Em 2007 li dois livros ao mesmo tempo. Um deles, “Lendo Lolita em Teerã”, de Azar Nafisi (esse me foi recomendado por um professor), fala de uma professora que vive em Teerã, República Islâmica do Irã, e compartilha experiências pessoais com alunas, por meio de literatura em sua casa de forma clandestina, pois o regime não permite nenhum tipo de pensamento contrário ao padrão instituído.
O segundo livro (este eu já desejava ler havia mais tempo) é “O Nome da Rosa”, de Umberto Eco, um dos mais importantes teóricos da comunicação de massa.
O mais engraçado é que conforme as leituras avançavam, fui notando forte semelhança entre os livros.
Violências sexuais, conflitos religiosos e como uma das capas traz escrito: “… o nome da Rosa, uma parábola sangrenta e patética da história da humanidade”.
Isso tudo me pegou de surpresa!
Primeiro porque não fazia ideia de que ambas as leituras tratassem de temas tão pesados.
Ambos os títulos me traziam uma ideia muito diferente da expressa no conteúdo.
No livro “Lendo Lolita em Teerã”, algo muito inusitado acontece. A professora e suas alunas que secretamente leem o romance de Nabokov, “Lolita”, desconstroem aos poucos a imagem predominante na obra, trazendo à tona questões preocupantes e até similares às da realidade em que elas mesmas vivem por baixo dos véus. Pedofilia gerada por pessoas aparentemente “de bem” e a vida de meninas sendo destruída. E, como se não bastasse, o agressor, além de abusar sexualmente, distorce a realidade a ponto de romancear o que na verdade se trata de estupro.
Pois é, assunto pesado.
Em “O Nome da Rosa” o cenário (esse já ficcional) retrata algo bem similar, mas agora tudo é vivido num mosteiro.
Sabemos que existem muitos relacionamentos abusivos e outros que envolvem até crianças e/ou adolescentes.
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Isso tudo não é algo novo. Mas hoje em dia, graças a Deus, existem mais mecanismos de busca de ajuda ou até mesmo meios de terceiros por meio de denúncias anônimas para ajudar a quem precisa.
Este texto é uma forma de apelo: não se cale, não faça vistas grossas. Denuncie se presenciar algo assim. Ou, se você é vítima, busque ajuda.
Saudações fraternas, Deus ilumine nossos caminhos.