A cannabis gera polêmica por sua ilegalidade e suas diversas formas de uso. Se, por um lado, ela é ilegal para fins recreativos, surge a dúvida se ela deveria ser ilegal para fins medicinais, já que a planta tem propriedades que podem servir para tratamentos de doenças físicas e também para uso em tratamentos espirituais. Em alguns Estados dos Estados Unidos, ela é liberada para uso medicinal; em outros países, como Holanda e Uruguai, também. Apesar das controvérsias, a cannabis é utilizada há muito tempo.
Há hipóteses de que a planta era cultivada pelo homem desde 20 mil anos atrás. Mas o registro oficial mais antigo que se tem disso é de 10 mil anos, de onde veio um fóssil na Ásia central que comprova o uso da planta. Qual era o propósito do uso nessa época não se sabe. Quanto a isso, o registro mais antigo que temos vem dos chineses.
O que fica mais interessante em relação aos indianos é que a planta é vista por alguns inclusive como algo vindo de suas divindades.[/mks_pullquote]Há 6.500 anos, os registros da cultura Yang Chao indicam que as fibras da planta eram utilizadas para confecções de tecidos e as sementes, para alimentação. Quanto ao uso medicinal, o livro medicinal mais antigo do mundo, o chinês Pên-Ts’ao Ching, falava do uso mágico da cannabis e dos perigos de alucinações caso usada em excesso. Há 3.500 anos, os indianos também já utilizavam a planta para fins medicinais na forma de Bhang, uma mistura da planta com manteiga e açúcar. Os indianos recomendavam o uso na época para se libertar da aflição e aliviar a ansiedade.
Outro povo que fez o uso da erva foram os Citas, há 2.800 anos, que habitaram a região onde hoje fica o Irã. Os nobres usavam a erva para fins mágicos e religiosos. Nessa época, os assírios também consumiam a cannabis, mas não só os nobres; todos os cidadãos recebiam a erva para consumo. Já, no ocidente, os gregos utilizavam a cannabis na forma de haxixe junto com ópio para aliviar dores, angústias e preocupações.
Quanto à religião, os povos islâmicos têm uma tendência a consumir haxixe e cannabis, pois o Alcorão proíbe o uso do álcool. Tanto que a seita dos haxixin ficou conhecida pelo uso que fazia da erva.
No Brasil, acredita-se que a erva chegou com os escravos africanos. Inclusive, há relatos de uso em rituais de religiões africanas naquela época. De lá para cá, o que mudou foi que a erva deixou de ser algo de escravos e hoje é consumida por pessoas de todas as classes sociais do país. Algumas tribos indígenas também fazem uso da erva. Os Guajajaras, por exemplo, misturam a erva com o tabaco para o pajé fazer o transe místico e fazer os seus rituais de divinação.
Relatos de pessoas que utilizaram a erva com um propósito de tratamento espiritual são muitos. Falando em rituais religiosos, os rastafaris, na Jamaica, também utilizam a erva nesse contexto. Outra seita que também prega que a erva é sagrada é a do Santo Daime. Mas, por se tratar de religião e não ciência, não existem estudos científicos que possam declarar se de fato esse consumo funciona diferentemente do uso recreativo ou não.
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Para nós, vale a pena refletir sobre o assunto. Sobre o que te faz bem ou o que te faz mal, física e espiritualmente. Que a história e os relatos religiosos nos ajudem a perder preconceitos contra a cannabis, mas nunca o senso crítico. Cada um é livre para escolher o que lhe faz bem.
Escrito por Ricardo Sturk da Equipe Eu Sem Fronteiras