Respiração correta junto à dança e exercícios cerebrais se tornou um método alternativo para auxiliar crianças com dificuldade de aprendizado nas escolas. A professora Silvana Garcia introduziu o método e já pôde perceber melhorias no desempenho dos alunos.
Silvana Garcia é professora da escola EMEF David Canabarro, em Canoas, no Rio Grande do Sul. Sua função é especificamente orientar crianças com deficiência física e intelectual dentro e fora da sala de aula, no período escolar. Junto com a professora regular da turma, Elisama Kemel, ambas procuravam há tempos soluções para facilitar o aprendizado das crianças com deficiência, além de maneiras para integrar estes alunos com os demais colegas da classe.
“Depois de um tempo, descobri os exercícios cerebrais, que consistem em movimentos corporais estimuladores da respiração e dos cruzamentos do cérebro. Conversei com outra professora que é da Diretoria de Inclusão da Secretaria de Educação do município, e ela me trouxe mais material. No início, as crianças que tinham mais dificuldade de parar, ouvir e prestar atenção debochavam e ficavam nos imitando. Mas a gente não valorizava isso. Foi um estranhamento muito grande, porque elas não estão acostumadas com atividades diferentes. É sempre aquela coisa: entra, faz chamada, senta um atrás do outro, ninguém fala, ninguém respira, vira pra frente, não se mexe”, conta Silvia.
De acordo com a professora, com o passar do tempo, o novo método foi um sucesso, não só para os alunos que aderiram essa prática como também para outros professores do colégio. A partir de então, todos os dias antes de iniciar as atividades, os alunos se submetem a uma sequência de exercícios que se difere diariamente.
“Para mim, o melhor resultado disso tudo foi a autoestima. Os alunos passaram a acreditar mais neles mesmos, além de acreditar que sua mente e inteligência estavam melhores. Nós vimos que, acima de qualquer coisa, eles estavam se valorizando. A gente falava muito isso, que tal exercício era para ‘abrir os canais de inteligência do cérebro’ e eles ficavam admirados. Foi muito contagiante”, afirma ela.
Os professores do colégio contam que a técnica trouxe nítidas melhorias tanto no aprendizado como no comportamento dos alunos dentro e fora da sala de aula, sendo percebido até mesmo pelos pais das crianças.
Saiba mais sobre a influência da respiração no aprendizado:
A respiração é responsável por realizar a troca de oxigenação do corpo. Se pensarmos a partir do ponto de vista energético, a respiração correta e controlada faz uma melhor liberação da energia, fortalecendo a mente. Para a ciência, esse processo é um impulso elétrico que libera neurotransmissores – substância química produzida em uma célula do cérebro, capaz de conduzir e transmitir uma informação de um neurônio a outro – que fecham um circuito cerebral.
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Isso significa que, quando nosso cérebro capta um aprendizado, consequentemente, um circuito cerebral é fechado. Sendo assim, quem não respira corretamente não é capaz de fechar esse circuito, pois não oxigena o cérebro. Ou seja, se a oxigenação for baixa, o aprendizado também não será produtivo. Isso é comum, por exemplo, em crianças com adenoide ou uma pessoa ansiosa, ambas com dificuldades para respirar corretamente.
O fato é que uma boa respiração, pausada e profunda, expande o circuito cerebral e a memória.
Texto escrito por Natália Nocelli da Equipe Eu Sem Fronteiras