Tenho pensado muito sobre algumas coisas que acontecem ao meu redor, com pessoas conhecidas e desconhecidas. Esses acontecimentos estão muito frequentemente ligados à busca da felicidade e à frustração ao não conseguir alcançá-la ou a perda do interesse assim que se alcança o objeto de desejo.
Tenho pensado sobre o que nos ensinaram e o que muitos ainda acreditam ser esse encontro com a tal felicidade.
Vivemos num mundo de ofertas infinitas para a compra da felicidade. Casas luxuosas, joias, viagens, carros, brinquedos, marcas. Poderia enumerar tantas outras. Porém, acho que isso já é suficiente para compreendermos o valor real das coisas. Podemos sim ter cada uma dessas coisas, sem problema algum. A única coisa que não podemos é depositar a nossa felicidade nisso. Ao fazermos isso, perdemos a nossa paz, passamos a ser escravos daquilo que desejamos conquistar. Ser escravo significa estar preso a qualquer tipo de objeto, pessoa, religião, cargo e assim por diante. O ser humano vive em busca da liberdade por entender que isso é felicidade e, por outro lado, prende bolas de ferro aos seus pés que o impedem de caminhar livremente, sem dependências.
Toda vez que colocamos a nossa felicidade em algo externo, criamos raízes que nos prendem ao material.
Lembro do tempo em que andar descalço e brincar na enxurrada era apenas uma diversão, que não apresentava riscos. Hoje, a enxurrada traz doenças e representa algo sujo e perigoso. Algumas pessoas chamam tais lembranças de melancolia ou saudade do passado. Eu entendo que existia mais tempo para o “ser”. A preocupação estava no ser criança, ser divertido, ser aluno, ser pai, ser filho, cada qual ao seu tempo. Vivíamos o presente no tempo presente. Hoje, muitas pessoas vivem deslocadas para o passado ou para o futuro, esquecendo que só se vive no presente.
O passado é um tempo que fechou e o futuro é um tempo que não chegou. Enquanto nos ocupamos demasiadamente com eles, o presente passa.
O “ter” pode estar muito associado ao poder. Ao depositarmos nossa felicidade em algo externo, nunca alcançamos o objetivo, pois não depende de nós. Quando aproveitamos o que nos é ofertado pela vida, pelo universo, com toda sua singeleza e amor, aí sim vivemos, aprendemos e evoluímos.
O “ser” está ligado ao nosso interior, ao conhecimento de nós mesmos, àquilo que sentimos e percebemos. O “ter” está para o externo assim como o “ser” está para o interno.
Como estamos escolhendo viver: para fora ou para dentro? Não há certo ou errado, apenas escolhas. Cada escolha implica numa consequência e dessa não podemos escapar.
E, como sempre, uma reflexão para encerrarmos o tema de hoje com uma colocação de Carl G. Jung sobre alguns fatores que podem fazer a felicidade na mente humana:
- Boa saúde física e mental;
- Boas relações pessoais e íntimas, como as do casamento, da família e amizades.;
- Perceber a beleza na arte e na natureza;
- Padrões de vida razoáveis e trabalho satisfatório;
- Um ponto de vista filosófico ou religioso capaz de lidar com sucesso com as vicissitudes da vida.
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E a pergunta que não quer calar: será que ainda temos dúvidas entre o “ter” ou o “ser” como caminho para a felicidade?