Era uma segunda-feira. Eu acompanhava um amigo a uma consulta rotineira. Enquanto meu amigo adentrou a sala do médico, eu observava tudo ao meu redor. E ao meu redor eu dispunha de poucos metros, mas tudo bem, aquilo tudo já me valia muito. Somente isso. Estou sempre observando e acho até que esta é minha grande vocação: observar. Sem julgamentos, curtindo o momento quando posso olhar alguém, submerso em seus pensamentos, sua vida, talvez seus problemas, suas frustrações, porém, sendo ele mesmo; isso é enriquecedor.
E assim pus me a observar as pessoas que junto a mim estavam na sala de espera. Uma mulher muito bonita me olhava, na verdade, acho que eu era o único ponto de visão naquela estreita saleta, e prevendo um constrangimento de ambos os lados, quase que ao mesmo tempo sorrimos uma à outra. Muito bonita, ela tinha seus cabelos negros presos no topo da cabeça; sua pele negra e perfeita reluzia um sorriso tão aberto, amigável, e assim ela me ofereceu um chocolate, ao que eu neguei, sorrindo. Então, logo ela fora chamada e eu me mantive ali, aguardando meu amigo. Preferi continuar minha tarefa de observar ao invés de folhear uma revista. Ah! A vida real é tão mais interessante!
Minutos depois, estava junto ao meu amigo e descíamos para pegar o carro, quando vi aquela mulher… aos prantos. Mas… por quê?
Eu olhava para ela, mas ela não me via. Tentava de alguma maneira saber o que se passava e meu amigo me contou que aquela mulher, que me havia sorrido minutos atrás, havia recebido o diagnóstico de câncer…e imediatamente eu me lembrei do sorriso que trocamos, do chocolate que ela me ofereceu e da tal tarefa de ser uma observadora não fazer muita diferença naquele momento: eu desejei ser eu mesma…desejei ser eu mesma como disse Clarice Lispector: “E se eu fosse eu daria tudo que é meu …”
Daria a esta mulher a minha mais pura solidariedade. Diria que este diagnóstico não pode representar uma sentença; que hoje a medicina evolui a cada minuto e busca melhorar cada tratamento, minimizar efeitos colaterais advindos das terapias e também melhorar a qualidade de vida quando se está em tratamento.
Diria também que estar próxima aos amigos e familiares lhe faria bem, e dispense opiniões negativas! Informe-se sobre sua doença de maneira realista e objetiva, saiba sobre o tratamento disponível e busque todo tipo de informação; alimentar-se bem, manter a mente controlada, sem tentar antecipar acontecimentos, manter-se ocupada com tudo o que for bom, fazer planos, ter objetivos, pensar positivo e ser sempre otimista lhe ajudaria muito! A vida é assim…não sabemos como será o próximo acontecimento, não temos como prevê-los, mas se mantivermos esperança e energia positiva, suportamos e superamos as adversidades. Saímos fortalecidos!
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E por último… mais do que ser eu mesma, eu gostaria mesmo era de uma coisinha: ser atrevida o suficiente para lhe dar um abraço bem apertado e dizer, desejando fazê-lo com o mesmo sorriso que trocamos, que eu gostaria de ser sua amiga e estar disponível para ouvi-la quando ela quisesse. Ainda que quisesse manter silêncio…eu estaria com ela, mesmo assim! Agora, sua vida iniciaria uma nova fase, a qual ela teria meu total apoio…e a cada melhora, lá estaria eu…para celebrar cada vitória com ela!
Então, estimado leitor, esteja você passando por esta situação ou talvez conheça alguém, aqui tenho a oportunidade de ser o que não fui ou fazer o que não fiz; aqui lhe deixo um ‘conta comigo’, aqui lhe digo que a vida segue enquanto atravessamos momentos difíceis, mas ter a confiança de que se caminha com fé, com verdade e muita perseverança nos engrandece, nos torna fortes e vitoriosos; cada momento é importante, a caminhada é também aprendizado e, por isso, caminhe, tenha força, tenha esperança, permita-se…conheça-se. Siga adiante! Continue sorrindo! Aprecie o belo e faça tudo aquilo que você gosta!