Eles chegam mudando sua vida, seu mundo, desconstruindo alicerces, te mostrando novos horizontes, te jogam muitas vezes num ciclo insano de noites mal dormidas, de choros, febres, dentes nascendo, uma loucura atrás da outra.
Precisamos de coragem pra querer ter filhos neste mundo, neste país. Coragem para deixar de ser o centro, colocar-se à margem e perceber que pelo menos por um tempo é ele e não você o foco de toda a atenção.
Precisamos ter flexibilidade para mudar a rotina, o corpo, o humor, quem sabe o trabalho, os planos da próxima viagem, a casa e o carro. Flexibilidade para sermos levados pela força dos ventos que sopram no dia a dia.
Precisamos escutar quando nossos filhos ou filhas ainda não sabem falar, escutar o que cada choro diz, escutar cada arroto pra saber que não houve engasgo. E olha que se engana quem acha que rapidamente os bebes falarão e darão trégua a nossa escuta decifradora. Eles levam muitos anos pra se apoderar efetivamente de uma linguagem clara e me arrisco e te provoco dizendo que talvez isso nunca aconteça. Me diga com sinceridade, você sabe dizer tudo que sente? Você acredita que domina a linguagem oral? A arte de dialogar sem atacar, sem ofender, sem menosprezar ou comparar? Até hoje, que já somos adultos não sabemos contar, falar sobre nossos sentimentos, medos e amores.
E aí temos a presença, porque estar ao lado ou na mesma casa, na mesma festa, no mesmo passeio não é estar junto. Presença requer entrega, presença requer abrir mão do celular, do tablet, da agenda, dos problemas, de toda e qualquer coisa que te leve o pensamento. Presença é sentar, olhar, escutar, brincar e conversar juntos. E nossos filhos/filhas são incansáveis nessa demanda. Não digo aqui pra ficarmos alienados de tudo que se passa ao redor, mas ouso afirmar que sim, precisamos encontrar alguns momentos durante o tempo que estivermos com eles para deixar tudo para lá para que de fato estejamos juntos.
E assim segue uma lista imensa de coisas que precisamos fazer e/ou estar atentos enquanto ocupamos os lugares de pai e mãe. Por isso escrevi no início que de simples não há nada na maternidade/paternidade. Mas se lerem isso com aquele olhar alegre, esperançoso e amoroso que precisamos ter para com nossos rebentos, você terá lido nas entrelinhas que nossa coragem nos faz viver diariamente aventuras, conquistas, sentimentos plenos e intensos. E a vida é isso! A vida vai acontecendo a cada choro/sorriso, a cada passo, palavra e gestos conquistados. Essa coragem de sermos mães e pais nos possibilita ver a vida florescer em nossa casa e em nossas mentes. Ela descortina de nosso olhar a dúvida de um amanhã medíocre porque ela nos convoca a atos diários de amor e delicadeza e não há vida insignificante diante disso.
Então diante de tanta complexidade por que não dizer que no fundo, lá no fundo, ser pai ou mãe é simples sim? Basta estarmos entregues ao amor que essa experiência nos proporcionará.
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