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Imagine esse cenário:
Um paciente deitado em seu leito diante de um destino improvável. O médico lhe apresenta os remédios que serão responsáveis por sua melhora. Seja por via oral ou via injetável, é preciso tomá-los quando se está perigosamente doente. Nem que seja o que lhe parece “o menos pior” entre todos.
Esse cenário traz uma experiência comum a todos nós. Desde o momento em que acordamos, até o momento em que vamos dormir, fazemos milhares de escolhas ao longo do dia. Você escolheu abrir os olhos, levantar da cama, ir até o banheiro, escovar os dentes… ou nenhuma coisa e nem outra. Escolheu não fazer nada!
O paciente no leito ainda pode escolher não tomar nenhuma medicação. Claro que, nesse caso, ele precisa estar ciente das consequências de sua escolha: a doença pode agravar e isso é consequência de “não escolher”.
Sartre e o conceito de liberdade.
Jean-Paul Sartre foi um filósofo, escritor e crítico francês, conhecido como representante do existencialismo. E um dos conceitos fundamentais da filosofia existencialista sartriana é o de liberdade.
Sartre dizia que o homem está condenado a ser livre e toda a sua existência decorre desta condição. Não há nada que possa salvar o homem do fardo de escolher, e, diante deste fardo, ele percebe-se em desamparo, pois “Nada pode salvá-lo de si mesmo”.
Sempre quando fazemos uma escolha, seja ela qual for, julgamos e analisamos com base em nossos valores. E até mesmo esses valores passaram por processos inevitáveis de escolha. Desde que nascemos até a irremediável morte, nossa vida consiste fatalmente em agir. Ou seja, enquanto estamos fadados a agir, também temos que aceitar as consequências desses atos. Paradoxal, não?
“O homem é livre porque não é si mesmo, mas a presença a si. O ser que é o que é não poderia ser livre. A liberdade é precisamente o nada que tendo sido no âmago do homem e obriga a realidade humana a fazer-se em vez de ser” [1] SARTRE, Jean-Paul. O ser e o nada: ensaio de ontologia fenomenológica.
Vou deixar algumas dicas de filmes que abordam o tema liberdade de diferentes maneiras.
Braveheart – Coração valente (1995)
No século XIII, soldados ingleses matam a mulher do escocês William Wallace (Mel Gibson), bem na sua noite de núpcias. Para vingar a amada, ele resolve liderar seu povo em uma luta contra o cruel Rei inglês Edward I (Patrick McGoohan). Com a ajuda de Robert e Bruce, ele vai deflagrar uma violenta batalha com o objetivo de libertar a Escócia de uma vez por todas.
Into the Wild (2007) – Na natureza Selvagem
O filme, dirigido por Sean Penn (primeiro motivo para assistir), conta a história real de Christopher McCandless (interpretado por Emile Hirsch), um rapaz que, após concluir a faculdade, resolve largar tudo – tudo mesmo –, e percorrer a América do Norte até o Alasca. As paisagens desse filme são lindíssimas, a trilha sonora é perfeita (produzida por Eddie Vedder, do Pearl Jam – segundo e definitivo motivo para assistir) e a história por si só te faz refletir muito sobre a vida, seus valores e futilidades.
Um Sonho de Liberdade (1994)
Em 1946, Andy Dufresne (Tim Robbins), um jovem e bem-sucedido banqueiro, tem a sua vida radicalmente modificada ao ser condenado por um crime que nunca cometeu: o homicídio de sua esposa e do amante dela. Ele é mandado para uma prisão que é o pesadelo de qualquer detento, a Penitenciária Estadual de Shawshank, no Maine. Lá, ele irá cumprir a pena perpétua. Andy logo será apresentado a Warden Norton (Bob Gunton), o corrupto e cruel agente penitenciário, que usa a Bíblia como arma de controle, e ao Capitão Byron Hadley (Clancy Brown), que trata os internos como animais. Andy faz amizade com Ellis Boyd Redding (Morgan Freeman), um prisioneiro que cumpre pena há 20 anos e controla o mercado negro da instituição.
O Show de Truman (1998)
Truman Burbank (Jim Carrey) é um pacato vendedor de seguros que leva uma vida simples com sua esposa, Meryl Burbank (Laura Linney). Porém algumas coisas ao seu redor fazem com que ele passe a estranhar sua cidade, seus supostos amigos e até sua mulher. Após conhecer a misteriosa Lauren (Natascha McElhone), ele fica intrigado e acaba descobrindo que toda sua vida foi monitorada por câmeras e transmitida em rede nacional.
Escritores da Liberdade (2007)
Uma jovem e idealista professora chega a uma escola de um bairro pobre, que está corrompida pela agressividade e violência. Os alunos se mostram rebeldes e sem vontade de aprender, e há entre eles uma constante tensão racial. Assim, para fazer com que os alunos aprendam e também falem mais de suas complicadas vidas, a professora Gruwell (Hilary Swank) lança mão de métodos diferentes de ensino. Aos poucos, os alunos vão retomando a confiança em si mesmos, aceitando mais o conhecimento, e reconhecendo valores como a tolerância e o respeito ao próximo.
Abs,
até a próxima.
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