Tantas são elas que se perdem nas dobras das lembranças. Em algumas fui inocência, esperança e companheira de mim mesma nas noites sem fim…
Em outras fui tempestade e medo, insegurança e incerteza, na busca desenfreada por um local onde encontrar um abrigo mesmo que temporário.
Algumas delas foram efêmeras, quase não senti como se perderam entre os dedos, tal qual areia nas mãos das crianças na beira do mar.
Quantas vidas eu já vivi em uma só? Sinto-me cansada ao olhar para trás e perceber as marcas do tempo. Em alguns trechos desses caminhos tão amarelecidos há tanta poeira…
Vejo rostos conhecidos e queridos se misturando aos sorrisos e cantos e dizeres… rostos que desapareceram e levaram o som das risadas e a cor das vozes…
Nestas vidas que eu vivi em uma só, foram tantas as ruas pelas quais caminhei, decorando as paisagens, as casas, as esquinas, ah! As esquinas… nelas tantas esperas jamais realizadas… um vazio imenso envolveu as esquinas dessas tantas vidas… Às vezes volto sempre pra lá…
Quantas músicas compartilhei comigo mesma nestas vidas, trilhas sonoras de dores reais, encontros despontados no meio do nada, troca de olhares, imensas esperanças, tantas, mais algumas, quantas foram? Por que nenhuma ficou?
Quantas vidas eu já vivi em uma só tendo apenas você por testemunha, muda, confiável, discreta, capaz de me encontrar mesmo que eu me perca em mim. Doce lua, sem ti, querida e eterna companheira, eu seria nada, sem referência de quem fui, de quem sou ou serei…