Convivendo

Você não é o que te fizeram acreditar que você seria

Mulher sorrindo.
Andrea Piacquadio / Pexels
Escrito por Sara
Desde a infância, eu nunca consegui concordar com o papel da mulher na sociedade, eu me negava a aceitar que tinha nascido para ser “aquilo”, porque ao observar ao redor eu via homens serem moldados a heróis e vencedores, livres para ser o que eram, enquanto a mulher, bom, a mulher era a donzela em perigo cujo ápice da vida era encontrar o seu “herói” e dali para frente ser mãe, dona de casa, esposa, entre outros papéis que tornavam a vida do homem mais confortável. A pior parte de tudo isso era ver a frustração na voz de uma mulher que não conseguia atingir esse patamar dizendo: “Poxa vida, eu não fui capaz de conquistar um marido que me sustentasse!”.

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Enfim, tradições à parte, eu observava tudo aquilo e simplesmente não aceitava, porque eu queria ser o herói, o astronauta, o cientista, a pessoa livre. E esse embate me perturba desde então até hoje, pois ao mesmo tempo que eu quero tudo isso, eu fui condicionada a pensar que para ser plenamente feliz eu preciso de um marido, não um amor (que pode acontecer também com pessoas do mesmo gênero), mas um marido, homem e que seja o meu “porto seguro”.

Nisso, por muitas vezes, a minha personalidade foi colocada em jogo por mim mesma, afinal, como ser uma mulher se eu gosto de tudo o que é designado aos homens? Como me encaixar em uma sociedade e ser aceita por um rapaz sendo que eu não quero ser a moça que os homens procuram?

E então chegamos a uma das desconstruções, talvez uma das mais difíceis, que é aceitar que você não será necessariamente a mulher bem-sucedida de salto alto e unhas enormes, muito provavelmente não seguirá o roteiro estabelecido que inclui no pacote o casamento, os filhos, o romance infeliz pela convivência desgastada, entre outros itens que você consegue conferir como um check list na realidade das mulheres.

Aqui, eu falo de mulheres por ser a minha realidade, mas compreendo que homens também sofrem por condições impostas que são insuportáveis para muitos.
Voltando, graças ao roteiro que foi repetido em minha mente durante toda a vida e mais algumas adições de filmes e histórias que insistem em dizer que a mulher só será feliz com um homem do lado, eu idealizei que não conseguiria dar andamento na minha vida enquanto não encontrasse um “amor”, então fiz disso uma missão pessoal, mas isso me desgastou a vida inteira em um nível que hoje eu me questiono se isso seria mesmo sobre o amor.

Desde a adolescência, eu sempre estou apaixonada por alguém, não lembro qual foi a última vez em que não estivesse profundamente sofrendo por uma pessoa que normalmente não sentia o mesmo por mim, além disso, sempre me moldando à forma da pessoa para agradá-la, me desconectando totalmente de mim. Eu me perdi enquanto procurava a pessoa que me “completaria”.

Pois bem, das sincronicidades da vida, a de hoje foi a melhor e por isso que decidi escrever algo para expor tal coisa.

Da noite de ontem para hoje, eu cheguei no ápice da minha exaustão, mais uma vez, pelo motivo de lutar constantemente para viver um romance e encontrar o meu herói, porque sinceramente é exaustivo para caramba você passar 24 horas pensando em algo que não é real, buscando algo sólido em uma ilusão. Então, eu decidi que não moveria mais um dedo nem sacrificaria mais nenhum segundo da minha vida tentando encontrar o amor.

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Por “coincidência”, conversei com duas mulheres durante o dia, que me falaram coisas muito interessantes e me fizeram pensar que talvez eu não queira ser a esposa de alguém, tampouco seguir o roteiro da vida e que eu só me desgasto por isso porque acho que preciso disso, porque um dia alguém me disse que só é feliz quem segue o plano (que vamos combinar: é um plano bem chatinho!).

Além disso, uma delas ainda me questionou: “Imagina só: você ser uma guerreira intergaláctica aí e fica perdendo tempo de mimimi procurando romance?”.

Graças a isso, eu me lembrei da menina lá na infância que queria ser heroína, astronauta, lutadora de boxe e cientista, percebi o quanto eu perdi quem eu era tentando ser outra pessoa.

Por isso, eu escrevo agora para me lembrar, e talvez lembrar você que está lendo isso em algum momento do tempo, que isso aqui que nós vivemos é uma ilusão e tem muito mais por trás do véu do que podemos imaginar, você já deve ter ouvido: “Há muito mais entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia”.

Então, mulher, você não precisa ser a donzela! E você, homem, não precisa ser o machão insensível metido a herói, porque você, ser, pode ser o que quiser, o que sentir de ser e há infinitas possibilidades que você pode experimentar!

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Afinal, que graça tem seguir o padrão chatíssimo e entediante da 3D quando você pode ser absolutamente qualquer coisa que quiser? Nós somos o todo, nós somos Deus e nós somos a manifestação do poder divino, não podemos mais aceitar que nos coloquem em caixinhas que nos façam sentir menos do que infinitos.


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Sobre o autor

Sara

Sara é um personagem, um pseudônimo, de alguém que gostaria de compartilhar suas experiências sobre o despertar espiritual mas que ainda não tem o ego totalmente desconstruído a ponto de contar suas histórias com seu próprio nome.

Então, enquanto isso, tenho prazer de apresentar, por meio de Sara, os meus textos, reflexões e descobertas sobre um despertar espiritual.

Gratidão ?