Burnon é um termo relativamente novo que vem ganhando destaque nos últimos anos como uma descrição precisa de um estado de sobrecarga crônica relacionada ao estresse, principalmente no contexto do trabalho. Criado pelos psicólogos Timo Schiele e Bert te Wildt, da clínica psicossomática em Kloster Dießen, próximo a Munique, o conceito de Burnon oferece um conceito para entender os desafios enfrentados por aqueles que estão constantemente imersos em suas atividades profissionais.
Ao contrário do Burnout, que já é uma síndrome conhecida e bem documentada, o Burnon destaca uma dinâmica específica entre o indivíduo e seu trabalho. As pessoas afetadas pelo Burnon são frequentemente descritas como altamente apaixonadas por suas profissões, dedicadas ao ponto de se encontrarem constantemente “acesas”, mesmo após o expediente tradicional. Eles tendem a mergulhar profundamente em suas responsabilidades, muitas vezes sacrificando tempo pessoal e até mesmo compromissos sociais em prol do trabalho.
O elemento distintivo do Burnon é a persistência produtiva apesar da exaustão. Enquanto aqueles que sofrem de Burnout muitas vezes experimentam uma redução significativa na eficácia e na motivação no trabalho, os indivíduos com Burnon continuam a realizar suas tarefas com relativa competência, apesar do peso esmagador do estresse. Isso cria uma dinâmica única, onde os sintomas do Burnon podem passar despercebidos por um tempo significativo, já que a pessoa continua conseguindo manter um certo nível de desempenho.
Todavia, por mais que a produtividade possa ser mantida, os sintomas físicos e mentais do Burnon não devem ser subestimados. Tensões constantes, dores físicas, insônia e uma sensação persistente de sobrecarga são apenas algumas das manifestações comuns desse estado. A vida em um ciclo contínuo de trabalho sem pausas adequadas pode resultar em uma espiral descendente, onde a saúde física e mental do indivíduo é colocada em risco.
Uma das distinções mais importantes entre o Burnon e o Burnout é como os afetados se relacionam com o próprio trabalho. Enquanto aqueles com Burnout muitas vezes sentem uma desconexão emocional e mental em relação às suas responsabilidades profissionais, os indivíduos com Burnon mantêm uma forte identificação com o trabalho, muitas vezes alimentada por uma visão idealizada e até mesmo romântica de sua profissão. Isso pode dificultar a identificação precoce dos sintomas e a busca por ajuda adequada.
No entanto, é importante reconhecer que tanto o Burnon quanto o Burnout podem ter consequências graves para a saúde a longo prazo. A exaustão constante, seja ela manifestada como Burnon ou Burnout, pode levar a uma série de problemas físicos e mentais, incluindo distúrbios do sono, problemas cardiovasculares, ansiedade, depressão, entre outros.
Diante dessas considerações, é fundamental promover uma cultura de cuidado e apoio no ambiente de trabalho. Os empregadores têm um papel importante a desempenhar na criação de ambientes que incentivem o equilíbrio entre vida profissional e pessoal, promovendo pausas regulares, apoio emocional e acesso a recursos de saúde mental. Além disso, é essencial que os indivíduos estejam atentos aos sinais de sobrecarga e busquem ajuda profissional quando necessário.
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Em última análise, compreender melhor o fenômeno do Burnon e suas distinções em relação ao Burnout, é possível trabalhar para prevenir e mitigar os efeitos prejudiciais do estresse crônico no local de trabalho, promovendo assim o bem-estar e a saúde de todos os envolvidos.