Quantas vezes você já ouviu a expressão “isso parece um carma na minha vida”?
O significado do termo carma varia de acordo com a religião, mas basicamente tem relação com o destino e, em alguns casos, apresenta ligação com vidas passadas. Antes de nascermos, algumas situações em nossas vidas já estariam pré-determinadas. A questão é se somos ou não responsáveis por esses acontecimentos.
De uma certa maneira, alguns ditados populares expressam o conceito de carma com a Lei de Causa e Efeito, ou seja, você irá receber de acordo com os seus atos. Se forem atos bons, receberá coisas boas, assim como será penalizado se cometer ações ruins. “Quem planta vento, colhe tempestade”, “quem com ferro fere, com ferro será ferido”, “a doença é herança do pecado”, “pau que bate em Chico, bate em Francisco” e etc.
Embora não utilize exatamente este termo, o próprio Cristianismo utiliza como base a ideia de carma quando atribui o pensamento de que serão bem-vindos ao reino dos céus aqueles de bom coração. Inspirados por uma missão divina, muitas pessoas fizeram trabalhos benevolentes que ajudaram a mudar o mundo para melhor, como o caso de Madre Teresa de Calcutá e a Irmã Dulce.
Ao mesmo tempo, os próprios cristãos já utilizaram esse tipo de ideia para tentar justificar o injustificável. A Igreja Católica justificava a escravidão com base na história de Cam, um dos filhos de Noé.
Segundo a Bíblia, Cam teria visto o pai nu e punido por Deus para servir os seus irmãos eternamente (Gênesis 9:22). A Igreja dizia que Cam representava as pessoas de origem negra, ou seja, os descendentes dele estariam fadados a servirem os irmãos de outras raças para sempre.
Atualmente, principalmente após os acontecimentos da Contra-Reforma e a difusão da Teologia da Libertação, a Igreja Católica abandonou esse pensamento e tem sido uma das grandes responsáveis pela defesa de que todos os homens são iguais perante a Deus.
De qualquer forma, existem duas questões-chave: existe destino? Caso sim, até que ponto temos autonomia para formar o nosso próprio destino? Fazer o bem ou o mal é uma escolha. Como muito bem pontuou o poeta chileno Pablo Neruda, somos livres para fazermos nossas escolhas, mas somos reféns das consequências delas.
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Se o carma existe ou não, a resposta está dentro de cada um de nós. Mais importante para aonde o nosso destino ou nossas escolhas nos levem, certamente é o que aprendemos durante o percurso até o fim do caminho.
- Texto escrito por Diego Rennan da Equipe Eu Sem Fronteiras.