Capricórnio, décimo signo do zodíaco, é o zênite da vida individual. O ciclo preparatório das energias vitais está completo, e a forma se transforma em substância. No hemisfério norte, começa o inverno. Na superfície da terra, enquanto os seres humanos buscam refúgio e proteção, tudo parece imóvel e inerte; mas nas camadas mais profundas, as sementes aguardam o momento de nascerem. Esta é a primeira característica do signo: uma vida oculta, lenta e tenaz, disfarçada por uma camada de indiferença.
Este signo é ambicioso e disciplinado. No aspecto positivo, é um dos signos mais estáveis, sendo prudente, cauteloso e paciente. Tem bom senso de humor e é reservado. Trabalhador, responsável e prático, um capricorniano persiste para alcançar seu objetivo. Honestos e disciplinados, são bons gestores.
Como é muito exigente consigo mesmo, também exige muito dos outros. Podem se deixar levar pela melancolia e pelo pessimismo. Devem procurar manter a estabilidade emocional com exercícios de meditação ou outra atividade que auxilie no relaxamento. Como são reservados, é provável que tenham poucos amigos, mas permanecem leais a eles. Pode ser difícil manter um relacionamento amoroso por conta desse distanciamento, mas quando se apaixonam são fiéis e um pouco ciumentos.
Em Capricórnio, fundem-se duas energias: a energia do elemento terra e do elemento água. Sua representação gráfica é um animal composto na parte superior por uma cabra (ou bode, representando o consciente) e na parte inferior por um peixe (o inconsciente).
Vários mitos exemplificam o signo de Capricórnio. Na antiga mitologia babilônica, o deus Ea, meio cabra e meio peixe, é o senhor das águas originais da criação. Em sânscrito (antiga língua da Índia), o nome “capricórnio” corresponde a outro animal anfíbio, o crocodilo, evidenciando sua natureza dual: das águas (inconsciente) emerge a matéria (consciente), que irá rumar em direção ao infinito (espírito).
A qualidade do peixe é mística e sacrificial: para se tornar divino é preciso sacrificar aquilo que é humano. O bode, durante as festividades em honra ao deus grego Dionísio (Baco, para os romanos) era sacrificado ao deus. Assim, o sacrifício leva à transcendência daquilo que é inferior para um nível superior.
A lenda sobre a cabra Amaltéia exemplifica este sacrifício em prol da elevação. Amaltéia era uma cabra que alimentou o deus Zeus (Júpiter, para os romanos) com o leite tirado de seu chifre, a cornucópia. Os deuses decidiram que esta cabra tinha que ficar escondida em uma gruta isolada, pois era muito horrível para ser vista – e poderia perturbar o pequeno Zeus.
Crescido, Zeus teve que enfrentar os temíveis titãs, deuses-gigantes, que foram os ancestrais dos deuses do Olimpo e se opunham a sua pretensão de tomar o poder. Zeus precisaria de armas para combater os titãs, e o oráculo (adivinho) sugeriu que ele matasse a cabra Amaltéia e vestisse sua pele, tornando-se invulnerável.
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Nesse mito, vemos o sentido trágico do sacrifício de Capricórnio: servir aos outros e depois morrer, por um bem comum (daí a expressão “bode expiatório”). Capricórnio assume um sentido trágico, pois seu sacrifício exalta a qualidade divina que deve triunfar sobre a qualidade humana. Neste signo, está reunida toda a experiência do processo de identificação. Somente na expiação e na solidão é que Capricórnio vai conhecer o sentido do próprio destino.
Referências
“Astrologia e Mito”- R. Sicuteri – Editora Pensamento – São Paulo – 1978;
“O Livro de Ouro da Mitologia” – Thomas Bulfinch – Ediouro Publicações Ltda. – Rio de Janeiro – 2003.
