No dicionário, coincidência e sincronia são sinônimos. É aí que começa a minha teimosia. Ambas as palavras são definidas resumidamente como: imprevistos e casualidades, acasos conectados entre si.
Sincronias não são coincidências nem acasos. São oferecidas a nós antes de acontecerem. Está aí o motivo da minha não aceitação a palavras com a mesma definição. Faz tempo o meu ranço, por serem classificadas como sinônimos.
O despertador não toca, você sai de casa tropeçando no atraso, esquece o guarda-chuva. Chove. Para na banca de jornal e compra um guarda-chuva, o melhorzinho, de 20 reais, azul caneta Bic quase sem carga, uma estampa assim meio degradê. A chuva engrossa, o vento sopra e as varetas entortam. Você chega como um papel crepom molhado e desbotado no seu compromisso.
Encontra quem também perdeu a hora. A pessoa está como um papel crepom molhado e desbotado, segurando um guarda-chuva comprado na banca de jornal, o melhorzinho, de 20 reais, azul caneta Bic quase sem carga, uma estampa assim meio degradê, com as varetas entortadas.
Coincidência? Sim. Os dois acordaram tarde e compraram um guarda-chuva para dançar frevo em dia de sol.
Quem nunca quis sair de uma festa porque estava com uma roupa igual ou parecida?
Se for homem, riu e se divertiu. Se for mulher, entrou no banheiro para retocar o batom e saiu no fim da festa.
Você pinta o cabelo em tons holográficos e começa a encontrar muita gente com cabelo multicolorido. Coincidência? Sim. Você passou a prestar mais atenção ao seu redor e as coincidências são constantes.
Consigo ouvir as broncas dos doutores em semântica na minha orelha sobre as palavras coincidência e sincronia serem sinônimos.
Carl Jung já falou (traduzido para a minha fala): “gente, é o seguinte: coincidências significativas de acontecimentos não são acasos, não têm relação com a lógica”. Transformam a vida, se você estiver atento e não confundir sincronia com coincidência. A lógica não explica.
Um amigo querido meu, poeta, cantor, declamador, trovador, montou um grupo para apreciadores de trovas. Ele me adicionou há mais de ano e eu: vácuo total. Nem bom dia dou para o povo. Pense em postar trova! Perdão, amigo Lothar, beijo, te ligo. Assim, resumido em uma única estrofe, sem as sete sílabas poéticas.
Em uma manhã linda e lenta, em um momento de pausa, eu, ainda de pijama, recostada na poltrona do meu quarto – encardida durante o #ficaemcasa, pedindo pano novo ou sabão, leio uma mensagem no Zap de outro amigo querido meu, poeta, cantor, declamador, não trovador e viúvo de uma amiga querida, muito querida, Cida, irmã de coração, agora na espiritualidade.
Trocas de mensagens e uma luzinha incandescente, daquelas representativas de ideias luminosas dos desenhos em quadrinhos, acende na minha cabeça.
“Paulo, quer entrar para um grupo de trovadores?” “Ô, Lothar, tem um amigo meu, me tira do grupo e coloca ele, se é que meu nome ainda está lá.” “Está e continua.”
Os dois falam ao celular tempo suficiente para a sincronia acontecer.
Conversaram sobre a métrica da trova e estilo. Um pouco sobre cada um, papo entre eles: “faz o quê, onde, como, quando?” Sincronia ou coincidência? Lothar trabalhou com a mana Cida, esposa do Paulo. Mais que isso, os dois têm um amigo em comum.
Assim, bem baixinho, digo para você que (sei, nem todos acreditam) tem cutucada da mana Cida nessa sincronia. Coincidência? Respeito quem não crê.
Sincronia do inconsciente coletivo, na teoria de Jung, são sentimentos, pensamentos e lembranças compartilhadas por toda a humanidade.
As sincronias orquestradas pela Inteligência Criadora que nos rege também estão ligadas aos sentimentos, pensamentos e lembranças compartilhadas por toda a humanidade, porém interligadas às vivências e vidas passadas. Com desatenção, passam despercebidas.
Perdemos a oportunidade de entender minimamente esse mundo quântico. Incrível. Invisível. A maioria de nós está boiando, seguindo a correnteza. Outros preferem surfar na dúvida, deixando-se levar pelas ondas.
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Alguns já conseguem nadar com a cabeça fora da água, ao estilo cachorrinho. Poucos rompem as águas turvas da superfície e mergulham fundo com vigorosas braçadas, lá no fundo mesmo, onde a Sabedoria Suprema, Núcleo Espiritual, ou como queira nomear, armazena todas informações.
Ainda como alunos indisciplinados, estamos todos juntos e misturados no fundão, aprendendo sobre os enigmas da vida, para nos posicionarmos atentos nas fileiras da frente, almas encontrando almas, recebendo intuições e toques sutis.
Estamos interligados, amparados, em sincronia, não por coincidência, nem soltos, jogados ao acaso.