroso, mentiroso, mal”, nos diz a Flaira Ferro em sua música “Quero me curar de mim”.
Dói na alma! E, algumas vezes, até no corpo. Somatizamos estas mazelas e as transformamos em doenças das mais diversas – psíquicas, físicas, mentais. Mas, exercitar é o melhor caminho para aprender.
Temos que exercitar o amor, quando o que você quer é odiar. Temos que exercitar a coragem, quando o que se pretende é fugir daquela situação. Temos que treinar a tolerância, a justiça, a empatia, quando o que queremos é sermos parciais, intransigentes e senhores da razão. Somente assim iluminamos nossas sombras, levando luz e paz ao duelo que alma e ego travam no cotidiano perfeitamente imperfeito que é a vida.
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Na hora em que treinarmos pacientemente as qualidades que queremos ver no mundo, dominaremos a impaciência com nossas imperfeições e seremos, se não mais felizes, pelo menos mais gratos com o que já conquistamos. Assim, aprendemos, crescemos e seremos versões melhoradas de nós mesmos.