Depois de viver um pouco mais de quatro décadas, a noção de tempo vai se modificando em nosso olhar. A pressa, a ânsia, o quase desespero de outrora vai dando lugar a pequenas pausas de suave observação.
Neste exercício, quase involuntário que vamos adquirindo, o antes e o depois começam a ser vistos sob outra perspectiva, mais atenta e sensível. É uma oportunidade de entender melhor o ambiente em que vivenciamos essa jornada e, de acordo com o que pudermos absorver, entender melhor a nós mesmos.
Na primeira vez que me dei conta disso, notei algumas novidades sobre a forma de ver o mundo e descobri que existe um tom de azul que eu sempre acho que é verde, mesmo não sendo daltônica.
Meu senso de orientação é um fiasco: sigo rumo ao oeste quando penso que estou indo para leste e muitas vezes, tenho que pensar antes de indicar com um gesto onde fica o lado esquerdo ou o direito.
Pelo menos uma vez por dia atravesso um momento de dúvida.
O que tenho percebido com isso é que hesitar é mais comum do que parece. Faz parte da condição humana, já que a vida é mesmo feita de escolhas.
Hesitar pode ser uma saudável pausa para refletir por mais um segundo e uma poderosa ferramenta de contenção de más decisões.
Um único segundo de dúvida representa a tênue linha que separa a emoção da razão, o impulso da coerência.
O perigo em hesitar não é o engano, já que o acerto também joga com probabilidades e pontos de vista e não só com a ciência e a experiência. Perigo é transformar a hesitação reflexiva em indecisão crônica.
Perder a capacidade de tomar uma decisão num vicioso vai e volta de ideias, isso sim é perigoso!
O equilíbrio entre a hesitação saudável e a indecisão nociva está no exercício constante da paz de espírito e na certeza de que temos a liberdade de escolha, cientes das responsabilidades ligadas a elas.
Somente incorporando essa filosofia ao nosso dia a dia, podemos exercer com tranquilidade as nossas constantes e eternas reflexões sobre o ser ou não ser.
Sem pressa, sem ansiedade, sem pensar tanto no que já passou nem projetar tanto nossas ações para o futuro, mas tendo a consciência de onde estamos e das decisões que tomamos. Dando a esse espaço de tempo atual a atenção que ele merece, com a sensibilidade de olhar e sobretudo…. ver!
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É o que, no final das contas, define o que somos, nos dá condições de ser, ou de não ser. É a matéria-prima para tudo que quisermos fazer e acontece nesse momento : o incrível agora.