Convivendo Educação

Um ano nunca é ruim, as pessoas que são

Silhouette five women walking along the waterfront at sunset
Escrito por Rafael Mansur

É genial a gente poder dar nome ao tempo. Um dia, uma hora, uma semana, um segundo, um ano. Realmente genial. Mais genial ainda é como o tempo é relativo a nossa percepção.

Um segundo para um maratonista é muito tempo, para uma criança brincando é pouco. Uma hora esperando o ônibus é tempo que não acaba mais, uma hora ao lado de bons amigos é tempo que voou.

Falaram (não sei quem foi) que 2016 foi ano para bater na gente. Chegou de voadora. Chegou como chega um colega novo na sala de aula: você pensa que serão superamigos e na primeira oportunidade ele rouba seu lanche e cospe no seu tênis novo.

Que ano!

Atropelados por uma política estranha, por notícias estranhas e gente esquisita, a gente foi tomando porrada do início ao fim, tentando sair como, pelo menos, desmembrados dessa guerra contra o tempo.

A gente que é humano acha que tem como competir contra o tempo.

Impossível.

O tempo é ardiloso.

Ardiloso e certeiro.

E quando tudo dá errado, a gente coloca a culpa no tempo.

Pobre 2016, tanta gente falando mal de você.

Rear view of a girl with red hair in a black hat walking around the city. Sunny summer day. City style.Girl wearing stylish summer dress of lace.

Consigo até imaginar você, ano de 2016, esperando ansiosamente a sua hora de entrada. Só na espreita, esperando 2015 abandonar o palco para você entrar, cheio de esperança. Carregando também as nossas, enquanto a gente gritava aos ares, minutos antes da virada: “Este ano vai ser melhor”, lá estava você só pensando: “Vou fazer o meu possível”.

Mas o que você poderia fazer, 2016? O que poderia fazer? Tua função é ficar parado enquanto a gente caminha por você; enquanto a gente faz escolhas sobre teu corpo, você só fica deitado. Quando a gente erra, a gente olha para você e diz: “Como este ano tem sido ruim para mim.” Isso é ingratidão, 2016.

Não fique triste, ano velho. A culpa é nossa. Só não queremos admitir isso. E quando gritarmos que 2017 será melhor, grite de volta. Diga que somos nós quem devemos ser melhores.

Porque, enquanto o ano se deita para a gente passar, a gente corre por ele e, no primeiro tropeço a gente culpa e tira o nosso da reta.

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Deixo com você uma dica: assim que der meia noite, você e 2017 terão 1 segundo para se encontrar; avise-o, por favor, que o que está por vir é barra pesada. Que, passa ano, volta ano, a gente custa a aprender.

Sobre o autor

Rafael Mansur

Graduado em pedagogia pela UEMG com MBA em gestão de projetos pela USP, Rafael Mansur desenvolve projetos educacionais há oito anos e culturais há seis. Premiado nacionalmente por quatro projetos de educação, Rafael é o idealizador e curador da Bienal do Livro de Contagem, que segue para a sua terceira edição.
Em 2020, Rafael assumirá a curadoria do I Congresso Internacional de Educação para o Desenvolvimento Sustentável (Belo Horizonte) e a curadoria de uma das casas parceiras
da Flip 2020.

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