Já parou para pensar que, mesmo quando consideramos que estamos a sós, na verdade não estamos, nunca estamos?
Hoje escolho escrever sobre as caronas que oferecemos e sobre as bagagens que decidimos levar em nossas viagens. Aqui me refiro a viagem como esse deslocar cotidiano pelas paisagens mais conhecidas, o trajeto ordinário e erroneamente tido como repetido.
Nada se repete quando nos deixamos encantar pela beleza que nos cerca, pois reconhecemos o movimento sempre presente em nós mesmos e naquilo e naqueles com que e/ou quem convivemos.
Nós podemos até ser os únicos a trilhar determinado caminho naquele instante, naquele recorte do tempo cronológico, mas serão nossas companhias constantes e certeiras tudo aquilo que levamos em nossa bagagem interna. É com elas que iremos partilhar, comungar nossa existência, mesmo diante do desejo ou até mesmo da ação de alterar a paisagem externa na qual estamos inseridos.
Compartilhamos nossos itinerários com nossos pensamentos, com nossas emoções, com as vozes que estabelecem diálogos quase sempre constantes em nossas mentes, com a maneira que escolhemos nos colocar diante desse caminho, o que inclusive interferirá nas marcas que nossas pegadas deixarão pelo solo percorrido.
Essa bagagem interior, de cuja companhia podemos não nos dar conta dependendo do quanto estamos presentes ou ausentes nas nossas próprias vidas, pode por vezes tornar o caminho mais árduo ou cansativo ou então ser o combustível que nos encoraja a seguir caminhando confiantes e desfrutando da jornada.
Preparar a mala envolve fazer escolhas, perguntar-se “O que vai? O que fica?” e, a partir daí, decidir como acomodar a bagagem e, por vezes, dar-se conta que uma vez iniciado o caminho pode ser que essa bagagem necessite ser revista e repensada.
Eu gosto de chamar o caminho de peregrinação. Esse deslocar-se que me permite reconhecer e sentir o sagrado presente na própria travessia, não como um destino a ser alcançado. Essa imagem me auxilia a desfrutar de cada passo, a estar atenta e disponível caso haja a necessidade de alterar a rota e até mesmo de fazer uma pausa.
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Esse trajeto compartilhado faz parte de uma escolha consciente sobre com quem e com o que queremos dividir nossas experiências, mesmo que estejamos aparentemente a sós em determinada jornada.
Façamos boas escolhas!