Dois jornalistas resolveram propor um projeto jornalístico para compreender como a humanidade está buscando a felicidade. Para isso, eles pretendem viajar por dezenas de países, pelos cinco continentes, para escrever semanalmente histórias sobre como cada um busca a sua felicidade.
Para conseguir o apoio financeiro e colocar este projeto em prática, eles se apropriaram do uso do financiamento coletivo, através da plataforma Catarse. O projeto foi encerrado há poucos dias e eles conseguiram arrecadar o valor necessário.
Conversamos com o casal para descobrir um pouco mais sobre esse projeto. Confira a entrevista:
Eu sem Fronteiras: O que é o Gente Extraordinária?
O Gente Extraordinária é uma investigação jornalística sobre os diferentes conceitos de felicidade ao redor do mundo. É um projeto de dois jornalistas que vão entrevistar pessoas pelos cinco continentes e contar suas histórias em texto, vídeo e fotos.
Vamos a partir da busca pela felicidade de cada uma delas e contar que decisões elas tomaram e como forjaram sua vida na eterna tentativa para ser feliz. A ideia é que a gente consiga mostrar como a jornada de cada um molda o lugar onde elas vivem e apresentar os destinos que visitarmos através de seus personagens.
ESF: O que vocês querem atingir com esse projeto?
Nosso objetivo é construir um painel que mostre os diferentes conceitos de felicidade na humanidade nos nossos dias. De quebra, esperamos também explorar uma nova forma de fazer jornalismo e formar leitores a partir de histórias inspiradoras.
ESF: Como surgiu o Gente Extraordinária?
Nós somos namorados, e moramos juntos. Sempre tivemos longas conversas e discussões sobre o jornalismo. Sentíamos falta de nos comunicarmos com o jovem e um desânimo com a maneira com que os grandes veículos de mídia lidavam com as gerações mais novas. Nossa vontade de experimentar novas maneiras de contar histórias e criar empatia com esse público nos levou a discutir o tema, e aos poucos a ideia foi tomando forma em torno da felicidade como um tema de aproximação do brasileiro com o resto do mundo.
ESF: Por que investigar sobre a felicidade?
Porque a felicidade é um tema universal, que diz respeito a todas as pessoas; e é uma questão cada vez mais prioritária para as gerações abaixo dos 30 anos. Este é o público com quem a gente quer se comunicar, e assim teremos a oportunidade de buscar no exótico, nas culturas estrangeiras, o que elas têm em comum com o jovem brasileiro.
ESF: Como vocês acreditam que vai ser essa experiência?
Acreditamos que será uma experiência muito enriquecedora. Estaremos experimentando novas formas de contar histórias e de se fazer jornalismo na internet. Ao mesmo tempo, estaremos em contato com as mais diversas línguas, culturas, gastronomias, paisagens, filosofias, religiões, maneiras de ver o mundo. É assustador se deparar com tantas possibilidades, e é isso mesmo que nos anima.
ESF: Qual foi o maior desafio?
O maior desafio é exatamente a parte prática: entrar em um mundo absolutamente novo sem ter muita referência do que dá certo e o que não dá. Tem um monte de gente legal experimentando empreendedorismo em jornalismo digital mas ninguém tem as respostas ainda. Então viramos noites quebrando a cabeça para tirar um projeto jornalístico de inovação absolutamente do zero, em um país em crise econômica. Isso sem mencionar que todo o trabalho do Gente Extraordinária está nas mãos de apenas duas pessoas: eu e a Bruna . Isso tudo é ao mesmo tempo o maior desafio e o maior tesão.
ESF: O que é para vocês a felicidade?
Cada um tem seu próprio conceito de felicidade, e ele muda o tempo todo. Por isso acho que essa investigação é tão bacana. Sem enrolar, te digo o que penso hoje: felicidade para mim é minha namorada comigo. É contar histórias, é conhecer gente, é descobrir novas maneiras de ver e de se relacionar com o mundo, é viajar. É tudo isso e muito mais, com a minha namorada comigo.
ESF: Por que a felicidade é tão relacionada ao consumo?
Nós não somos especialistas no assunto, estamos justamente querendo descobrir os “quês” e “porquês” da felicidade. Acho que para muitas pessoas a felicidade realmente está associada ao consumo, e isso é reforçado pela propaganda e por parte da produção cultural o tempo todo.
ESF: Vocês se inspiraram em algumas pessoas?
Nos inspiramos em algumas ideias, como o Out of Eden Walk, do jornalista e biólogo Paul Salopek. Ele está refazendo, a pé, o caminho de migração do Homo sapiens desde sua origem, na Etiópia.
Outras referências são o Humans of NY, do Brandon Stanton; e o
Haroldo Castro, da Viajologia, que reconhece a viagem como uma escola dinâmica.
ESF: Existe um segredo para viver a felicidade?
Nós sinceramente acreditamos que não, e é justamente por isso que queremos conhecer o maior número de pessoas possível para ouvir o que elas têm a dizer sobre isso. Acho que há várias boas respostas, e quero ouvi-las e contá-las todas.
ESF: Qual o conceito mais usado de felicidade para pessoas?
Nós não sabemos ainda, mas a partir de janeiro vocês podem acompanhar nossa investigação quase em tempo real nas nossas redes sociais.
ESF: Por que algumas pessoas associam a felicidade, simplesmente a largar tudo e viajar, como se esta fosse apenas a única fórmula de felicidade?
Nós também não sabemos! Vamos investigar isso durante os próximos três anos. Repetimos quase como um mantra que existem infinitos caminhos para a felicidade, e cada um faz o seu. A felicidade de um pode ser o tédio profundo e infeliz de outro, e é isso que faz do mundo um lugar tão rico.
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ESF : Fiquem à vontade para escrever algo.
Estamos na reta final do nosso financiamento coletivo. Ajudem a gente a buscar na diversidade desse mundão o que se pensa sobre a felicidade por aí. É rapidinho, em menos de três minutos você entra no >>catarse.me<<, se cadastra (pode ser pelo Facebook) e contribui para a nossa investigação pela felicidade!
• Entrevista realizada por Angelica Weise da Equipe Eu Sem Fronteiras