Você viu meu e-mail? Eis a pergunta feita por WhatsApp ou Instagram. A resposta quase sempre é “não” ou “vou ver”. O e-mail, que reinou absoluto nos últimos e-séculos, morreu ou está agonizando
A velocidade com a qual os aplicativos vivem e morrem na rede mundial de computadores está, como o resto, cada dia mais acelerada. A ponto de se poder ler em artigo sobre o tema que diz, em tom histórico: “Quando pequena, Maria Clara criou seu primeiro e-mail para poder entrar no MSN, o software de mensagens instantâneas mais popular da época. De início, pensou que o correio eletrônico seria bem útil, já que sua mãe costumava usá-lo. Não foi o que aconteceu”.
Lendo o parágrafo anterior, temos a impressão de que este episódio aconteceu no início do século. E deve ter sido mesmo, mas o início do século foi ontem!
A questão que se coloca não é só sobre o uso desse ou daquele modo de comunicação por essa ou aquela geração, é uma questão muito mais ampla: como cada um desses suportes favorece ou desfavorece certo tipo de comunicação e de produção de conhecimento?
Pois, uma pergunta simples é: como se recupera uma informação, por exemplo, no Instagram? Quem já tentou fazê-lo, deve saber do que estou falando. Não há arquivos, não há indexação ou busca por palavras-chave, o que aparece para uma pessoa não coincide com o que aparece para outra. Deste modo, não há a elaboração do visto, do lido, as coisas passam velozes e, quase sempre, nada fica.
A situação se complica quando a comunicação eletrônica não é apenas para lazer, mas profissional. Não dá para acreditar que as pessoas deixaram de ler e-mails até mesmo quando se trata de questões de trabalho. Você manda, por exemplo, a solicitação de um orçamento e espera um retorno. A semana passa, o mês passa e a resposta não vem. Aí, é preciso mandar uma mensagem para que a pessoa abra o e-mail. Pode?
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Enfim, sinto-me uma velhota que escrevia e-mails. Já pensou, eu di-gi-ta-va?!!!! Coisa do passado. Reclamações similares foram feitas por gerações passadas em relação às cartas em papel e caneta.
É mesmo assim. Os suportes de comunicação sempre mudaram, desde os sinais de fumaça ou as tabuletas de barro. E mesmo quando o suporte físico não se altera, o computador, por exemplo, é o meio de comunicação que se modifica cada dia mais rápido. A super velocidade com que o fenômeno acontece é inacreditável e, para aqueles que já usaram até papel, é insuportável.