Quando o assunto é saúde mental, existem algumas condições que são chamadas de transtornos de personalidade. Um transtorno de personalidade é caracterizado por padrões alterados no modo de pensar, reagir e se relacionar com o mundo, o que afeta as habilidades sociais do indivíduo e o modo de lidar com situações de estresse. Estes, por exemplo, são alguns dos sintomas de transtorno de personalidade borderline.
Entre os dez tipos de transtorno de personalidade, o borderline, também conhecido como transtorno de personalidade limítrofe, está dentro do grupo que tende a parecer dramático ou errático. É o caso também do transtorno de personalidade histriônica (em que o paciente busca atenção o tempo todo) e do transtorno de personalidade narcisista (em que o paciente busca ser admirado).
Pessoas com borderline costumam agir de forma irracional e criam grande dependência em relação aos outros, o que pode trazer diversos prejuízos para a vida. Para ajudar a reconhecer o transtorno e buscar tratamento, o ESF preparou um conteúdo completo sobre os sintomas de transtorno de personalidade borderline. Confira:
Direto ao ponto
- O que é transtorno de personalidade borderline?
- Causas
- Como é feito o diagnóstico?
- Existem exames para acompanhar e avaliar a saúde do paciente?
- Qual o tratamento eficaz para o transtorno?
- O que fazer para evitar o transtorno de borderline?
- Recomendações para quem tem transtorno de personalidade de borderline
O que é transtorno de personalidade borderline?
Antes de entrarmos propriamente nos sintomas, vamos entender o que é transtorno de personalidade borderline. Essa síndrome é caracterizada pela instabilidade de humor, autoimagem e comportamento. Pacientes com borderline costumam agir de forma impulsiva e têm muito medo de serem abandonados pelos amigos.
As mudanças repentinas não acontecem toda hora, mas, muitas vezes, há uma alternância súbita entre momentos de estabilidade e de raiva ou extrema melancolia. Os sinais costumam surgir na adolescência e se intensificam na vida adulta — por isso não podem ser confundidos com a típica “rebeldia” dos jovens.
Outros transtornos semelhantes são a doença bipolar e a esquizofrenia. Para diferenciar, é necessária a avaliação de um psiquiatra ou psicólogo. Saiba mais sobre os sintomas:
Quais os sintomas de transtorno de personalidade borderline?
Na maioria das vezes, os sinais da síndrome borderline surgem após acontecimentos aparentemente banais, como uma mudança de planos. São eles:
- Sentimentos negativos intensos: reações de medo, raiva ou vergonha de forma desproporcional à situação;
- Julgamentos variáveis sobre si mesmo e sobre os outros: em um curto intervalo, a autoestima da pessoa vai de muito alta a muito baixa;
- Medo extremo do abandono: pode sentir vontade de tomar atitudes extremas ao menor sinal de desinteresse de amigos e familiares;
- Dificuldade de controlar as próprias emoções: costuma ter momentos extremos de nervosismo ou euforia;
- Tendência a comportamentos compulsivos: principalmente no que diz respeito a jogos, drogas, dinheiro ou alimentos;
- Impulsividade: não leva muito em conta as regras sociais ou a lei, por exemplo;
- Insegurança: não acredita nas próprias qualidades e também desconfia muito dos outros;
- Sensação de vazio e rejeição: acredita que está sempre sendo excluído por pessoas próximas;
- Dificuldade para aceitar críticas: dá muita importância ao julgamento dos outros, mesmo que seja feito de forma construtiva;
- Alterações súbitas de humor: variação entre depressão, raiva, felicidade, entre outros sentimentos;
- Irritabilidade: o nervosismo pode provocar situações de agressividade;
- Pensamentos suicidas: por vezes, pode levar a ameaças e até a tentativas, de fato.
Causas
O porquê do transtorno de personalidade borderline não está claro para a ciência. Muitos acreditam que a síndrome pode surgir por condições genéticas, em que alterações nas estruturas do cérebro predisponham seu desenvolvimento.
Por outro lado, desconfia-se que experiências traumáticas na infância também possam provocar o transtorno. É o caso, por exemplo, de quem vivenciou o enfrentamento de doenças ou morte, passou por situações de abuso psicológico ou sexual, sofreu com negligência ou problemas de separação, entre outras tragédias.
Como é feito o diagnóstico?
Se você jogar “Borderline teste” no Google, facilmente vai encontrar vários sites com questionários que supostamente confirmam ou não o diagnóstico do transtorno. No entanto não existe um teste capaz de cravar isso. Identificar o transtorno de personalidade borderline é complicado até mesmo para um médico.
Por isso, se houver suspeita, busque um psicólogo ou psiquiatra com experiência na síndrome. A partir da descrição do seu comportamento e da realização de alguns exames que excluem outras doenças, como o hemograma e a sorologia, o profissional fará o diagnóstico adequado e orientará sobre a melhor maneira de começar o tratamento.
Quais são as consequências do transtorno de personalidade borderline?
Sem tratamento, as consequências do borderline na vida do paciente são muitas. As principais áreas afetadas são os relacionamentos e a carreira. Entenda:
- Perda de laços: pelo comportamento instável, amigos e familiares podem acabar se afastando, o que aumenta o sentimento de rejeição e solidão;
- Perda de emprego: os comportamentos impulsivos também podem dificultar a permanência em um trabalho e a elaboração de um plano de carreira;
- Perda de dinheiro: a tendência à compulsividade e aos vícios podem fazer com que a pessoa gaste muito dinheiro sem se dar conta;
- Abuso de substâncias: para tentar amenizar os sintomas, muitos recorrem a drogas e outras substâncias extremamente prejudiciais;
- Desenvolvimento de outros transtornos mentais: é comum que a síndrome borderline surja em conjunto com distúrbios do humor, transtornos de ansiedade e distúrbios alimentares;
- Tentativa de suicídio: nos casos mais extremos, pensamentos suicidas podem tomar conta do paciente.
Existem exames para acompanhar e avaliar a saúde do paciente?
Uma vez diagnosticado o transtorno de personalidade borderline, não existem exames que devem ser feitos rotineiramente pelo paciente. Para manter a saúde mental em dia, o que ele deve fazer é realizar o acompanhamento com o psicólogo ou psiquiatra e seguir o tratamento à risca.
Qual o tratamento eficaz para o transtorno?
Mas, afinal, qual é o tratamento para quem tem a síndrome de borderline? A alternativa mais comum no início do quadro é a terapia. O modelo de terapia varia e é indicada pelo psicólogo ou psiquiatra, dependendo do indivíduo e do seu histórico com o transtorno. As mais comuns são:
- Terapia comportamental dialética: com foco em pacientes de alto risco, como aqueles com pensamentos suicidas.
- Terapia cognitivo-comportamental: busca a mudança da cognição e comportamento do paciente;
- Terapia familiar: atende todos os membros da família ao mesmo tempo;
- Psicoterapia individual: promove o autoconhecimento do paciente sobre os próprios sentimentos.
Quando apenas as terapias não dão conta, o profissional pode recomendar um remédio para borderline. Em geral, são estabilizadores de humor, antidepressivos, tranquilizantes e antipsicóticos. Mas atenção: esses medicamentos só podem ser tomados com prescrição médica.
Por fim, será que o transtorno de personalidade borderline tem cura? A resposta é: não. Mas, seguindo o tratamento adequadamente, o paciente é capaz de controlar as próprias emoções, diminuir a impulsividade e amenizar as consequências da síndrome no dia a dia. Não há um tempo certo para a duração do tratamento.
O que fazer para evitar o transtorno de borderline?
Como não se sabe exatamente quais são as causas da síndrome de borderline, é difícil estabelecer atitudes de prevenção. No entanto aqui vão duas dicas:
— Cobrar e realizar intervenções sociais: campanhas e ações que protejam as crianças de situações de abuso, como assédio sexual e violência doméstica, são extremamente importantes para evitar o desenvolvimento de problemas mentais entre as novas gerações;
— Identificar os sintomas precocemente: quanto antes os sinais do transtorno borderline forem reconhecidos e o tratamento for iniciado, melhores serão os resultados.
Recomendações para quem tem transtorno de personalidade de borderline
Pacientes com transtorno de personalidade borderline costumam apresentar outros tipos de problemas de saúde mental e tendem a ter hábitos mais prejudiciais. Por isso, se você tem borderline e quer melhorar a sua qualidade de vida, lembre-se de:
— Procurar ajuda se estiver pensando em se machucar ou se suicidar;
— Manter uma boa alimentação;
— Praticar exercícios físicos;
— Incluir hobbies no seu dia a dia;
— Tentar entender que as pessoas gostam de você, mesmo quando não podem sair com você;
— Esforçar-se para lidar da melhor forma com compromissos desmarcados e mudanças de plano;
— Expressar exatamente o que está sentindo para as pessoas ao seu redor.
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Esses cuidados, assim como o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, são capazes de promover uma vida normal para aqueles com transtorno de personalidade borderline. Por isso, se perceber algum dos sintomas e suspeitar que pode ter a síndrome, não hesite em procurar ajuda profissional.