O que você está sentindo nesse momento? Como é para você assumir esse sentimento? Quando se trata de sentimentos que consideramos “ruins”, como a raiva, a inveja ou até o medo, a nossa tendência é escondê-los, ignorá-los e torcermos para que ninguém os veja. Essas atitudes, em vez de magicamente os transformarem, dão ainda mais força e os potencializam. Talvez não naquele mesmo momento, mas de alguma forma o sentimento extravasará e, muitas vezes, não da melhor maneira possível.
Por isso, os convido aqui a olharem para o que estão sentindo nesse momento sem julgamento de valor. Simplesmente coloquem a mão de vocês no peito, fechem os olhos e sintam. Sintam muito. E dêem nome à isso. Não estamos acostumados a nomear o que sentimos.
Segundo Marshall Rosenberg, autor do livro “Comunicação Não-Violenta”, por não termos o hábito de nomeá-los, confundimos pensamentos com sentimentos. É necessário exercitarmos para poder ampliar o nosso repertório. Se nem nós sabemos o que estamos sentindo, como podemos cobrar do outro que nos entenda?
Durante a quarentena tenho atendido clientes de Coaching e Aconselhamento Biográfico que não conseguem dar vazão aos seus próprios sentimentos. Isso porque os consideram banais demais frente ao que estão passando as pessoas contaminadas com a Covid-19, aos moradores de periferias que não têm condições básicas para sobreviverem e aos médicos que estão vivenciando o caos nos atendimentos e precisam escolher quem irá sobreviver.
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Sim, tudo isso é triste e desesperador, mas não podemos invalidar o que sentimos por achar que existem pessoas em situações bem piores.
A partir do momento em que validamos os nossos sentimentos, permitimos que quem está à nossa volta faça o mesmo. E isso é libertador. Para todos.
Estamos em um momento único de nossa história em que precisamos ficar dentro de nossas casas por nós e por todos. Que possamos aproveitar para adentrar também o nosso íntimo e descobrir cada sentimento que até então não foi validado e deixá-lo ir. Porque sentimentos também passam, se tiverem nossa permissão.