Na primeira aula de uma turma com 80 alunos de Comunicação Social em 2007, o professor Luis Felipe Salamanca Isea questionou os estudantes sobre qual era a característica mais importante para um comunicador. Entre diversos palpites, como dinamismo, fluência oral, improvisação e etc, Salamanca foi taxativo: é o carisma.
Não só para a comunicação, mas para a maioria das áreas da vida pública e privada, o carisma move as pessoas. Uma definição objetiva originada dos dicionários é que carisma significa uma habilidade inata de alguns seres humanos de conseguir encantar, persuadir, fascinar ou seduzir um outro indivíduo, através da sua forma de ser e agir. O termo tem origem grega: khárisma, que significa “graça” ou “favor”.
O grande diferencial do carisma é que você pode trabalhá-lo para desenvolver essa característica dentro de você, mesmo ela sendo basicamente espontânea. A pessoa nasce com aquele jeito diferente, que causa inspiração ao próximo e tem o poder de mobilizar grandes massas.
O carisma é um termo essencial para um grande líder, embora muitas vezes acabe sendo relacionado de forma equivocada com bondade. Hitler, por exemplo, era um líder carismático, pois através de sua ideologia, com o objetivo de persuasão, seduziu a população alemã para aderir ao nazismo.
O carisma é importante em qualquer sociedade, mas o grau de importância varia de povo para povo e também de acordo com a circunstância. Definido como “homem cordial” pelo historiador Sérgio Buarque de Hollanda, o brasileiro leva muito em conta essa característica, não só em suas relações pessoais, mas também formais.
Quantas vezes não ouvimos um freguês relatar ter sido mal atendido por um garçom “de cara fechada”? Ou elogiar aquele vendedor “simpático”? Um atendimento feito com carisma, mesmo que até um pouco inferior na questão da qualidade, acaba recebendo mais destaque na sociedade brasileira. No Brasil, em algumas ocasiões, o vendedor precisa praticamente se tornar um amigo do cliente para conseguir fechar uma venda. No exterior, isso não é tão levado em conta.
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Tecnicamente, isso não é um problema. Vamos admitir, quem não prefere ser atendido por uma pessoa carismática? Dependendo do dia atribulado, uma recepção mais calorosa pode até levantar o ânimo. O problema acontece quando o carisma é colocado acima de todas as outras características, principalmente na política. Devemos ter cautela e prudência ao selecionar nosso candidato pelo fato dele “parecer bonzinho” ou somente por um discurso contagiante. Neste caso, o carisma pode até ser um diferencial, mas nunca poderá ser considerado o diferencial.
- Texto escrito por Diego Rennan da Equipe Eu Sem Fronteiras