Dia de Iemanjá
Nos tempos atuais, falar de religião e laicidade sempre levanta grandes discussões entre familiares, amigos, companheiros de associações, nos diversos tipos de lugares que possam ser enumerados.
O Brasil, inicialmente declarado oficialmente na Constituição de 1824, país católico apostólico romano e sendo proibida a construção de templos externamente diferentes das igrejas tradicionais, com outros cultos podiam ser praticados no domicílio, hoje tem uma pluralidade de religiões, em diversas matizes.
Era a Igreja Católica que exercia diversas funções na sociedade e uma parte da população seguia seus preceitos. Casar sobre as leis da Igreja era passaporte para todos os ambientes. A comunidade tinha o suporte das paróquias para aliviar seus pensamentos e pecados, auxiliar aos mais desafortunados, as festas importantes eram baseadas nas comemorações dos dias dos santos, eventos onde havia participação de quase todos, fosse na arrumação, fosse no atendimento, ou mesmo desfrutando do que era oferecido.
A partir da separação da religião da política através de um decreto de Rui Barbosa, na recém implantada República Brasileira, a desvinculação passou a ser feita.
Mas será que a sociedade nacional realmente pensa que a liberdade religiosa existe?
O que se diz de alguém que se declara ateu, ou de religiões de matrizes africanas como candomblé e umbanda?
“Nossa, você realmente acredita somente no Big Bang?”
“O que sente se não pede nada pra Deus?”
“Deus me livre desta macumba!”
“Sempre de branco às sextas-feiras? Só pode ser macumbeiro.”
Recentes casos de destruição de Casas de Santo que tem assustado a população praticante, porém perseverante, nos dá uma ideia da dificuldade de manter as crenças em nosso país.
Há uma onda de conservadorismo que faz com que as pessoas, que professam religiões ligadas ao Cristianismo, sintam-se no direito de discriminar outros rituais, seja pela pluralidade de divindades, seja pelos sacrifícios (eu nem sei se eles são praticados mesmo).
Será que podem mesmo agredir verbal e/ou fisicamente, destruir as imagens, e outros atos de violência contra a pessoa e/ou patrimônio, vão acabar com estas religiões?
Na Bahia, durante o mês de janeiro, há uma festa muito grande e tradicional, que é a Lavagem do Senhor do Bonfim, símbolo do sincretismo religioso e da boa convivência entre dois pensamentos de celebração daquilo que vem do Criador, situação em que se pode ver pessoas evidentemente católicas tomando banho de água de cheiro derramadas dos potes carregados por mulheres notadamente crentes nos orixás. Sem brigas, sem neuras, destilando amor e respeito.
Não se pode rejeitar ninguém por sua escolha religiosa, pois as crenças pregam amor, respeito, auxílio ao próximo, desprezam ações do mal.
Dia 2 de fevereiro é dia de Iemanjá
Será mais uma grande celebração na Bahia e em muitas cidades litorâneas deste nosso grande país. O sincretismo dita que ela é Nossa Senhora, pode ser da Conceição, da Piedade, Virgem Maria, e recebe outros nomes de origem africana como Dandalunda, Janaína, Princesa do Mar, Rainha do Mar.
São oferecidas flores e perfumes, que são lançados ao mar em pequenos barcos. As pessoas pedem proteção, pois ela é considerada protetora dos pescadores, e dona das vidas daqueles que vão para o mar.
Isso faz parte da influência africana que entrou no país quando os negros foram sequestrados e trazidos para serem escravizados. Não podiam cultuar seus deuses e, por isso, relacionavam-nos aos santos católicos.
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Tudo que se quer hoje, é respeito e aceitação às crenças de cada grupo, para que haja excelente convivência entre todos… cada um na sua.
Espante seu preconceito e desinformação para bem longe e viva em paz!
Referências bibliográficas