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Startup espanhola usa música para tratar pacientes de Alzheimer

Escrito por Silvia Jara

Uma pequena empresa espanhola que usa a música como forma de melhorar a qualidade de vida de pacientes de Alzheimer em UTI, é uma das vencedoras da VII edição do Prêmio de Jovens Empreendedores Sociais da Universidade Europeia.

Três irmãos: Pepe, Maria e Maria del Mar Olmedo e mais Noemi Álvarez são os criadores desse projeto que ainda está em sua fase inicial, mas que esperam formalizá-lo muito brevemente.

Os criadores dizem: “buscamos melhorar o estado dos pacientes, promovendo, conscientizando e estendendo essas práticas ao tratamento farmacológico. Usamos para fins terapêuticos, músicas que tenham acompanhado a vida desses pacientes”. Segundo Pepe Olmedo, psicólogo e um dos criadores do projeto, esse é o principal objetivo do Projeto “Música para Despertar”, melhorar a qualidade de vida dos pacientes de Alzheimer e outras demências, assim como de seus familiares, cuidadores e os profissionais que os atendem.

Segundo Olmedo, as áreas do cérebro responsáveis pela memoria musical e a capacidade de sentir emoções estão entre as últimas a serem afetadas pela doença, o que torna essa terapia possível. Agora, quais são os efeitos da música nos pacientes? No geral, observam-se resultados positivos no que se refere à agitação e ansiedade, na melhoria da qualidade de vida, no estado de ânimo, nas recordações, no estado físico e fisiológico, na capacidade de se sociabilizar. Também é muito importante observar que esse estado geral de melhora acaba se refletindo também nas relações com os familiares e cuidadores.

No momento em que os pacientes estão expostos à música, os movimentos coordenados, as emoções intensas, as recordações de toda uma vida são despertadas, trazendo de volta o sentimento de autonomia. Isso é muito importante porque faz com que se sintam protagonistas de suas próprias vidas. Apesar de suas vidas já terem um caminho difícil e definido, esse sentimento pode tornar esse caminho menos penoso, mais amoroso.

Além disso, essa terapia complementar oferece uma alternativa interessante aos tratamentos farmacológicos, na medida em que: tem baixos custos, não oferece efeitos secundários e valoriza o caráter humano e a qualidade de vida do paciente.

Como funciona?

A escolha das músicas usadas com cada paciente se deu após a apresentação do Projeto aos familiares e de uma entrevista posterior para conhecer as músicas que acompanharam o paciente durante sua vida.

Também foram oferecidos cursos e oficinas para formação de profissionais, tornando-os aptos a utilizarem essa técnica como uma alternativa realista de tratamento às técnicas já existentes.

Por que o projeto foi criado?

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Observando o tratamento dado aos pacientes de demências (Alzheimer, Parkinson, etc), especialmente aqueles já em estados mais avançados, notou-se que havia necessidade de se mudar alguma coisa.

De um lado, encontraram profissionais, cuidadores e familiares sobrecarregados e, muitas vezes, sem formação ou recursos para lidar com uma situação tão complexa e complicada. Do outro, pacientes mal atendidos e, em muitos dos casos, tratados com excessiva carga de medicamentos, que poderiam ter mais benefícios se fossem usadas outras terapias, não farmacológicas para fases mais avançadas da doença, como o caso do uso da música “autobiográfica” (aquela que acompanha os pacientes durante suas vidas).

Pepe Olmedo diz: “A técnica une duas paixões na minha vida: a psicologia e a música. Trabalhar com isso e gerar uma nova visão sobre essa questão me encheu de alegria e motivação. Uma forma de exercer meu trabalho da melhor forma possível.”

E quando o projeto surgiu?

O projeto foi iniciado no principio de 2013 com o objetivo de buscar alternativas para os cuidados dos pacientes com transtornos de comportamento (ansiedade, agitação, nervosismo, agressividade e outras questões associadas à demência).

A inspiração veio a partir do conhecimento do vídeo de Henry (um paciente com Alzheimer), inserido no documentário americano chamado “Alive Inside”, onde trabalhavam com a música “autobiográfica”, assim como Pepe e sua equipe o faz.

Após diferentes pesquisas bibliográficas dentro da literatura científica, o projeto começou a ser executado no Centro de Mayores Cáxar de la Vega de Cájar (em Granada, Espanha) beneficiando 30 pacientes e seus familiares e também fornecendo treinamento para os profissionais que cuidam deles.

Atualmente, o grupo tem conseguido sensibilizar milhões de pessoas, mundo afora, através de seus vídeos (Espanha, México, Argentina, Brasil, Equador, Chile, Venezuela, EUA, Canadá, Perú, Porto Rico, etc) e recebendo e respondendo mensagens de muitas pessoas. Contam com mais de 15 mil seguidores e a intenção é fornecer treinamento para que o projeto se estenda e seja implementado em diferentes países, e se torne uma coisa comum e coerente.

Por ser algo inovador, de baixo custo e não ser um tratamento invasivo, o “Música para despertar” tem recebido vários prêmios, demonstrando que existem muitas formas complementares aos métodos tradicionais de se tratar essas enfermidades e, ainda assim, obter resultados capazes de superar expectativas clínicas.

Quais as diferenças de outras propostas similares, ou seja, de outros tratamentos complementares?

No geral, a música é usada no tratamento eficaz da demência através da musicoterapia e da figura de um musicoterapeuta, mas com uso de ferramentas distintas. No projeto “Música para despertar” existem aspectos diferentes:

1. São utilizados fones de ouvido que reproduzem a música, sem a necessidade de outros instrumentos musicais.
2. A participação do musicoterapeuta não é obrigatória
3. A seleção musical é obtida a partir das músicas favoritas de cada pessoa.

Isso possibilita aos pacientes, obter os benefícios e os diferentes efeitos positivos da música que pode ser reproduzida em qualquer lugar, de maneira rápida, confortável, simples, econômica. Seus efeitos estão ao alcance de todos e se estendem a pacientes com graus de demência de moderado a avançado e com níveis de recursos diversos.

A startup dá consultoria e treinamento a profissionais, cuidadores e familiares oferecendo informações sobre as demências e as maneiras corretas de lidar com os diferentes transtornos. O objetivo é conscientizar e difundir o uso da música como uma ferramenta de amor nesse caminho. A formação é feita online através de redes sociais, portais de informação ou presencialmente em Centros da Terceira Idade, Academias, Congressos, Palestras, etc.

Buscam orientar um trabalho verdadeiramente interdisciplinar onde se desenvolvam técnicas específicas e flexíveis para um cuidado genuíno desses pacientes. A atenção é focada no atendimento individual e específico de cada pessoa, compreendendo e acolhendo sua história de vida tanto quanto sua trilha sonora vital.

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A iniciativa visa motivar os cuidadores, profissionais e familiares sob o prisma da emoção, usando as evidências teóricas e práticas de que as emoções estão vivas nesses pacientes, até mesmo nos casos mais avançados. Para isso instrumentam os profissionais, familiares e cuidadores com estratégias de gestão emocional. A startup compartilha uma filosofia de trabalho baseada em pilares essenciais para melhorar a condição do paciente: amor, aceitação, validação, paciência, escuta ativa, consciência plena, reminiscências, flexibilidade, estimulação cognitiva, criatividade, senso de humor e rotina.

Em quais cidades atuam?

Atualmente o projeto tem um centro em Granada na Espanha e estão implantando outro centro em Córdoba. Brevemente também estarão em Málaga, Sevilla, Jaén, Madrid, Aragón y Tenerife na Espanha. Também estão trabalhando com a possibilidade de trazer o projeto para São Paulo.

Últimos movimentos do Projeto

Estão se associando a Centros de Terceira Idade e diferentes empresas do setor, levando assim o projeto simultaneamente a diferentes locais, ofertando formação adequada e segmento das atividades.


  • Texto traduzido e adaptado por Silvia Jara da Equipe EuSemFronteiras

Sobre o autor

Silvia Jara

Depois dos dois primeiros anos do Eu Sem Fronteiras, resolvemos atualizar nossas informações e isso foi um belo exercício de reflexão!
Nosso propósito sempre foi ajudar as pessoas na busca do autoconhecimento e eu, pessoalmente, não fiquei isenta disso.

Em meu perfil anterior disse: “olhando para trás percebo que, em minha vida, as coisas sempre aconteceram de maneira fluida, sem muito planejamento, embora tenha verdadeira admiração pelo planejamento ‘das coisas'”. Hoje entendo que foi o foco no presente que me fez seguir o fluxo da vida em muitos momentos, sem me preocupar com o ontem ou com o amanhã. As coisas caminharam como deveriam ser.

Minha paixão pela publicidade se transformou na paixão por pessoas, comportamentos, sentimentos, atitudes e, principalmente, na capacidade e necessidade do ser humano de se comunicar, compartilhar e crescer. Minha formação acadêmica em Publicidade não mudou, mas minha formação humana tem sofrido diversas e importantes mudanças no sentido de compreender que sozinhos não chegaremos longe. Somos um sistema e como tal, precisamos uns dos outros.

Minha capacidade analítica e observadora, aplicada à Pesquisa Qualitativa de Mercado que, até então, me serviu para compreender o comportamento de consumo das pessoas e grupos, agora parece muito mais voltada a me compreender, a olhar para dentro de mim e buscar minha essência verdadeira. É praticamente impossível ficar ilesa, isolada e desconsiderar tantas informações e conteúdos com os quais lidamos no dia a dia de nossa redação.

Hoje entendo que o trabalho em áreas comerciais, marketing de empresas, agências de publicidade e a atuação em pesquisa de mercado estavam me preparando para esse mergulho no autoconhecimento. Nada é coincidência!

A curiosidade pelo mundo espiritual, pela meditação, pela metafísica, pela energia vital está se transformando em novos conhecimentos e práticas: Reiki, Apometria, Constelação Familiar, Thetahealing, PNL, EFT, Florais e tantas outras técnicas. Sigo acreditando que o questionamento, a busca de informação e a vivência me levarão a conhecer minha missão de vida, meus caminhos e minha plenitude.

Trabalhando no Eu Sem Fronteiras desde 2014, tenho aprendido muitas coisas, vivenciado outras tantas e não sei onde isso chegará! O que me importa é continuar nessa busca. É um caminho sem volta no qual o grande objetivo é aceitarmos que somos sujeitos de nossa própria vida, os únicos capazes de transformá-la.

Grande abraço e muita luz!

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