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Transtornos alimentares: você sabe identificá-los?

Transtorno alimentar
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Escrito por Eu Sem Fronteiras

O que você pensa sobre comer uma pizza no meio da semana, ou ir ao cinema e comprar o maior tamanho da pipoca e um refrigerante? Se você não acha isso normal, talvez tenha chegado a hora de reconsiderar seus pensamentos e conclusões sobre sua alimentação.

Hoje, não importa em qual ponto geográfico do planeta você esteja, com certeza existem muitas opções de junk foods (comidas porcarias, literalmente) ao seu redor. Aproveite e analise: quantas opções de comidas industrializadas você consegue contar? E quantas de alimentação saudável e natural?  

Realmente, é muito mais fácil ter uma alimentação ruim e, portanto, o cuidado é fundamental, assim como colocar restrições na dieta. Mas isso não significa que sair com os amigos e comer besteira uma vez na semana deva ser considerado um crime.

A dificuldade em se manter saudável e a pressão social para ter um corpo perfeito fazem com que muitas pessoas desenvolvam transtornos alimentares. A bulimia e a anorexia são os transtornos mais conhecidos, mas não são os únicos.

A anorexia e a bulimia são caracterizadas pela preocupação com a estética corporal e pelo medo excessivo de ganhar peso – seja massa magra ou massa gorda, uma vez que há distorção da imagem. As pessoas que desenvolvem essas doenças também possuem uma imagem totalmente alterada da realidade de seus corpos, muitas vezes acreditando que estão acima do peso, mesmo quando já atingiram níveis alarmantes de magreza.

O que são?

Mulher transtornada
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Antes de especificar alguns tipos, é importante entender o que são transtornos alimentares, de forma geral. De acordo com o Genta (Grupo Especializado em Nutrição e Transtornos Alimentares):

“São síndromes psiquiátricas caracterizadas por alterações dramáticas do comportamento alimentar que apresentam a maior taxa de mortalidade dentre todos os transtornos psiquiátricos (aproximadamente 15%). São caracterizados pela prática de dietas restritivas e aleatórias e uso de métodos inadequados para perda e manutenção de peso. Há também uma série de cognições disfuncionais sobre conceitos nutricionais e relação complicada com o alimento”.

Ainda deve-se ressaltar que os transtornos são produtos de uma complexa inter-relação entre aspectos biológicos, psicológicos e socioculturais.

Causas

  • Fatores genéticos: pesquisas indicam maior prevalência de transtornos alimentares em algumas famílias, sugerindo uma agregação familiar com possibilidade de um fator genético associado;
  • Fatores biológicos: alterações nos neurotransmissores moduladores da fome e da saciedade como a noradrenalina, serotonina, colecistoquinina e diferentes neuropeptídeos têm sido postuladas como predisponentes para os transtornos alimentares;
  • Fatores socioculturais: a obsessão em ter um corpo magro e perfeito é reforçada no dia a dia da sociedade ocidental. A valorização de atrizes e modelos, geralmente abaixo do peso, em oposição ao escárnio sofrido pelos obesos, é um exemplo disso;
  • Fatores familiares: dificuldades de comunicação entre os membros da família, interações tempestuosas e conflitantes podem ser consideradas mantenedoras dos transtornos alimentares;
  • Fatores psicológicos: algumas alterações características como baixa autoestima, rigidez no comportamento, distorções cognitivas, necessidade de manter controle completo sobre sua vida, falta de confiança podem anteceder o desenvolvimento do quadro clínico.

Anorexia

No caso da anorexia, a pessoa costuma se recusar a comer, chegando a sentir repulsa por qualquer alimento. A grande maioria dos casos de anorexia começa a aparecer com a redução gradual da quantidade de alimentos ingeridos, até que a pessoa alcance um estágio onde consome quantidades absurdamente pequenas de comida por dia. Além do emagrecimento rápido e desenfreado, quem possui este transtorno também costuma passar pelo ressecamento da pele, a queda de cabelos, anemia e, no caso das mulheres, a suspensão da menstruação. No comportamento, também podem ser percebidas algumas mudanças relevantes, como uma preocupação excessiva com a imagem corporal, certo isolamento na hora das refeições familiares e a prática exagerada de atividades físicas.

Bulimia

Já no caso da bulimia, o indivíduo possui episódios de compulsão alimentar. Isso quer dizer que ele come uma quantidade relativamente grande de comida em um curto espaço de tempo e depois se culpa por isso. E então, para compensar, a pessoa geralmente toma medidas drásticas para reduzir o ganho de calorias, como a indução do vômito, o uso de medicamentos como laxantes e diuréticos e a prática de exercícios físicos em excesso – tudo para evitar o ganho de peso.

As pessoas que sofrem com este transtorno alimentar geralmente apresentam uma percepção de imagem distorcida, assim como na anorexia, mas os sintomas físicos podem ser bastante diferentes. Nesses casos, principalmente por conta dos vômitos, as pessoas notam o surgimento de dores de garganta, úlceras gástricas e até a redução do paladar. No comportamento, também podem ser observados episódios de isolamento, principalmente após as refeições, quando eles buscam minimizar os efeitos da ingestão dos alimentos.

É importante lembrar ainda que tanto a bulimia quanto a anorexia podem chegar a níveis muito graves de degradação do organismo, podendo, inclusive, levar à morte se a pessoa não procurar ajuda médica.

Ortorexia

Comida saudável
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Menos conhecida, a ortorexia também é considerada um transtorno alimentar. Diferente da anorexia e da bulimia, esta é caracterizada pela obsessiva preocupação com uma alimentação extremamente saudável, então a pessoa – compulsivamente – necessita saber o que está comendo, sua procedência e seus componentes. As pessoas afetadas por este transtorno acabam entrando em uma paranoia tão grande para consumir apenas os alimentos leves, saudáveis e indicados para uma dieta que, muitas vezes, acabam pulando refeições ou deixando de se alimentar por falta de opções “saudáveis”.

É exatamente nesse ponto que está o problema da ortorexia. Justamente essa obsessão em ser tão saudável pode causar sérios danos à saúde. Além de uma alimentação baseada somente em vegetais, legumes e frutas não nutrir corretamente o corpo humano, as pessoas que sofrem com a ortorexia também acabam deixando de conviver socialmente, pois alguns eventos básicos, como um simples almoço com os colegas de trabalho, pode se tornar uma tarefa inaceitável.

Compulsão alimentar

Por fim, também devemos saber que o ato de comer compulsivamente também é um transtorno alimentar. Diferente dos outros, ele não tem nenhuma ligação com a preocupação física ou de saúde, mas sim com problemas emocionais e a colocação dos alimentos como refúgio para qualquer situação ou sentimento – medo, ansiedade, angústia, felicidade, entre outros.

Nestes casos, mesmo que não esteja sentindo fome, a pessoa não consegue parar de comer. O transtorno compulsivo por comida pode levar uma pessoa à obesidade, doença muito séria e que pode acarretar em muitos outros problemas graves de saúde, como pressão alta, diabetes, problemas no coração e desordens no fígado.

Como tratar?

Devido a complexidade de causas para o aparecimentos dos transtornos alimentares, os pacientes devem ser tratados através de uma abordagem multidisciplinar, que tenha como principal foco recuperar o estado geral de saúde. Os objetivos do tratamento são restabelecer o estado nutricional, reduzir ou eliminar as eventuais práticas e comportamentos compensatórios, tratar as consequências psicológicas associadas aos sintomas.

É possível prevenir?

Não é possível prevenir todos os fatores de risco envolvidos no desenvolvimento de um transtorno alimentar, mas é possível influenciar de forma positiva os fatores socioculturais.

Recomendações

  • Rever suas próprias crenças e comportamentos relacionados a imagem corporal e peso, considerando como as crianças e adolescentes interpretam e recebem suas mensagens;
  • Incentivar práticas saudáveis de alimentação e atividade física;
  • Conversar sobre diferentes tipos e formas corporais;
  • Falar sobre os perigos de fazer dietas sem acompanhamento;
  • Valorizar as diferenças e qualidades individuais e não apenas da aparência externa.
  • E não se recomenda:
  • Categorizar os alimentos em bons ou ruins, certos ou errados;
  • Usar a comida como premiação ou punição;
  • Comentar sobre o peso das pessoas;
  • Permitir que se fale de forma pejorativa sobre as características físicas das pessoas, como, por exemplo, o peso ou o tamanho.

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O mais importante em todos estes casos é que as pessoas afetadas pelos transtornos – ou parentes e pessoas próximas – consigam detectar os sintomas dessas doenças para que sejam tratadas e acompanhadas por médicos especialistas. Aprender a se relacionar com a comida com equilíbrio, sem exageros ou restrições, é uma tarefa difícil, mas é aí que está o segredo para manter hábitos alimentares saudáveis e prevenir o surgimento de desordens e distúrbios do tipo.

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