“Freud explica!”. Você certamente já deve ter lido ou ouvido essa frase por aí, não é? Mas quem foi Freud e por que ele seria capaz de explicar alguma coisa? Você conhece algum fato sobre a vida desse homem que é considerado o Pai da Psicanálise, um tipo de terapia?
Preparamos um artigo que explica as origens de Freud, quem ele é, suas principais ideias, algumas famosas citações ou frases que ele disse. E também sugerimos de que maneira você pode aplicar os conhecimentos produzidos por Freud em seu cotidiano. Confira o artigo!
Direto ao ponto
Quem foi Sigmund Freud?
Sigmund Schlomo Freud nasceu em 1856, no Império Austríaco, território que hoje corresponde à República Checa. Ele morreu aos 83 anos, em Londres, na Inglaterra, em decorrência de um câncer no palato, que tentou tratar com mais de 30 cirurgias.
Freud foi o responsável pelo desenvolvimento da Psicanálise, uma teoria sobre o funcionamento da psique humana, a qual também transformou em campo clínico e, consequentemente, terapia. Apesar do que muitos pensam, a Psicanálise não é uma abordagem da Psicologia, mas uma investigação teórica independente da Psicologia.
Pouco se sabe sobre os primeiros anos da vida de Freud, porque ele destruiu boa parte dos escritos que fez naquela época. Interessado pelas teorias de Charles Darwin, ele cursou medicina na Universidade de Viena. Depois de se dedicar alguns anos à pesquisa científica, Freud trabalhou em um hospital, tendo se dedicado a casos de histeria ou outros problemas neurológicos.
Foi a partir de 1886 que Freud começou a tratar alguns de seus pacientes com o que chamava de “cura pela fala” ou “cura catártica”, em que permitia que seus pacientes falassem livremente e com poucas intervenções sobre o que quisessem. Foi a partir daí que nasceu a Psicanálise, que o tornou respeitado e admirado (além de criticado, é claro) em todos os lugares do mundo. Para entender mais sobre a Psicanálise, confira os próximos tópicos.
Ao contrário do que se pensa a respeito de alguém que dá o “pontapé inicial” em uma das mais famosas teorias sobre a mente humana, Freud nunca enriqueceu. Ele teve uma vida financeira modesta. Outra coisa que pouco se sabe sobre ele é que era judeu e perdeu quatro de suas cinco irmãs em campos de concentração nos anos em que o nazismo imperou na Europa.
Freud viveu em Viena, na Áustria, dos 17 aos 82 anos, quando partiu para a Inglaterra para fugir justamente do regime nazista. Morreu em Londres, após anos de sofrimento devido a um câncer. Em vida, ganhou adeptos famosos, como Carl Jung e Karl Abraham, além de muitos outros médicos e psicólogos, mas foi só a partir dos últimos anos de sua vida que suas teorias passaram a ganhar popularidade fora dos círculos médicos para se tornar praticamente parte da cultura ocidental.
Id, ego e superego para Freud
A teoria psicanalítica mais famosa entre as muitas estudas e propostas por Freud talvez seja a da divisão do inconsciente. Tentando dar ares científicos à Psicanálise, ele propôs um modelo de divisão do inconsciente. Inconsciente, para ele, é a parte de nossa psique que não podemos acessar por vontade própria, mas que está sempre operando e influenciando nosso comportamento e nossos pensamentos. Segundo a teoria freudiana, o inconsciente seria dividido em três partes: id, ego e superego.
• O id seria o conjunto de processos primitivos, um reservatório de desejos e de pulsões.
• O ego é o mediador, a balança que equilibra o id (nossos desejos) e o superego (nossos conceitos a respeito de moral e ética).
• O superego é a parte do inconsciente que está sempre em conflito com o id, porque representa os nossos conceitos e valores morais e éticos.
Uma crítica que se faz à Psicanálise como um todo, mas especialmente à teoria do inconsciente e da divisão do inconsciente, é que nada disso foi provado cientificamente, o que classificaria a Psicanálise como uma pseudociência, já que ela se intitula ciência, mas não propõe nada com métodos científicos.
Outras ideias de Sigmund Freud
Segundo Freud, todos ou quase todos os comportamentos humanos estão conectados ao modo como manifestamos e reprimimos a nossa sexualidade. Sua teoria dá conta de que o desenvolvimento da sexualidade se dá ao longo de cinco fases ainda na infância (fase oral, fase anal, fase fálica, período de latência e fase genital). De acordo com a Psicanálise, em cada uma dessas fases uma parte do corpo do bebê/da criança é mais exercitada, seja boca, seja ânus, e por aí vai.
Outra tese central da Psicanálise é que a maioria das emoções e dos impulsos humanos está oculta no inconsciente, então é impossível entender as raízes exatas dos nossos desejos e do nosso comportamento, visto que eles são originados numa parte da nossa mente à qual não temos acesso. Ainda segundo a teoria, além da mente consciente e do inconsciente, temos uma outra parte chamada subconsciente (ou pré-consciente), responsável por recuperar informações às quais não temos acesso com frequência, mas que acessamos em momentos nos quais elas são necessárias.
A Psicanálise estuda bastante os sonhos e seus significados. Para Freud, os sonhos são uma representação dos nossos desejos reprimidos. Sua obra mais famosa, inclusive, versa sobre sonhos – “A Interpretação dos Sonhos”, publicada em 1899. Essa ideia sugere que realizamos em sonho aquilo que nos é proibido (muitas vezes por nós mesmos) de realizar na vida desperta, já que que isso “transborda” para os sonhos.
Freud também propôs que a melancolia era um tipo de patologia. Segundo ele, a melancolia afetava o inconsciente. Por essa razão, o indivíduo acometido por ela é incapaz de identificar a origem e os motivos da sua dor. Os sintomas desse problema, segundo o psicanalista, envolvem perda de autoestima e pulsões suicidas, apesar de não haver perdas ou comprometimento de algo concreto ou físico. São sintomas parecidos com aqueles que hoje associamos à depressão.
Frases importantes de Freud
Somos feitos de carne, mas temos de viver como se fôssemos de ferro.”
Os cristãos costumam dizer que Deus não nos dá uma cruz de peso e tamanho que não possamos aguentar, mas sabemos que a realidade, às vezes, impõe a algumas pessoas mais peso e dificuldade, tornando a caminhada difícil. E é isso que fala Freud nessa frase: apesar de sermos fracos, a vida exige que ajamos como se tivéssemos uma força impressionante.
Como fica forte uma pessoa quando está segura de ser amada!”
O amor é uma das forças mais poderosas que existem na vida, capaz de dar força a qualquer um que esteja se sentindo fraco. Palavras de carinho, um abraço, um beijo… Quantas formas de amor podem nos ajudar a superar problemas e dificuldades, deixando a vida mais leve e suportável! Que valorizemos o amor como algo que nos ajuda a seguir em frente!
O homem enérgico e que é bem-sucedido é o que consegue transformar em realidades as fantasias do desejo.”
Para Freud, sucesso é sinônimo de realizar os seus desejos e as suas fantasias, desde que, é claro, a integridade do outro seja respeitada e não seja preciso agredir alguém – física, emocional ou verbalmente – para isso. Então ser bem-sucedido é encontrar meios e forças para conseguir realizar seus sonhos e suas vontades.
Eduque-o como quiser; de qualquer maneira há de educá-lo mal.”
Muitos pais e mães acabam se perguntando: “Será que estou educando bem o meu filho”, mas a verdade, segundo Freud, é que qualquer educação será ruim, porque educar significa instruir e engrandecer, mas também tolher, proibir e indicar caminhos, em vez de apostar na liberdade dos filhos.
A renúncia progressiva dos instintos parece ser um dos fundamentos do desenvolvimento da civilização humana.”
Quantas coisas deixamos de fazer porque nos sentimos impedidos pelas pessoas, pela vida, pelo mundo, pelo sistema ou seja lá pelo que for? A teoria psicanalítica nos ajuda a enxergar que, muitas vezes, somos impedidos de realizar os nossos desejos não por nossa culpa, mas porque realmente nos é impedida a possibilidade de conquistá-los, dada a maneira como o mundo e a sociedade se organizam.
A religião é comparável a uma neurose da infância.”
Freud, que era ateu, costumava comparar a religião a um dos delírios fantasiosos que temos na infância, porque ter fé é, acima de tudo, crer sem evidência, o que não deixa de ser uma fantasia, afinal. Mas ele não julga isso como algo negativo, já que todos temos as nossas fantasias e neuroses, sejam quais forem.
A maioria das pessoas não quer realmente a liberdade, pois liberdade envolve responsabilidade, e a maioria das pessoas tem medo de responsabilidade.”
Quando nos é permitido fazer tudo, aí é que precisamos agir com responsabilidade, porque há muito mais possibilidades de cometermos erros do que nas situações em que as oportunidades nos são reduzidas. Portanto Freud afirma que muita gente apenas diz querer a liberdade, mas a verdade é que poucos estão preparados para lidar com a responsabilidade que ela implica.
A ciência não é uma ilusão, mas seria uma ilusão acreditar que poderemos encontrar noutro lugar o que ela não nos pode dar.”
Sigmund Freud se afastou, ao longo de sua vida, de tudo que envolvesse religião e espiritualidade, tanto é que rompeu com o famoso Carl Jung justamente porque Jung incluía a espiritualidade em seus estudos. Para ele, portanto, nem tudo pode ser explicado pela ciência, mas tampouco é saudável buscar explicações fora dela.
O pensamento é o ensaio da ação.”
Assim como uma peça de teatro passa por muitas sessões de ensaio antes de finalmente ser apresentada, nossa vida segue o mesmo conceito. Antes de finalmente realizarmos alguma ação, desenvolvem-se os pensamentos e desejos que nos direcionam rumo a essa ação. Por isso, é importante que pensemos muito antes de tomar decisões, porque esses pensamentos nos ajudam a “ensaiar” e evitar “improvisações” no momento da “apresentação”.
Se quiseres poder suportar a vida, fica pronto para aceitar a morte.”
Diz-se por aí que a vida só tem sentido porque existe a morte, já que, se nos fosse possível viver infinitamente, pouco estaríamos preocupados com a urgência e a necessidade de realizar, visto que teríamos todo o tempo possível à disposição. Por isso, segundo Freud, é preciso aceitar a morte, para que a vida se torne possível e suportável.
Como aplicar as ideias de Sigmund Freud
Antes de pensar em aplicar as ideias de Freud na sua vida, pense: você concorda com as teorias dele ou acha, por exemplo, a existência do inconsciente um absurdo? Se você encontra sentido naquilo que foi criado por ele, é possível aplicar alguns de seus ensinamentos em nossas vidas.
Por exemplo: pense nas últimas grandes decisões que você tomou na sua vida, sejam aquelas planejas, sejam aquelas que você precisou formular de última hora. Elas foram fruto de um pensamento estruturado e lógico ou foram decisões que você tomou sem saber explicar como chegou a elas? Tente entender os momentos em que você age usando sua mente consciente e o seu inconsciente para estudá-lo e tentar, mesmo que minimamente, compreendê-lo.
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Ao analisar aquilo que você não fez com a sensação de estar realizando conscientemente, pense: o que o seu inconsciente diz sobre os seus desejos? Se no inconsciente estão contidos os nossos desejos e as nossas fantasias mais ocultas, o que os seus dizem sobre você? O que você está querendo aí no fundo que está movendo a sua vida nas direções que você vem seguindo?
E se você realmente acredita em tudo aquilo que foi ensinado por Freud, pense nas insatisfações da sua vida, nos seus problemas emocionais e tente conectá-los às suas insatisfações ou sexuais ou aos desejos e fantasias que você vem reprimindo. Com a ajuda de um psicanalista, você pode entender de que maneira os seus desejos sexuais vêm influenciando o seu comportamento.
Sigmund Freud foi uma das figuras mais importantes (e polêmicas) da nossa História. O que você acha das teorias dele? Acha que elas são verdadeiras? Acredita na existência e na ação do subconsciente? Compartilhe conosco as suas impressões e peça a opinião das pessoas com quem você convive!
