Quando pensamos em caridade, é impossível não lembrar das palavras de São Paulo:
“Se eu falar as línguas dos homens e dos anjos, e não tiver caridade, sou como o metal que soa, ou como o sino que tine. E se eu tiver o dom de profecia, e conhecer todos os mistérios, e quanto se pode saber; e se tiver toda a fé, até a ponto de transportar montanhas, e não tiver caridade, não sou nada. E se eu distribuir todos os meus bens em o sustento dos pobres, e se entregar o meu corpo para ser queimado, se, todavia, não tiver caridade, nada disto me aproveita. A caridade é paciente, é benigna; a caridade não é invejosa, não obra temerária nem precipitadamente, não se ensoberbece, não é ambiciosa, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal, não folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Tudo tolera, tudo crê, tudo espera, tudo sofre.”
Essa passagem do Evangelho nos dá a verdadeira dimensão do que é a caridade e como é trabalhoso conseguir ser caridoso. A caridade exige um grau de autoconhecimento enorme. Exige de nós a nossa melhor parte, aquela que precisamos trabalhar incessantemente.
A caridade exige um grau de autoconhecimento enorme.
Antes de Paulo, Jesus nos deixou a máxima: “Fora da caridade não há salvação”, como guia principal de conduta. Conduzir nossas ações ponderando essa lição nos coloca diante de virtudes baseadas no amor, na fé, na benevolência e são essas virtudes que nos conduzem à evolução da alma.
A caridade é a benevolência, é a piedade, é a compaixão que se tem pela dor do outro. É compreender com o coração o que faz o outro sofrer. Sentir o que ele sente, colocar-se em seu lugar para iluminar a própria visão que se tem do outro. O mais importante no ato de ser caridoso é sentir-se parte do outro, é compreender que todos somos feitos da mesma essência.
A caridade nos faz enxergar além do próprio umbigo, nos faz buscar o que existe de mais divino dentro de nós. Mais do que não fazer o mal ao outro, é fazer o bem. Saímos da zona de conforto em benefício do outro, deixamos os nossos interesses pelos interesses dos outros e, mesmo que não tenhamos consciência, quando cuidamos do outro, cuidamos de nós mesmos.
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Ser caridoso exige ação. O conhecimento sem a ação não é nada! Não nos leva a lugar algum.
Entretanto, observar como fazemos essa caridade é ainda mais importante. Se deixarmos o orgulho vir primeiramente, a caridade não tem valor algum. Se a caridade só tiver o objetivo de mostrar o quanto se é bom, não atingiu seu objetivo. A verdadeira caridade é amor, é velada, é aquela que não humilha, que não inferioriza ninguém.
A caridade está em suprir os que necessitam de coisas materiais? Sim, se essa é a necessidade. Que mãe que não tem o que dar de comer ou vestir aos filhos que não se sente feliz e agradecida por receber o suprimento? Quem não se sente abençoado quando percebe que o outro sentiu sua dor? Mas, existem outras formas de ser caridoso. Dar um sorriso, escutar alguém, visitar um doente, abraçar aquele que se sente triste, são tantas formas de colocar o amor em prática. O conceito cristão da caridade é ser o sujeito de qualquer atitude que gere impacto positivo na vida de alguém, seja por atos, palavras ou até mesmo pensamentos positivos emitidos para alguém. Enviar luz àquele que precisa.
Parece estranho, mas também precisamos ser caridosos com nossas próprias dificuldades, é preciso olhar para nossas próprias fraquezas e defeitos como oportunidades de aprendizado, sem vitimismo, sem culpa, sem cobranças, sentimentos que só nos colocam mais para baixo, que só nos trazem mais desalento e dificuldade de se erguer diante de uma situação difícil. Ser caridoso conosco é compreender e olhar bem para dentro de si próprio e perceber o que precisamos mudar.
Enfim, se conseguirmos pautar nossas atitudes na máxima: “Amar o próximo como a si mesmo: fazer pelos outros o que quereríamos que os outros fizessem por nós” (Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XI), já será um grande avanço.
A prática da caridade será a forma mais rápida de conhecer a verdadeira felicidade.