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Sobre pensamentos de escassez e de abundância em tempos desafiantes

Homem de perfil com ligações dos pensamentos iluminados em fundo escuro
Profile of a bearded man head with a symbol of neurons in the brain
Escrito por Dulcineia Santos

Ninguém (ou quase ninguém) vai negar que vivemos tempos desafiadores, preocupantes. Não importa o quanto de fé e crença na abundância você tenha, o fato é que são tempos de incerteza: ninguém sabe realmente como será a vida depois que tudo isto passar.

A primeira mensagem que recebi da minha irmã sobre o assunto foi dizendo que achava que não poderia vir me visitar em julho. E estávamos ainda em março! Acho que esta situação vai fazer as pessoas ficarem mais ainda com suas mentes no futuro ou, quando verem que não podem controlar muita coisa, vai ensiná-las a viver o presente.

A preocupação com o futuro e a corrida insana aos supermercados trouxe à tona um assunto que já é bem discutido: a questão do pensamento de escassez e/ou da crença na abundância. O problema é que, muitas vezes, o primeiro vem disfarçado do segundo.

É escassez ou abundância?

Quando conheci o Enenagrama, descobri que me identifico com o número 1, mas tenho muito do número 5. O “pecado” do número 5 é justamente o pensamento de escassez.

Para você ver como isso pode ser disfarçado, uma das maneiras que a escassez aparece é na acumulação, não só de coisas óbvias, como comida, mas também de conhecimento. Se você acompanha minha coluna, sabe que eu sou bem viciadinha em fazer cursos.

Mulher sentada em sofá com notebook no colo vista de cima
Foto de Pixabay no Pexels

Outra coisa que eu achava que era um pensamento abundante: ter a geladeira cheia. Se você pensa assim, bem, sinto em te dizer que esse é um pensamento de escassez e de falta de confiança de que amanhã vai haver o suficiente. E é por esse tipo de pensamento errôneo que as pessoas foram acometidas esses dias.

Uma das maneiras de diferenciar escassez e abundância é: abundância é fluxo. Escassez é acúmulo, energia estagnada.

Se você conhece um pouco a Bíblia, sabe que Moisés tirou os israelitas do Egito e atravessou o deserto com eles. Durante essa travessia, Deus fez com que caísse dos céus o maná, que serviria para os alimentar todos os dias. Mas, com o milagre, deu uma série de instruções: pegue só o suficiente para si e para os que moram na sua casa e, de forma alguma, guarde as sobras para amanhã.

Havia sempre aqueles que, mesmo vendo a neve de maná caindo dos céus todos os dias, achavam que no dia seguinte não teriam mais o que comer. Armazenavam, e o resultado era que o acampamento todo fedia. O pensamento de escassez de um afetava toda a comunidade.

Ainda, para continuar na Bíblia, a Oração do Pai-Nosso nos foi ensinada: “O pão nosso de cada dia nos dai hoje.” O próprio Jesus deu a dica ali: o pão de hoje. Basta, amanhã pedimos de novo.

Garoto sentado no chão com mãos apoiadas no joelho
Foto de Pixabay no Pexels

Se você pensar na maneira que temos vivido, é muito baseado na escassez:

medo, por exemplo, que contrai, ao invés de expandir;

modelos de escassez no marketing, que assinalam o tempo todo a bandeirinha de que vai acabar, é só para hoje, depois você não terá mais acesso;

de informações em excesso, a maioria delas incitando o medo;

de competição (se tiver espaço no mercado para você não tem para mim).

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Para mim, essa vai ser mais uma das lições que este vírus veio trazer (porque, acredite, ele está aqui para nos ensinar). Vamos ter que aprender a pensar no próximo, não só no sentido de não espalhar o vírus, mas também de que se eu acumular aqui, pode ser que fique mais difícil para outra pessoa. Sem contar que a decisão de acumular, estocar, está baseada no medo. Sempre que a sua energia estiver alicerçada no medo, não pode estar baseada no amor ao mesmo tempo.

Vamos ter que confiar que, quando isso acabar, a grande maioria de nós vai estar bem. Vamos talvez ter que recomeçar de alguma forma, com um novo modelo amoroso, mas vamos ficar bem.

Sobre o autor

Dulcineia Santos

Dulcinéia Santos é consultora de desenvolvimento para a maturidade, praticante certificada da ferramenta MBTI® de tipos psicológicos e coach. É também autora do livro “A Namorada do Dom”, em que conta as lições que aprendeu nos relacionamentos e na sua jornada até a Suíça.

Acredita que a vida é cheia de lições e que se não as aprendemos não passamos pro próximo nível do jogo. Saiu de casa cedo e foi morar no mundo – agora está na Suíça, onde estudou antroposofia por três anos. Gosta de tomar cerveja no boteco enquanto papeia, de aconselhar, da língua portuguesa, de cozinhar, de ficar só e de flexibilidade de horários. É esotérica, mas acha que estamos encarnados para viver as experiências terrenas com o pé no chão – de preferência dançando.

Formações:

Bacharel em línguas aplicadas

Brain Based Coaching Certification
NeuroLeadership Group – Londres

MBTI® – Myers-Briggs Type Indicator – Step I and Step II
Myers-Briggs Foundation – Florida, USA

Antroposofia
Goetheanum – Dornach, Suíça

Terapia Multidimensional
Genebra – Suíça

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