— Parabéns filho, nota 10! Esse é o meu menino!
— Filho, recuperação?? Onde foi que eu errei? Sem videogame por 3 meses!
Essas são duas situações básicas da vida de um pai ou uma mãe. E, infelizmente, devo dizer que aqui um grande problema começa: a falta de reconhecimento, ou entendimento, dos erros.
O reconhecimento tem se tornado uma necessidade humana, e entende-se por necessidade tudo aquilo essencial para a sobrevivência. Aparentemente, quem não é reconhecido é um mau profissional. Afinal, “se não tenho um feedback positivo, estou fazendo algo errado; e, se meu trabalho está ruim, mereço ser punido.” Não. Para, respira. Não é bem assim. Já ouviu aquela frase: “O certo é certo ainda que ninguém esteja fazendo”? Pensando nisso, não pretendo ditar o que é certo ou errado, apenas propor uma reflexão.
O padrão social
Desde que nascemos até hoje, somos parabenizados por tudo o que fazemos certo: conseguir usar o troninho, tirar boas notas na escola, conseguir implementar um grande projeto na empresa… Enfim, tudo o que é certo é reconhecido e comemorado. Mas e as falhas? As falhas são uma variável muito mal-compreendida pela sociedade atual. É incrível como o foco da humanidade está sempre na linha de chegada e nunca no percurso. Por que é tão difícil entender que os grandes gênios e pessoas bem-sucedidas não chegaram aonde chegaram sem falhar uma, duas, infinitas vezes?
Steve Jobs não nasceu já fazendo xixi no troninho, ele sujou várias roupas antes disso; as provas de humanas de Einstein eram uma negação, o que causou sua reprovação no vestibular, só sendo aceito dois anos depois. Enfim, as falhas são parte integrante do desenvolvimento e, principalmente, da vida, e por isso merecem ser reconhecidas. Não estamos falando para parabenizar a recuperação do seu filho, mas apenas para cogitar não reconhecer essa falha como algo negativo por causa de um pequeno fator:
A falta de entendimento
As crianças fazem xixi na cama por não terem o controle da urina durante o sono. É certo brigar por causa disso? Fora a condição biológica do próprio corpo, elas também não são capazes de entender completamente o quão é ruim limpar o colchão. Tirar boas notas na escola em todas as matérias… Se até Einstein pecava em algumas disciplinas, quem somos nós, meros mortais, para exigir a perfeição de nossas crianças? Antes de punir seu filho por uma recuperação, busque entender o que o levou a isso. Se forem simplesmente as horas a mais no videogame, ok, tome suas providências, mas e se ele tem dificuldade? E se ele não entende o que o professor fala? É o seu trabalho como pai cogitar isso.
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Perante essas duas reflexões da infância, período essencial para a formação do ser humano, eu te pergunto: é certo culparmos alguém por ter dificuldade em algo? É certo punir as falhas? Como seria se, ao invés de punir, passássemos a reconhecê-las com mais compaixão, como parte integrante do processo de desenvolvimento tanto profissional quanto humano e, mais do que isso, e se passássemos a valorizá-las? Afinal, quem entende que falhar é preciso também entende que o sucesso é inevitável.