Autoconhecimento Meditação Yoga

Valorizar o trabalho

Mãos juntas segurando um punhado de moedas com uma muda de planta.
Escrito por Juliana Ferraro

Durante algumas semanas, tenho mastigado uma questão que é libertadora e ao mesmo tempo uma polêmica.

Por que quase ninguém fala sobre dinheiro e salários, a não ser quando quer contar que conseguiu uma superoferta em algo ou esnobar o quanto gastou em alguma ocasião? Fora isso, a conversa fica guardada para o lado pessoal de cada um e é algo até íntimo. Foi assim que eu fui criada e preciso escrever e falar sobre isso, para que se torne algo sobre o qual eu não tenha mais medo ou vergonha de falar.

Muitos sabem que trabalho e sempre trabalhei com terapia e com yoga. Tudo aquilo que promove autoconhecimento e saúde, objetivando a felicidade e a cura das coisas que nos fazem sofrer.

Para isso, eu investi (e invisto) muito tempo e dinheiro! Se você contar desde a primeira escola que eu fui, vamos nos embolar com o quanto a minha família investiu em educação, em viagens e em tempo de estudo: livros, filmes, retiros, cursos, xerox, congressos… Nem eu sei mais!

Mas sim, foi e é feito um investimento pesado na minha formação. 
trabalho
Além do quanto eu me coloco prontamente a praticar o que uso como ferramenta, o quanto eu busco e trabalho pela minha cura. Afinal, que tipo de terapeuta é aquele que não faz terapia? Que tipo de professor de yoga é aquele que não pratica yoga?

Mas eu começo a sentir que esse tipo de trabalho (não só o meu, mas muitos terapeutas e professores) é super mal valorizado. É mais caro alisar o cabelo do que uma aula de yoga. Ninguém acha isso estranho? Eu não tenho nada contra se embelezar, mas todos deveriam ser igualmente valorizados. 

Tudo aquilo que a gente sente que dá status, a gente se propõe a gastar dinheiro e não reclama, não pede desconto. Mas quando vai na terapia, que é algo que realmente vai te enriquecer como ser humano, que vai te liberar desse tanto de carga emocional, ai… A gente chora, pede desconto, fala que está muito caro. Desvaloriza o trabalho do professor, do terapeuta.

Mas além disso, nós mesmos, professores e terapeutas, é que precisamos aprender a não querer mais ajudar os outros a qualquer custo. Claro que existem algumas situações que saem disso, mas em geral, a gente tem que se valorizar. Porque, na maioria dos casos, quando a pessoa ganha desconto ou aula de graça, ela nem valoriza, falta sem avisar, reclama, toma o nosso tempo… E a gente se arrepende, mas não tem mais como reclamar e, depois, se fala algo, ainda fica como o vilão da história.

E eu sinto que a mudança nisso deve ser coletiva, pois quando um profissional resolve se desvalorizar, afeta aos outros, que ficam com fama de serem muito caros.trabalho
Vamos olhar para o tempo e dinheiro que colocamos em nossa formação pessoal e profissional e entender que trabalho espiritual não exclui dinheiro. Que dinheiro não é algo ruim, nem bom, é uma energia neutra. Que com o dinheiro temos como fazer escolhas mais saudáveis para nós e para o mundo, apoiando e ajudando aquelas pessoas que trabalham com o que a gente acredita.

Porque quem tem mais poder econômico controla o mundo. E porque esse poder econômico não pode estar nas mãos de pessoas que querem o bem, que trabalham internamente, que trabalham por algo maior e não apenas por dinheiro, mas usam com sabedoria.

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Não acredito que o poder corrompe. Só vemos em maiores proporções como as pessoas já são. 

Ajudar aos outros dá trabalho e, para a pessoa que está sendo auxiliada valorizar o trabalho com o qual ela está se comprometendo, alguma troca tem que ser feita. E a moeda é o dinheiro, pois gera comprometimento no trabalho e a gente se sente valorizado. 

O assunto vai longe…

Espero a sua opinião!


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Sobre o autor

Juliana Ferraro

Juliana Ferraro é psicóloga por formação e viajante por amor às coisas novas da vida. Seu contato com diferentes línguas e culturas começou quando ela ainda trabalhava no Club Méditerranée. Depois fez um mochilão pelo mundo em busca de autoconhecimento. Em pouco mais de um ano conheceu diversos países asiáticos, em especial a Índia, onde fundou uma paixão profunda pela yoga e pela meditação. No Brasil: morou, deu aulas de yoga e se formou como massoterapeuta, em Paraty, RJ. Foi nessa época que concluiu quatro cursos de dez dias de meditação Vipassana e se aprofundou na prática de Ashtanga Yoga. Hoje, ela está estudando Ashtanga Yoga no KPJAYI, em Mysore, Índia. E dá aulas de Ashtanga Yoga online.

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