Espécies do fungo Candida geralmente vivem como parasitas benignos e raramente produzem doenças em pessoas saudáveis. Residem normalmente no trato gastrointestinal, na vagina, na pele e na boca. No entanto, a Candida albicans é a causa mais frequente de infecções por fungos em seres humanos.
A maioria dos tipos de infecções por Candida se origina quando a flora parasitária normal rompe as barreiras da pele e das mucosas, ficando confinada a esses ambientes ou se disseminando amplamente. Em pessoas com imunidade deficiente, os organismos Candida causam infecções, que se manifestam de formas diferentes.
A mais comum candidíase é a provocada pela espécie albicans, entretanto há outros tipos. Nas pessoas com cateteres intravenosos ou submetidas à diálise peritoneal, os organismos Candida podem atingir a corrente sanguínea.
Identificar os sintomas da candidíase é fundamental para buscar ajuda médica e reduzir os riscos de gravidade da infecção. Conheça mais sobre esse assunto e se detectar algum sintoma procure um médico!
O que é candidíase
A candidíase é uma infecção causada pelos fungos Candida e está associada à queda da imunidade, ao uso de imunossupressores e corticoides, de antibióticos, de anticoncepcionais, à gravidez, a alergias, ao HPV (papilomavírus), ao HIV (vírus da imunodeficiência humana) e ao diabetes. Pode afetar órgãos genitais femininos, órgãos genitais masculinos, pele, unhas, boca, garganta e a corrente sanguínea, nos casos mais graves.
Para 90% dos casos, aproximadamente, a candidíase é causada pelo fungo do tipo Candida albicans, entretanto ela pode ocorrer devido a outras espécies não albicans, que são glabrata, tropicalis, krusei, parapsilosis e Saccharomyces cerevisiae, sendo mais incomuns.
Mais de 70% das mulheres podem ser afetadas pela candidíase na vagina e na vulva, sendo que quase metade terá um segundo episódio da infecção e aproximadamente 5% terão uma recidiva mais de uma vez ao ano.
O fungo Candida está presente em cerca de 20% da população feminina, ele faz parte da flora vaginal e convive bem com outros microrganismos.
Nos homens, a candidíase não ocorre com tanta frequência, contudo também pode surgir, principalmente em função dos fatores de risco abordados anteriormente.
Nas crianças, a candidíase pode provocar desconforto, dor e recusa a se alimentar, surgindo na boca (sapinho) e nos genitais externos ou nos dois locais simultaneamente.
Tipos de candidíase
Candidíase vaginal – ocorre em mulheres com o sistema imunológico debilitado ou com a flora vaginal desequilibrada, quando o fungo já existente no corpo consegue se reproduzir em demasia, sem ser freado pelas defesas do organismo.
Candidíase oral – também conhecida como “sapinho”, pequenas aftas e dificuldade para engolir são as características dessa infecção, que acomete crianças, idosos, adultos que praticaram contato íntimo sem proteção, pessoas em tratamento que comprometem o sistema imunológico e diabéticos.
Candidíase masculina ou balanopostite – também chamada de candidíase no pênis, ocorre pela debilidade das defesas do organismo em função de doenças como diabetes, por higiene deficiente e por uso de fralda geriátrica. É menos comum do que a candidíase vaginal, contudo precisa ser cuidada quando se manifesta.
Candidíase na pele – é uma infecção causada na pele em função do atrito que cria pequenas lesões e do ambiente propício com calor, umidade e alimento para os fungos proliferarem. É conhecida como intertrigo e não está associada a outros fatores. Pode ocorrer na virilha, nas nádegas, na barriga, sob as mamas, entre os dedos das mãos e dos pés, na parte interna da coxa e nas axilas.
Candidíase de esôfago – causada pelo fungo Candida albicans, é conhecida por esofagite de causa infecciosa, sendo o tipo mais raro de inflamação no esôfago e predominando em pessoas com baixa imunidade, principalmente nos pacientes com aids (síndrome da imunodeficiência adquirida) e câncer. É mais comum em adultos e menos em crianças, exceto nos casos de deficiência da imunidade.
Candidíase disseminada – também chamada de invasiva, ocorre principalmente em pessoas com o sistema imunológico debilitado, atingindo recém-nascidos de baixo peso, imunossuprimidos, e tem a característica de uma infecção hospitalar. O fungo atinge a corrente sanguínea e pode afetar qualquer órgão, como cérebro, baço, rins, olhos, válvulas cardíacas e causar complicações graves, podendo evoluir para óbito.
Por que ela aparece em nosso corpo?
A candidíase surge no corpo humano devido a um desequilíbrio orgânico, quando o sistema imunológico está debilitado e as defesas do organismo não conseguem combater a proliferação do fungo causador da infecção, que passa a se reproduzir em demasia e a causar diversos sintomas, dependendo do local acometido.
Alguns hábitos podem aumentar o risco de proliferação do fungo Candida albicans, que é o tipo mais comum, causando a candidíase. Veja a seguir:
Consumo excessivo de alimentos ricos em carboidratos simples, gorduras, proteínas e de doces – para proliferar, o fungo precisa de um ambiente de pH ácido e se alimenta de glicose, ambos facilitados pela ingestão em excesso de alimentos com tais características.
É por isso que pessoas diabéticas têm grande probabilidade de ter candidíase, principalmente com níveis desequilibrados de glicose no sangue.
Áreas quentes e úmidas – as partes íntimas, boca, garganta e zonas de dobra de pele são as mais propícias para o surgimento da candidíase, por serem áreas quentes e úmidas, ambientes preferidos do fungo para se proliferar.
Aumento no nível do hormônio estrogênio – as mulheres grávidas que naturalmente têm um aumento nos níveis de estrogênio, assim como aquelas que fazem terapia hormonal, têm uma tendência maior a ter infecções fúngicas, incluindo a candidíase, principalmente a genital.
Você também pode gostar
- Conheça a relação entre problemas emocionais e candidíase
- Extravase sentimentos sufocantes e evite a candidíase
- Descubra os sinais que indicam a baixa imunidade
Uso de antibióticos – há inúmeras bactérias na flora vaginal. Algumas são aliadas do organismo e ajudam a combater outras e fungos nocivos à saúde. Quando do uso de antibióticos de amplo espectro (eficazes contra uma gama grande de bactérias), eles eliminam também na flora os microrganismos benéficos, possibilitando a proliferação dos fungos da candidíase.
Gravidez – durante a gravidez há um aumento na produção de lactobacilos, maior vascularização da área genital, mudança do pH da vagina, que se torna mais ácida, favorecendo a proliferação do fungo e a ocorrência da candidíase.
Sexo sem proteção – a candidíase não é considerada uma doença sexualmente transmissível (DST) nem uma infecção sexualmente transmissível (IST), entretanto ela pode ser transmitida por meio do contato sexual para órgãos genitais e boca, sendo recomendado primeiro concluir o tratamento da candidíase para daí retomar a vida sexual, inclusive porque áreas íntimas lesionadas podem estar sensíveis e trazer desconforto.
Outros fatores de risco – diabetes, gripes fortes, uso de drogas, imunossupressão medicamentosa (uso de medicamentos para tratamento de câncer, transplantes, HIV etc.), ingestão insuficiente de vitaminas e sais minerais, alto nível de estresse, noites maldormidas, insônia são outros fatores que podem influenciar o surgimento da candidíase.
Sintomas da candidíase
Fique alerta aos sinais do organismo para a candidíase e sempre procure um médico.
Evite se deixar seduzir pelas propagandas na televisão ou pela opinião de pessoas não habilitadas, porque além de não ajudar, o problema pode se agravar. Lembre-se de que só o médico pode recomendar medicamentos e dosagens seguros.
Sintomas da candidíase vaginal
- Coceira genital de intensidade variável, acentuada na fase pré-menstrual, corrimento branco e espesso, podendo ser amarelo e até acinzentado, dependendo do tipo de fungo Candida causador da infecção;
- Leve inchaço dos lábios vaginais (também conhecidos como grandes lábios);
- Ardência na região da vulva (a parte externa da vagina);
- Pele rachada próxima à vulva;
- Ardência ao urinar;
- Dor durante relações sexuais
Sintomas da candidíase oral
- Vermelhidão, ardência e desconforto na boca;
- Dor e dificuldade para engolir;
- Manchas brancas dentro da boca e na língua;
- Rachaduras no canto da boca
Sintomas da candidíase masculina ou peniana
- Coceira, ardência e inchaço na ponta do pênis;
- Ardência ao urinar;
- Feridas (rachaduras) na pele do pênis;
- Corrimento branco e agrupado;
- Odor forte;
- Dor durante as relações sexuais
Sintomas da candidíase na pele
- Vermelhidão na região das dobras;
- Coceira e queimação na região das dobras;
- Saída de líquidos nas lesões;
- Descamação;
- Escurecimento da pele nessa região com formação de erosões e crostas
Sintomas da candidíase de esôfago
- Dor ao engolir;
- Dor no peito;
- Náuseas e vômitos;
- Dores abdominais;
- Perda do apetite
Sintomas da candidíase disseminada
- Febre;
- Urina turva;
- Dores de cabeça;
- Vômitos;
- Articulações inflamadas
Qual médico especialista procurar para o tratamento da candidíase?
Na presença dos sintomas da candidíase, o melhor a ser feito é buscar ajuda médica, como já mencionado. Lembre-se de que somente ele pode avaliar com precisão a real existência da infecção, quais exames complementares são necessários, se for o caso, e quais medicamentos devem ser prescritos.
Ginecologista, urologista, clínico-geral, dermatologista, pediatras e gastroenterologistas são profissionais que podem identificar, a partir de exames clínicos e outros, a presença de candidíase.
É importante relatar ao médico sobre quando surgiram os sintomas, a data da última menstruação, a data da última relação sexual, se há patologias relacionadas, como diabetes, HIV, HPV, câncer etc. e o uso de medicamentos e de suplementos. Se houver uma recorrência do quadro de candidíase, ela também precisa ser informada.
Como é feito o diagnóstico da candidíase?
Para confirmar a presença da candidíase, além do relato do paciente e do exame clínico, o médico poderá solicitar exames mais detalhados com o objetivo inclusive de detectar o tipo de fungo Candida. Veja como é o procedimento para cada tipo de candidíase:
Candidíase vaginal – após o levantamento histórico da paciente, o médico irá realizar o exame clínico, quando utiliza um espéculo para abrir as paredes uterinas de modo a visualizar a vagina e o colo do útero, além de coletar amostras de corrimento. Uma análise dessa amostra (bacterioscopia) poderá ser encaminhada para o laboratório para detalhamento do diagnóstico. Um exame de colposcopia (Papanicolau) pode detectar o fungo, não necessariamente sendo candidíase. Outro fator é que alergia ou hipersensibilidade local pode ser vaginose citolítica. Por isso, é fundamental a avaliação médica.
Candidíase peniana – a partir do histórico do paciente, o médico fará uma avaliação clínica do pênis e poderá, com a coleta de corrimento, solicitar o exame laboratorial.
Candidíase oral e esofágica – a partir do histórico do(a) paciente e do exame clínico realizado, o médico poderá coletar fluido (escarro e saliva) da boca para encaminhar à análise e constatar a ocorrência da candidíase.
Candidíase na pele – o médico poderá fazer uma raspagem da pele e exame com hidróxido de potássio, para eliminar a hipótese de infecção por fungo, poderá aplicar uma luz negra (lâmpada de Wood) sobre o local para eliminar a hipótese de infecção bacteriana (eritrasma) e em casos mais raros realizar uma biópsia de pele. Ele pode ainda solicitar um exame de sangue para verificar a possibilidade de diabetes.
Candidíase disseminada – para a detecção da candidíase disseminada, o médico deverá solicitar um exame de cultura do fungo no sangue, fluido pericárdico ou amostras de tecido retiradas por meio de biópsia em órgãos afetados.
Quais os tratamentos para a candidíase?
O médico deverá prescrever, de acordo com o tipo de candidíase, medicamentos antifúngicos por via oral e o uso de cremes e pomadas para tratamento local. O tipo de medicação, a dosagem e o tempo de duração do tratamento variam de acordo com a gravidade da infecção, principalmente se ela for recorrente, quando poderá ser associada com mudança nos hábitos alimentares e no estilo de vida. Para o caso de candidíase genital, mesmo ela não sendo transmitida sexualmente, as relações sexuais deverão ser suspensas durante o tratamento, até o restabelecimento da mucosa e da pele.
Para o caso de candidíase disseminada, forma mais grave da infecção, o tratamento será feito no hospital, com monitoramento médico e medicamentos mais fortes.
Vale lembrar que mesmo com a bula nenhum medicamento deve ser utilizado sem orientação médica. Procure sempre um médico!
Como tratar a candidíase na gravidez?
Os medicamentos antifúngicos do mercado, inclusive algumas pomadas e alguns cremes de uso tópico, são contraindicados para as mulheres grávidas, uma boa razão para procurar o médico.
Aqui a atenção deve ser redobrada, porque é comum o fungo se tornar resistente e haver vários episódios de candidíase durante a gestação.
A influência sobre o bebê é grande e se naturalmente o organismo dele não combater a infecção ele poderá ter a presença de pequenas feridas dentro da boca (sapinho), nos primeiros dias de vida, especialmente no nascimento por parto natural.
Para contribuir com o tratamento
Algumas medidas podem ser adotadas durante o tratamento, de modo a obter melhores resultados. Conheça quais são:
Evite fumar e consumir bebidas alcoólicas, principalmente em concomitância com medicamentos;
Evite alimentos ricos em açúcar e amido, carboidratos, proteínas animais, carnes processadas, amendoim e oleaginosas e gorduras;
Tome bastante líquido, preferencialmente água;
Evite ter relações sexuais durante o tratamento;
Use o medicamento prescrito até o prazo determinado pelo médico, pois esse comportamento ajuda a evitar a reincidência da infecção;
Evite roupas apertadas, úmidas ou molhadas e muito quentes;
Dê preferência a roupas íntimas de algodão;
Como se prevenir para não ter candidíase?
Já dizia o velho ditado “Melhor prevenir do que remediar”, começando pelo fato de ser mais econômico e muito mais saudável. Siga estas dicas para evitar a candidíase:
- Evite roupas muito justas ou apertadas, de tecidos pesados ou meias-calças com frequência. Dê preferência a roupas leves ou de algodão;
- Troque regularmente as roupas de banho, preferencialmente arejando e secando as peças ao sol, diariamente;
- Evite permanecer por um período longo com roupas de praia ou piscina molhadas ou úmidas. Lembre-se de que no verão a incidência de candidíase aumenta, pois os fungos do tipo Candida encontram um ambiente de calor e umidade propício à proliferação. A dica também se estende a evitar tecidos sintéticos, que não permitem ao corpo “respirar”, gerando calor e umidade decorrente da transpiração;
- Use sabonetes íntimos líquidos para higiene genital, pois eles são especificamente recomendados para essa região e são formulados para manter o pH neutro, próximo ao natural;
- Mantenha a pele limpa e seca, principalmente nas dobras, axilas e na região genital;
- Evite o uso de absorventes diários e de absorventes internos, pois eles aumentam a temperatura da região íntima e a umidade do local. O planeta também agradece;
- Dê preferência a secar as roupas íntimas em local arejado, fora do banheiro, para que as peças não fiquem úmidas por tempo prolongado;
- Use preservativo em todas as relações sexuais;
- Somente faça uso de medicamentos com prescrição médica, principalmente antibióticos;
- Mantenha os níveis de glicose no sangue sob controle, principalmente se já tiver diabetes;
- Estabeleça momentos de lazer para a sua vida, que ajudam a desestressar;
- Adote uma terapia como a meditação para manter equilíbrio emocional, para relaxar e para dormir melhor. Busque extravasar sentimentos negativos.
Ao longo do texto você percebeu que para evitar a candidíase é importante o comportamento que preserva o sistema imunológico, uma adequada higiene corporal, o uso de vestuário leve e preferencialmente em tecidos naturais, uma alimentação mais saudável e a consciência da medicação orientada por um médico.
Até com os microrganismos existentes na flora gastrointestinal precisamos manter harmonia, que depende de nós, seres inteligentes. Mantenha-se em equilíbrio e cuide-se!