Gaia, Terra Viva, nossa Mãe Terra, Nossa Casa. Gostaria de começar esse texto em homenagem a Gaia – pelo dia 22 de abril, o dia da Terra – com o poema de Hesíodo a Gaia:
Gaia, mãe de todos,
A fundação, a mais velha,
Eu cantarei para a Terra.
Ela alimenta tudo no mundo.
Seja você quem for,
avançando em seu solo sagrado
ou seguindo as trilhas do mar,
você que voa, é ela quem o alimenta da arca do seu tesouro.
Este trecho foi retirado do livro “Terra Viva”, de Stephan Harding, professor e orientador da Schumacher College, na Inglaterra, uma universidade que é referência em sustentabilidade e inovação, e pela qual tenho imensa gratidão e orgulho de ter conhecido e vivido lá por 3 meses, fazendo trabalho voluntário. Foi uma das experiências mais incríveis da minha vida, vivi momentos de profunda conexão com Gaia.
A partir dessa poesia, vamos enxergar Gaia como a mais poderosa de todas as divindades. Vamos celebrar Gaia como no filme “Moana, um mar de aventuras”: como uma deusa que faz florescer a abundância, a harmonia e a vida para todos os seres. A fúria retratada no filme foi apenas uma reação do coração roubado, da falta de respeito, do cuidado e da contemplação de sua divindade.
Fico me questionando o porquê de tanto desrespeito e de tantas agressões ao meio ambiente, sendo que fazemos parte desse meio. Somos natureza, somos Gaia, mas mesmo assim a maioria da nossa sociedade consumista olha a natureza como uma máquina de produtividade. Usamos e abusamos dos seus recursos naturais, sem nos preocuparmos com os efeitos dessa exploração avassaladora.
Mas o que não é difícil de compreender é que nossa existência depende das boas condições de vida do planeta.
Nossa vida depende do ar que respiramos, então ele precisa ser puro; depende dos alimentos que ingerimos, e eles não nascem nas gôndolas dos supermercados, porque vêm da terra, do solo fértil alimentado pelas águas das chuvas, dos lençóis freáticos ou das montanhas. Nosso abrigo também depende dos recursos naturais. E todos dependemos da luz do astro rei, o Sol. Ou seja, dependemos da abundância dos 4 elementos: terra, fogo, água e ar.
E a pergunta que fica é: por que nossa relação com o planeta é tão devastadora, usurpadora, distante, dominante e insensível? Por que acreditamos que temos domínio sobre todos os recursos naturais e que eles devem e podem ser usados para o nosso bel prazer?
Acredito que precisamos rever nossos conceitos e estilos de vida para enxergarmos o que realmente importa, assim como fez o Cacique Seattle em 1855. Aqui citarei uma pequena passagem desse manifesto, mas recomendo a leitura completa dessa carta, pois ela é a primeira referência do movimento ambientalista.
Como se pode comprar ou vender o céu ou o calor da terra? Tal ideia é estranha. Nós não somos donos da pureza do ar ou do brilho da água. Como pode-se, então, comprá-los de nós? Decidimos apenas sobre as coisas do nosso tempo. Toda esta terra é sagrada para o meu povo. Cada folha reluzente, todas as praias de areia, cada véu de neblina nas florestas escuras, cada clareira e todos os insetos a zumbir são sagrados nas tradições e na crença do meu povo.
Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele, um torrão de terra é igual ao outro. Porque ele é um estranho, que vem de noite e rouba da terra tudo quanto necessita. A terra não é sua irmã, nem sua amiga, e depois de exaurí-la ele vai embora. Deixa para trás o túmulo de seu pai sem remorsos. Rouba a terra de seus filhos, nada respeita. Esquece os antepassados e os direitos dos filhos. Sua ganância empobrece a terra e deixa atrás de si os desertos. Suas cidades são tormentos para os olhos do homem vermelho, mas talvez seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que nada compreende”.
Cacique Seattle, 1885.
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Boa reflexão, boas escolhas e boas atitudes em todos os dias do ano! Gaia agradece e a humanidade também!
Beijo enorme, paz e bênção!