Observar o funcionamento da natureza pode nos ajudar a trabalhar com a nossa própria natureza. Quando a natureza se prepara para o inverno, antes dele chegar, as folhas caem. As árvores perdem suas lindas cores (que já foram anteriormente transformadas pela menor incidência de luz solar durante o outono) e ficam peladas. A cor escura dos troncos e dos galhos contrastam ainda mais com o branco da neve. No inverno, as aves migram e os animais se recolhem. O silêncio externo impera. E, no silêncio da natureza, somos convidados a entrar em contato com o nosso próprio silêncio – coisa para a qual não fomos “treinados”…
Nós, brasileiros, somos de uma natureza quente, falante, extrovertida… Viemos de um país onde predomina o verão (mesmo no inverno) e o movimento de estar para fora e em expansão é o contrário do movimento de recolhimento e introversão que vemos morando em países de clima frio.
Após o primeiro ano, passada a fase de adaptação, vemos que, por mais longo que seja o inverno, ele passa. Uma hora a primavera começa a dar seus ares, os passarinhos se reaproximam, as flores brotam da noite para o dia, as cores vão retornando… Começam a surgir mais pessoas nas ruas, crianças pegam suas bikes, outras batem suas bolas de basquete na frente da casa… Rapidamente a temperatura vai subindo, o verão chega, estão todos compartilhando comidas e bebidas à beira dos lagos, dando e recebendo na energia de abundância que o verão nos proporciona. Até que, enfim, o outono novamente se apresenta, nos presenteando com as belezas de suas cores.
Não tem nada de errado com o inverno! Ele acontece e a natureza se prepara para ele.
O mesmo ocorre dentro de nós. Muitas pessoas acham que ficam deprimidas quando se mudam para um país de clima frio ou passam pelo primeiro inverno. Talvez seja um momento de adaptação da nossa natureza a uma nova natureza. Não necessariamente ficamos deprimidos: podemos estar apenas aprendendo a entrar em contato com o nosso próprio “inverno”, que nos prepara para um recolhimento interno. Algo que pode, se bem apreciado, revelar as belezas dos contrastes da nossa natureza humana, que é dual e dinâmica – não somos lineares, previsíveis e estáveis.
A natureza não se autodiagnostica, não se autocritica, nem se pune por estar no inverno. Ela simplesmente é inverno, no tempo em que ela precisa “estar inverno”.
Se você se preocupa por se achar em “depressão” em um momento de mudança, ou durante o inverno, respire. Vou repetir: RES-PI-RE! Dê tempo ao seu próprio tempo. Não mudamos as estações: nem as internas, nem as externas. Elas têm o seu próprio tempo e o seu próprio ritmo. Observando e respirando, podemos aprender com cada uma delas.
Que no inverno aqui do hemisfério Norte, você possa apreciar, no silêncio do seu ser, a beleza da natureza que é você, que se manifesta através de e em você.
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