O dia 2 de abril foi escolhido como Dia Mundial de Conscientização do Autismo, ou simplesmente Dia Mundial do Autismo, ou seja, uma data reservada para a reflexão sobre a condição de cerca de 70 milhões de pessoas, a maioria meninos, que apresentam transtorno de espectro autista. É preciso começar esta reflexão defendendo que o autismo é, na minha visão, uma das etapas da evolução humana, para que nossa espécie não seja extinta por suas próprias atitudes.
Neste ano de 2019, tive o privilégio de produzir um vídeo com o depoimento de um pai de uma criança autista (NÃO DEIXE DE CONFERIR O VÍDEO NESTA PÁGINA). Posso dizer, sem sombra de dúvida, que foi o trabalho mais emocionante de minha carreira como educador e produtor de audiovisuais.
Aqui, socializo minha experiência e aprendizagem desse tão valioso e intenso momento de crescimento pessoal, que foram as gravações realizadas no Núcleo Regional de Educação de Cascavel, onde atuo. Certamente, foram as lições mais importantes da minha vida e que me fizeram repensar o futuro da espécie humana.
Durante a produção, pude perceber que o autista não tem necessariamente dificuldade em se relacionar e estabelecer vínculos afetivos.
Ele apenas o faz com maior seletividade, qualidade, sinceridade, honestidade e intensidade do que a maioria de nós, que muitas vezes pensamos na quantidade de relacionamentos (sejam eles amizades reais ou virtuais), em detrimento da qualidade das relações (quase sempre superficiais).
Foi difícil conter as lágrimas quando o jovem Victor falou que o pai dele era seu “amigão” ou quando ele foi abraçar o pai e fez questão de pular no pescoço dele, com a alegria, felicidade e amor de quem abraça pela primeira vez seu grande herói.
Terminado aquele momento mágico de interação, em que fui testemunha ocular da maior demonstração de vivência de amor eterno que meus mortais olhos puderam contemplar, voltei para a nossa realidade marcada por uma sociedade cada vez mais cruel, violenta e desumana, em todos os níveis sociais, religiosos e intelectuais. Comecei a pensar que o autismo não é uma deficiência, um transtorno, uma doença.
O autismo provavelmente é o próximo passo da evolução humana.
A raça humana, dominada pelos ditos “normais”, caminha para sua plena destruição, perpassando pelo fim de sua humanidade, solidariedade, sinceridade e tolerância (virtudes naturais e abundantes nos autistas).
E como a maior força instintiva que possuímos é a preservação da espécie estamos, através do autismo, evoluindo, pois ou nos tornamos (como) autistas ou faremos companhia para os dinossauros no ranking dos seres extintos. E o que irá nos diferenciar dos gigantes pré-históricos é que nosso meteoro destruidor são a ganância, o egoísmo e o desamor que entraram na órbita do coração humano.
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Gratidão ao Victor e aos seus pais Marcos e Fabiana. Em poucos minutos pude perceber o quanto eu e a espécie humana precisamos evoluir. Por fim, entendi que a discriminação é a atitude ignorante de quem, diante do autista, percebe em seu inconsciente o quão neandertais são seus próprios valores, ideologias e atitudes.
Gratidão, Victor.