Olhando para as ondas do mar que vêm e vão, pego-me comparando-as ao meu oceano interno. É um mar de emoções por vezes confusas, que vão e vêm, num ciclo imensamente rico.
Há dias em que o sol nasce e com ele sinto o calor de uma imensa esperança gritando em meu coração, dizendo-me para acreditar um pouco mais, confiar um pouco mais, que tudo vai passar e que haverá uma saída. Há dias, porém, que esse mesmo sol nasce e eu sequer consigo percebê-lo, pois as feridas cicatrizadas resolvem sangrar de novo, trazendo-me um gelo intenso e desesperado.
Nossa vida é isso. Um observar calado de eventos que nos circundam e a tentativa de compreendê-los o suficiente para dali emergirem algumas lições. Nessa observação, muitas vezes, somos protegidos pelas nossas múltiplas máscaras, aquelas que usamos para sobreviver, para continuar sendo um pouco fortes, para não sucumbir todos os dias.
As ondas do mar às vezes também são silenciosas e outras tantas, barulhentas e assustadoras. Assim também ocorre com o sangue que corre em minhas veias. Há noites que observo minha respiração e ela é calma e ritmada, como se eu fosse um ser confiante e seguro. Outras vezes esse mesmo sangue é bombeado rapidamente por um coração descompassado, irado, magoado, carente de alguma coisa que não se sabe bem ao certo o que é.
Decidi observar as ondas do mar que vêm e vão. Sentada aqui nessa areia branca, movendo meus pés em sua maciez, eu observo. E de todas as verdades ditas por tantos filósofos, escritores, mestres do tempo e do espaço, a maior delas para mim é essa síntese de que tudo passa…
Tudo passa. O bom passa, o ruim também. A juventude passa, a velhice idem. O amor romântico passa, a melancolia se esvai. A saudade passa, a presença desaparece. O que, enfim, não passa?
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Talvez a constante transformação e o ritmo da respiração do universo. Isso provavelmente não passa. Observar o pulsar dos ciclos existenciais, isso talvez não passa. Será? Não sei ao certo de nada. A única coisa de que tenho certeza agora é de que as ondas não param. Elas me convidam a insistir na vida e, com ela, insistir em vivenciar cada ida, cada vinda, cada nada, cada tudo…