O BEIJO DE UMA ROSA
NA VIDA REAL E NA MÚSICA
– Parte I –
Você já teve um sonho com trilha sonora?
Pois bem, o tema de hoje é exatamente esse. E com a deliciosa música “Kiss from a Rose”, do Seal. Interessante é observar os movimentos da psique e os sinais que ela nos envia, em especial através dos sonhos e dessas “trilhas sonoras”.
Neste texto, eu gostaria de considerar algumas ideias e possibilidades como respostas elucidativas para o feminino, partindo de uma instância interna da mulher: o Animus.
O Animus corresponde às figuras masculinas internas da mulher, que se apresentam nos sonhos femininos. Quando uma mulher sonha com essas figuras masculinas, por exemplo, significa que a ela está se comunicando com essa instância interna, que se projeta fora de seus sonhos, constelando-se em sua vida real através das figuras masculinas que os homens representam para ela como figura feminina, em geral:
• Meninos (Animus infantil);
• Jovens galanteadores e apaixonados por ela (Animus puer, irresponsável ou sedutor embusteiro);
• Adulto (Animus maduro, podendo ser uma imagem representativa de uma instância mais sagrada);
• Ou velho (o velho sábio ou o senex, o rabujento, o interditador, a figura de autoridade).
Este Animus pode se constelar sob a forma de um filho, de um homem, de um membro masculino da família, como um irmão, um chefe, mas, em geral, o primeiro contato com o Animus que a mulher tem é com alguém que represente a imago paterna.
Geralmente, os sonhos trabalham em sincronia com um determinado grupo, podem se sincronizar com pessoas que trabalham na mesma empresa, no grupo familiar ou em qualquer outra forma de grupo social. Isso significa que os sonhos são o resultado de uma mensagem que a psique coletiva está engendrando para determinado grupo, sendo que, além dos ajustes coletivos, o sonho individual de cada membro será reflexo dos ajustes individuais que ele ou ela em particular sonhou, uma vez que os sonhos são um função reguladora da psique humana.
Logo, temos circunstâncias, no caso da mulher, em que o Animus pode se apresentar para um grupo feminino a fim de comunicar algum símbolo, que será traduzido por esse grupo e por cada mulher em particular: como uma necessidade de tomar aspectos em si mesma, uma missão heroica feminina para se harmonizar com as circunstâncias apresentadas por esse Animus do sonho. E cada sonho em particular vai comunicar também, às outras, aspectos que elas não perceberam ou que não lhes foram apresentados em seus sonhos pessoais.
Neste texto, eu compartilho uma resposta de um “Animus considerador” que deseja se comunicar com sua *Anima. Ele deseja lhe enviar uma mensagem, lhe dizer algo muito importante: ele existe. E está ativo, procurando por ela dentro dela.
Essa percepção chegou-me através de uma cliente que relatou uma sequência de sonhos interligados, como se um fosse continuação do capítulo anterior, porém, nesta sequência de artigos separada em quatro partes, compartilho apenas a conclusão, para tornar mais fácil nossa análise comparativa, quando abordamos a questão da diferenciação feminina do Animus atávico (o desconsiderador, o infantil, o “Barba Azul” ou o “Puer”), muito presente no inconsciente feminino atual, onde filmes como 50 Tons de Cinza fazem sucesso e tornam “normal” a desconsideração do masculino: nascemos e vivemos em uma sociedade patriarcal com “alguns parâmetros” matrifocais, mas as questões de equidade nas relações não mudam muito.
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Então, na próxima semana, nos aprofundaremos melhor no tema através da belíssima música de Seal, com O Beijo de uma Rosa! Até lá!
Glossário:
*Anima: aspecto feminino interior do homem
**Animus: aspecto masculino interior da mulher